Gabigol e Luciano travam duelo de camisas 10 polêmicos e decisivos por Flamengo e São Paulo

Eles são polêmicos, artilheiros de gols decisivos e vestem a camisa 10. Têm personalidades fortes, são líderes do elenco e sabem bem como inflamar a torcida – especialmente, a torcida rival. Em lados opostos, Gabigol, do Flamengo, e Luciano, do São Paulo, travam um duelo à parte na final da Copa do Brasil. O primeiro encontro será já neste domingo (17), às 16h (horário de Brasília), no Maracanã. A volta está marcada para o domingo seguinte, no mesmo horário, no Morumbi.

De tão parecidos, um já serviu de exemplo para o outro em uma entrevista recente – claro, cercada de muita polêmica. O camisa 10 são-paulino citou o camisa 10 rubro-negro para dizer que o “futebol está acabando”. Foi logo após Luciano ter recebido o terceiro amarelo por comemorar um gol chutando a bandeira de escanteio na Neo Química Arena, em clássico contra o Corinthians pela ida da semifinal. Dias antes, Gabigol havia sido amarelado após uma comemoração de gol na Arena da Baixada, contra o Athletico.

As semelhanças entre os dois, aliás, param por aí. Enquanto Gabigol empilha títulos com a camisa do Flamengo e já pode ser considerado um dos maiores jogadores da história do clube, Luciano tem apenas uma conquista pelo São Paulo – o Paulistão de 2021.

Primeiro ano com a 10 não trouxe boas memórias a Gabigol

O 2022 de Gabigol foi tão vitorioso quanto 2019, mesmo que tenha sido menos protagonista, com a ascensão de Pedro a Rei da América. O gol na final da Libertadores, que garantiu mais um título ao Flamengo, fechou com chave de ouro uma temporada de gala. Gabi ainda recebeu a camisa 10 de Diego Ribas no trio elétrico, verdadeiro sucessor e ídolo de uma Nação, que xingou Tite junto com o atacante, preterido na convocação para a Copa do Mundo. Tudo estava bem, até que não estava mais.

2023 até que começou normal para Gabi, com gols na final da Supercopa do Brasil — que o Flamengo perdeu para o Palmeiras por 4 a 3 —, além de mais tentos no Campeonato Carioca. Fevereiro foi o último grande mês do atacante pelo Flamengo, com bolas nas rede em quatro jogos consecutivos, incluindo o Mundial de Clubes. A partir daí, no entanto, Gabriel viveu seu maior jejum pelo Rubro-Negro, com 10 jogos marcar, mais de dois meses. A seca só caiu em abril, na estreia do Campeonato Brasileiro, diante do Coritiba, no Maracanã.

De lá para cá, o atacante viveu mais baixos do que altos pelo Flamengo. Ele até chegou a marcar em jogos consecutivos duas vezes: em maio, contra Racing, Athletico Paranaense e Bahia, e julho, diante de Fortaleza e o mesmo rubro-negro do Paraná. Um terço dos gols do atacante foi marcado de pênalti, algo que indica a falta de mobilidade, cada vez mais presente no jogo de Gabi.

Ao todo, Gabriel marcou 20 gols em 47 partidas, uma média em torno de 0,43 por jogo, além de ter distribuído quatro assistências. Dessa forma, é inegável dizer que Gabigol está um nível abaixo das últimas temporadas. Considerado pelas estatísticas o centroavante mais ineficiente do Campeonato Brasileiro, Gabigol vive momento conturbado e foi expulso às vésperas da final da Copa do Brasil.

Números de Gabigol com a camisa do Flamengo

*Números do site O Gol

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Poder de decisão é esperança para Gabigol na final

Mesmo com a temporada ruim, Gabigol segue sendo uma esperança para o Flamengo na final da Copa do Brasil. O atacante parece se transformar em decisões pelo clube e, ainda que a má fase seja nítida, o torcedor nunca vai desistir depois daquilo que ele fez em Lima. Gabriel já marcou 14 gols em nos palcos mais importantes que o Rubro-Negro disputou desde 2019.

Gabigol em finais pelo Flamengo:

• Carioca 2019: Não marcou, mas foi campeão
• Libertadores 2019: Dois gols e título
• Mundial 2019: Não marcou e foi vice
• Carioca 2020: Não marcou, mas foi campeão
• Supercopa do Brasil 2020: Gol e título
• Recopa Sul-Americana 2020: Gol e título
• Supercopa do Brasil 2021: Gol e título
• Carioca 2021: Três gols e título
• Libertadores 2021: Marcou gol, mas foi vice
• Supercopa do Brasil 2022: Marcou gol, mas foi vice
• Carioca 2022: Marcou gol, mas foi vice
• Libertadores 2022: Gol e título
• Copa do Brasil 2022: Não marcou, mas foi campeão
• Supercopa do Brasil 2023: Dois gols, mas foi vice
• Recopa Sul-Americana 2023: Não marcou e foi vice
• Campeonato Carioca 2023: Não marcou e foi vice
• Copa do Brasil 2023: ?

Luciano vive ano mais “completo” pelo São Paulo

Em 23 de dezembro de 2022, o São Paulo antecipou o Natal de Luciano ao lhe presentear com a camisa 10. Um presente que virou prenúncio para o que seria o 2023 do atacante. A mudança foi bem maior do que o mero número às costas. Ele se transformou, também, em  um jogador mais completo em campo, mesmo que o início de temporada tenha sido bem abaixo do habitual.

Com a 10 às costas, Luciano passou a ser escalado como meia por Rogério Ceni e teve dificuldades na função. Prova disso é que ele mesmo já deu uma resposta irônica em entrevista recente, quando perguntado se poderia atuar como meia com Dorival Júnior. O atacante é, talvez, o jogador que mais cresceu com a troca de comando. Saltou de dois gols e duas assistências em 16 jogos com Ceni, para oito gols e seis assistências em 32 jogos com Dorival.

Mas são outros números absolutos de 2023 que mostram como Luciano vive sua temporada mais completa pelo São Paulo. O atacante soma 10 gols oito assistências em 48 jogos. É o vice-artilheiro, atrás de Calleri, e um dos líderes em assistências, ao lado de Wellington Rato. Ele divide com o centroavante argentino o posto de jogador com mais participações em gols no elenco – são 18 para cada.

Com 18 jogos por disputar, o atacante está a 10 participações em gols de igualar a sua melhor temporada desde que chegou ao clube, em 2020. Foi logo em seu primeiro ano: ele marcou 21 gols e deu sete assistências, com um total 28 participações. Mas 2023 já é o ano em que ele mais deu assistências na carreira.

Números de Luciano pelo São Paulo

*Números do site ogol

Sempre decisivo, Luciano quer segundo título

Luciano tem apenas um título pelo São Paulo – o Paulistão de 2021 –, mas conquistou a torcida por seu poderio em decisões. O atacante não costuma se omitir e chama para si a responsabilidade em duelos de mata-mata. Prova disso é que ele tem 18 gols e nove assistências em 43 jogos eliminatórios pelo Tricolor. Ele é o quinto artilheiro da história do clube em partidas decisivas.

Artilheiros do São Paulo em mata-matas

1. Luís Fabiano – 55 gols em 80 jogos
2. França – 36 em 68 jogos
3. Raí – 25 em 75 jogos
4. Rogério Ceni – 19 em 245 jogos
5. Luciano – 18 em 43 jogos