Brasil

Como Esquerdinha foi da escolinha do clube ao time principal do Fluminense

Destaque do projeto 'Guerreirinhos', lateral-esquerdo contou com sonho do pai para virar joia de Xerém e ganhar chances com Mano Menezes

O Fluminense está longe de viver uma boa fase em campo. Quando é assim, a solução costuma ser a mesma no clube: Xerém. De lá saiu o lateral Esquerdinha, considerado uma joia nas divisões de base. O jovem de 18 anos cumpriu um caminho ainda mais longo, desde as escolinhas oficiais do Tricolor.

Foi no projeto Guerreirinhos, em São Gonçalo, que João Henrique Mendes da Silva se tornou Esquerdinha. O lateral que começa a receber chances com Mano Menezes, mas sempre confiou no próprio potencial. Tanto que, ainda criança, fez o pai, Henrique, confiar no sonho que tinha.

— Além de ser o sonho do Esquerdinha, enxerguei ali a possibilidade de sair um pouco da realidade que vivíamos dentro da favela — afirmou Henrique à Trivela.

Pai queria Esquerdinha longe do tráfico e fez hotel em Xerém

O maior medo de Henrique era que seu filho fosse mais um jovem cooptado pelo tráfico de drogas no bairro onde viviam, o Boaçu, em São Gonçalo.

— O futebol foi uma maneira de salvação da nossa família. Uma maneira de criarmos uma nova realidade — afirmou o pai.

Esquerdinha pode ganhar chance na lateral-esquerda do Fluminense - Foto: Icon sport
Esquerdinha pode ganhar chance na lateral-esquerda do Fluminense – Foto: Icon sport

Quando Esquerdinha foi aprovado nos testes, ele não pensou duas vezes em trocar a cidade por Xerém, onde ficam as divisões de base do Fluminense.

Para isso, precisou deixar sua casa e seu emprego. Henrique, então, transformou o problema em uma solução para ele e para outros pais: criou um “hotel” próximo ao CT do Vale das Laranjeiras.

— No lugar onde morava, criei uma estrutura parecida com um hotel e ficava com os garotos que estavam em busca do sonho de jogar no Fluminense e os pais não podiam ficar com eles. Além do teto, ficava como responsável — contou.

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Destaque no sub-17 e promessa de Seleção ao avô

A história de Esquerdinha lembra um pouco a de seu ídolo e companheiro Marcelo. Isso porque, além do sacrifício do pai, ele também fez uma promessa a seu avô, Delicio: jogaria com a camisa 6 da seleção brasileira.

O patriarca viu Esquerdinha atuar pela amarelinha nas divisões de base, como na Copa do Mundo sub-17, quando foi titular da posição no time que tinha Estêvão, do Palmeiras, e Kauã Elias, entre outros destaques.

 

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Seu Delicio, que morreu em 2022, não poderá ver João Henrique no time titular do Fluminense, mas inspirou o jovem a seguir em frente. No mesmo ano, Esquerdinha assinou o primeiro contrato profissional com o Fluminense, que vai até 2026, com multa rescisória de 70 milhões de euros.

Agora, ele é opção para Mano Menezes e já correspondeu: de sua perna esquerda saiu o cruzamento para o gol de empate do Flu contra o Criciúma, marcado pelo amigo de geração Kauã Elias.

Destaque nos treinos, Esquerdinha impressiona Mano Menezes

Esquerdinha estreou pelo Fluminense em 2023, na derrota por 1 a 0 para o The Strongest, na Bolívia, ainda na fase de grupos da Libertadores.

O lateral-esquerdo se tornou campeão da competição ainda aos 17 anos, e também levantou o título da Recopa Sul-Americana, já que estava inscrito, mas não recebeu mais chances com Fernando Diniz. Destaque nos treinamentos, entretanto, ele impressionou Mano Menezes. E seguirá sendo utilizado.

 

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Opção de velocidade, o jovem de 18 anos disputa a vaga de reserva do ídolo Marcelo, pela esquerda, com Diogo Barbosa, que não agradou tanto nas oportunidades que teve. Uma recompensa e tanto para os sonhos de seu pai e seu avô.

Foto de Caio Blois

Caio BloisSetorista

Jornalista pela UFRJ, pós-graduado em Comunicação pela Universidad de Navarra-ESP e mestre em Gestão do Desporto pela Universidade de Lisboa-POR. Antes da Trivela, passou por O Globo, UOL, O Estado de S. Paulo, GE, ESPN Brasil e TNT Sports.
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