Brasil

Perto de eleição, compra de clube português coloca fogo nos bastidores do Flamengo

Farpas entre situação e oposição esquentam o debate sobre o Leixões, alvo do Rubro-Negro para expandir a marca na Europa

Depois de conquistar o Brasil e a América, o Flamengo vai atrás do mundo. E não estamos falando do Mundial Interclubes da Fifa, mas da internacionalização da marca rubro-negra ao redor do globo. Para isso, o plano de Landim e companhia é adquirir a SAF do Leixões, equipe tradicional, porém de pouca expressão em Portugal.

Apesar do plano parecer interessante para o clube, o assunto já se tornou munição para a corrida eleitoral, que esquenta os bastidores do Flamengo. Situação e oposição trocam farpas por algo que ainda vai ser discutido no Conselho Deliberativo e, caso aprovado, avançará.

Toma lá, dá cá nos bastidores do Flamengo

Desde que os primeiros contatos foram divulgados, o ambiente do Flamengo tem gerado um burburinho grande sobre a compra do Leixões. Primeiro, era a falta de um projeto consolidado a ser apresentado, mas, conforme as informações apareceram, os ataques se tornaram mais pessoais.

Em tempo, com a exceção de Rodrigo Dunshee, principal aliado de Landim, todos os outros candidatos à presidência são contrários à aquisição da SAD do Leixões. Maurício Gomes de Mattos e Wallim Vasconcellos já se posicionaram, embora as falas mais ríspidas tenham sido de Luiz Eduardo Baptista, o BAP, e aliados.

Dunshee Flamengo
Rodrigo Dunshee lidera as pesquisas da eleição do Flamengo (Foto: Divulgação/CRF)

— Vai internacionalizar a marca do Flamengo comprando um clube da segunda divisão de Portugal. E nós que fazemos piada com portugueses… Tolice. O que vai internacionalizar a marca do Flamengo é pegar o sinal da Globo, que esse contrato de transmissão televisão permitiu, e levar o sinal do Flamengo para qualquer buraco do mundo que queira assistir a gente. Segunda divisão de Portugal? Isso é tolice! — detonou BAP, em entrevista ao Coluna do Fla.

O Flamengo, inclusive, emitiu uma nota oficial — que você pode ver no fim desta matéria — criticando as atitudes de algumas figuras do clube, como Rodrigo Tostes e Cláudio Pracownick, ex-vices de finanças.

A dupla, inclusive, chegou a idealizar a compra do Tondela, outro clube português, mas não avançou. Rodolfo Landim criticou bastante esse movimento da dupla.

— Acho curioso que o Tostes e o Bap sejam contra esta operação sem custos. O Tostes foi um dos principais idealizadores e defendeu a compra de outra equipe em Portugal por mais de 20 milhões de euros, valores bastante elevados, e com a participação da empresa de outro apoiador atual deles, o Claudio Pracownik, através de sua empresa Win The Game. Opinião bem contraditória essa deles. Me parece somente uma posição eleitoreira, de quem se vê atrás na corrida eleitoral para presidente e pode enxergar essa movimentação como um ganho político em relação ao candidato da situação — disse, em entrevista ao ge.

O Leixões, que joga a segunda divisão de Portugal (Foto: IMAGO / Maciej Rogowski)
O Leixões, que joga a segunda divisão de Portugal (Foto: IMAGO / Maciej Rogowski)

O que a Trivela sabe sobre a compra do Leixões?

Tudo bem encaminhado. O Flamengo quer adquirir 56% da sociedade anônima do clube português e já conta com o apoio da torcida, embora desejem que a identidade visual da equipe não sofra alterações. Em primeiro momento, os rubro-negros pretendem manter como tudo está.

Em primeiro momento, o Flamengo não arcaria com custos pela compra, mas precisaria acertar as dívidas de curto prazo do Leixões, que giram em torno dos 5 milhões de euros (R$ 30 milhões). Como mencionado, a proposta ainda precisa ser encaminhada ao Conselho Deliberativo, que votará a aprovação.

— Sim. Temos essa ideia, mas devemos fazer isso com prudência. Por isso, primeiramente, se o Conselho Deliberativo aprovar, vamos iniciar uma operação estruturada sem riscos com o Leixões, que servirá também como experiência para darmos outros passos maiores. Através de muita governança e gestão, triplicamos a receita do clube e entregamos lucros recordes, mas precisamos pensar fora da caixa para aumentar ainda mais nossa receita, nossa imagem e atuar em novos mercados com moedas mais fortes — finalizou Landim.

Veja a nota oficial do Flamengo na íntegra

“O Conselho Diretor do Clube de Regatas do Flamengo vem a público manifestar seu repúdio às insinuações irresponsáveis e mentirosas a respeito do possível acordo de operações com o clube português Leixões.

A atual administração entende que o tamanho e a força da marca do Clube o credenciam para pensarmos sempre em um Flamengo ainda maior.  

O processo eleitoral não pode permitir que os postulantes façam ilações ou acusações irresponsáveis, sem quaisquer indícios ou provas, e sem, ao menos, conhecer os termos e condições da operação que está sendo negociada.

É importante destacar que a operação, como vem sendo planejada, acarretará um contrato muito diferente e mais benéfico ao Flamengo do que a proposta apresentada, no passado, pelos Srs. Rodrigo Tostes e Claudio Pracownik, quando estes lideraram e foram os maiores incentivadores do projeto para aquisição do controle societário de um outro clube português por parte do Flamengo (o “Tondela”). 

Na ocasião, a compra do Tondela seria intermediada e assessorada por uma empresa dirigida pelo Sr. Claudio Pracownik, e demandaria o pagamento de milhões de Euros, dos quais relevante parte seria paga pelo Flamengo, e ficando ajustado, ainda, que a empresa do Sr. Claudio Pracownik exerceria a gestão do negócio por, no mínimo, um ano e receberia uma elevada remuneração pela assessoria na operação societária e pela gestão do negócio.

O projeto que este Conselho Diretor vem negociando para o Leixões se mostra totalmente diferente e mais benéfico ao Clube. A parceria que está sendo negociada colocaria o Flamengo como administrador do clube por três anos, sem a aquisição imediata de participação societária, o que evitará o direcionamento para o Flamengo de eventuais prejuízos ou passivos do Leixões e dispensará a necessidade de pagamento imediato para a compra das ações daquele Clube. 

Este contrato para a possível parceria, que será apresentado ao Conselho Deliberativo (“CODE”) para aprovação, dará ao Flamengo uma possível opção de compra após um período de operação (três anos). De igual maneira, o exercício desta opção de compra do Leixões poderá ou não ser levada ao CODE, pelo próximo presidente do Clube, após a análise dos resultados e das diligências que serão realizadas durante o período de gestão do Leixões pelo Flamengo

Ou seja, diferentemente do caso Tondela, a negociação do Leixões não envolve nenhum dispêndio obrigatório de valores para a compra das ações.

Assim que terminarmos de discutir os últimos pontos do contrato, ele será submetido para o CODE, que poderá ver e deliberar acerca desta oportunidade que se abre para o Flamengo no exterior.

Por fim, gostaríamos de registrar nossa visão que, apesar de estarmos vivendo um período eleitoral, não podemos aceitar falas irresponsáveis e mentirosas de pré-candidatos e seus apoiadores. Tais atitudes só servem para manchar a imagem institucional do Flamengo perante o mercado e nossos parceiros. 

As pessoas precisam entender que o Flamengo é muito maior do que elas e que todo rubro-negro deve pensar mais no nosso Clube do que em seus interesses pessoais.”

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
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