Campeão pela Seleção, joia de 17 anos tem DNA do Grêmio e pode ser solução para problema antigo

Do lendário Airton Pavilhão à dupla Pedro Geromel e Kannemann — e ainda passando por Ancheta, De León e Adilson Batista —, o Grêmio forjou sua história sempre representado por grandes zagueiros. E o clube prepara em casa o próximo defensor a seguir a linhagem de atletas da posição.

Aos 17 anos, Luís Eduardo é um zagueiro para o futuro do clube. Futuro, aliás, que o torcedor gostaria que chegasse o quanto antes, dadas as atuações inseguras de alguns dos defensores da equipe de Mano Menezes.

— (O Geromel e o Kannemann) Dois monstros. Que são referências também aqui para a gente. Eu sou um cara mais técnico. Mas quando é para ir na raça também, eu dou tudo de mim. Tem que ser os dois. Principalmente a raça, né? Isso, desde a escolinha do Grêmio, no Cristal. Isso é algo que não dá para negar. Tem que lutar até o fim, é raça. É do clube há bastante tempo — Luís Eduardo.

O jovem zagueiro conversou com a Trivela em entrevista exclusiva recente. E em apenas 20 minutos de “resenha”, como ele mesmo gosta de chamar, Luís Eduardo demonstrou maturidade maior do que a sua curta idade poderia dizer.

Também pudera. O zagueiro nascido no Piauí precisou virar “adulto” cedo. Aos 13 anos de idade, em 2021, quando deixou a família para vestir a camisa Grêmio, ainda na escolinha do clube. Desde então, é obrigado a conviver com a saudade e com o inverno gelado do Rio Grande do Sul.

— Desde pequeno, eu sempre tentei puxar um pouco da responsabilidade. O professor falava que eu tinha que puxar a responsabilidade, ser um líder. Eu sempre tentei isso. Não só dentro de campo, mas também fora. E eu acabo sendo referência para eles (companheiros). Até a pedagoga, a Gisa, fala: “Você é a referência, tem que dar exemplo para eles” — afirma Luís Eduardo.

Capitão campeão pela Seleção

Tão referência, que Luís Eduardo vestiu a braçadeira de capitão não apenas no Grêmio, mas também na seleção brasileira. Inclusive para erguer uma taça.

O zagueiro acaba de ser campeão do Sul-Americano sub-17 pelo Brasil. O destaque foi tamanho, que o técnico Dudu Patetuci chegou a chamá-lo de “zagueiraço” em uma entrevista após o título.

— Toda criança, todo moleque de base que joga sonho entrar na Seleção. Eu pude estar realizando segundo esse sonho, de jogar uma competição tão importante o e poder ser campeão, é inexplicável isso. Eu sou grato ao Grêmio, por poder fazer isso acontecer. De chegar lá, dar o meu melhor, poder ser campeão, poder ser capitão, que é algo muito difícil — afirma o garoto.

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A arrancada que “mudou a vida” de Luís Eduardo

Mas o lance que “mudou a vida” de Luís Eduardo veio ainda antes de vestir a camisa e a braçadeira de capitão da Seleção no título do Sul-Americano.

No início deste ano, o zagueiro caiu nas graças da torcida do Grêmio por uma arrancada em que ele atingiu incríveis 38 km/h para evitar um gol do Red Bull Bragantino em um duelo decisivo pela Copinha.

— Até hoje os moleques falam, meus próprios amigos, também. Lá da minha cidade, falam: “Nossa, Luís, parecia que você tava correndo atrás de um gado”. O treinador até falou que a gente ganhou o jogo naquela arrancada. Foi ali que eu tive um reconhecimento da torcida. Porque é muito a cara do Grêmio. O Grêmio gosta muito de raça. E aquilo demonstrou um pouco — afirma Luís Eduardo.

ISSO É SER GRÊMIO! 🇪🇪 Ontem, o zagueiro Luis Eduardo mostrou o que é ter espírito Imortal, que não desiste nunca. Depois de uma arrancada espetacular, ele salvou o que seria o terceiro gol do Bragantino. Na sequência, empatamos a partida e garantimos a classificação na… pic.twitter.com/UbY5oOcEHa

— Grêmio FBPA (@Gremio) January 18, 2025

Estreia como profissional

Não foi à toa que o garoto recebeu a chance de estrear “na fogueira” como profissional dias mais tarde. Luís Eduardo fez seu primeiro jogo pelo time principal do Grêmio na vitória por 1 a 0 sobre o Ypiranga, na última rodada da primeira fase do Campeonato Gaúcho.

O zagueiro entrou como lateral após a expulsão de João Lucas. E teve bom desempenho, a ponto de ser reconhecido por Gabriel Grando no discurso do goleiro no vestiário após a partida.

— Foi sensacional. Eu me lembrei de tudo que eu passei pra poder estar lá. A única coisa que eu pensei foi me chorar e foi gratidão também, né? Não é outra palavra — Luís Eduardo.

Plano para o futuro

Luís Eduardo ainda se recupera de uma lesão no ombro, sofrida pela Seleção na disputa do Sul-Americano. A expectativa do garoto é voltar aos gramados para mostrar seu potencial para o técnico Mano Menezes. E, quem sabe, retornar ao time principal ainda em 2025.

— Seria oportunidade única. Trabalhar para isso, para acontecer essa oportunidade de novo. Estamos ai para evoluir dia após dia. Depois que a gente sente o gostinho (de estar no profissional)… Quero estar lá de novo. Lá é um lugar espetacular. A convivência, tudo — diz o esperançoso Luís Eduardo.