Brasil

Em jogo abaixo dos reservas do Brasil, Martinelli foi quem melhor aproveitou para se apresentar como opção

O atacante do Arsenal foi o mais participativo (e efetivo) do time reserva que perdeu para Camarões

O Brasil correu um pequeno risco de ficar em segundo lugar no grupo e encontrar com Portugal nas oitavas de final. Tite rodou o seu elenco para enfrentar Camarões, e a Seleção não fez um grande jogo, por mais que tenha criado bastante, e foi derrotada pela primeira vez no Catar. Entre alguns nomes que decepcionaram, como Bruno Guimarães, Pedro e Éverton Ribeiro, Gabriel Martinelli aproveitou a chance para se apresentar como uma opção mais prioritária de segundo tempo durante o mata-mata – que começa na segunda-feira, contra a Coreia do Sul.

Se tem uma coisa que Martinelli não sente é o peso da ocasião. Desde que saiu do Ituano e chegou ao Arsenal, encara todas as partidas como se fossem iguais. Tem personalidade e coragem para partir para cima, arrancar e buscar o gol sempre que encontra o menor espaço. Não seria uma Copa do Mundo – muito menos uma partida de terceira rodada com o Brasil classificado – que mudaria a sua mentalidade.

Chegou ao Arsenal como um jogador completamente desconhecido na Inglaterra, mas não demorou para mostrar suas credenciais. Chegou a ter sequência como titular logo no primeiro ano. Firmou-se de fato na temporada passada, quando começou jogando 21 rodadas da Premier League, e hoje é um dos principais destaques de um time que lidera o Campeonato Inglês com um futebol ofensivo e vistoso.

Martinelli tinha a missão de mostrar tudo isso a Tite pela sua posição dentro da convocação. Foi a principal surpresa da lista porque havia feito apenas três jogos pela seleção, nunca como titular, contra Chile e Bolívia pelas Eliminatórias Sul-Americanas em março, e em amistoso contra o Japão, em junho. Deixou para trás nomes como Roberto Firmino, que teve importância maior ao longo do ciclo e é um atacante mais estabelecido.

O segundo problema de Martinelli é que suas características batem com as de outras peças que Tite convocou. É um atacante de velocidade, que carrega a bola, abre para o meio e chuta com perigo ou busca o passe. Para a esquerda, o Brasil tem Vinícius Júnior e, em outros tempos, era a posição favorita de Neymar. Também é o setor favorito de Richarlison quando ele joga pelos lados. Gabriel Jesus pode ser aberto. Para a direita, Raphinha e Antony não são jogadores tão diferentes.

Para superar essa suposta redundância, Martinelli teria que apresentar algo diferente e aproveitou a oportunidade contra Camarões para fazê-lo. Em 90 minutos, exigiu três defesas do goleiro Devis Epassy, mandou outra para fora e deu dois passes para finalização. Começou com uma cabeçada bonita, aos 14 minutos, bem espalmada pelo goleiro camaronês. Nos acréscimos, dominou na entrada da área e manteve a bola no pé até encontrar espaço para a batida de direita, novamente defendida por Epassy.

Epassy, aliás, não receberá um cartão de Feliz Natal da família Martinelli. Fez outra linda defesa de mão trocada no começo do segundo tempo, após o atacante do Arsenal arrancar, bem ao seu estilo, e abrir para o chute potente de perna direita. Ainda mandou uma cabeçada para fora nos minutos finais, quando o Brasil já lançava bola na área para tentar resgatar o empate.

Não dá para dizer que Martinelli fez o bastante para brigar para ser titular. Barrar Vinícius Júnior é quase impossível no momento e, se sobrasse para Raphinha, isso exigiria outras mudanças. Mas pelo menos fez o suficiente para subir na hierarquia dos reservas que, apesar da exibição abaixo do esperado nesta sexta-feira, compõem um grupo bem qualificado.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
Botão Voltar ao topo