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Esporte Interativo vira TNT Sports e integra canais da Argentina, Brasil e Chile

Nome já era usado na Argentina e faz parte da nova estratégia do grupo Warnermedia, da qual o Esporte Interativo faz parte

O Esporte Interativo mudou de nome. Neste sábado, já foi possível começar a ver as marcas do grupo mudaram para TNT Sports, nome escolhido na Argentina e que vai integrar o grupo Warnermedia na América Latina. O nome, inclusive, já era usado na Argentina, que passa a ter uma colaboração maior. No Chile, o canal CDF também adotou a marca TNT Sports. O EI Plus, canal de streaming pago do grupo, passa a se chamar Estádio TNT Sports. A nova identidade foi anunciada em comunicado da empresa neste domingo.

Os direitos de transmissão são os mesmos e a mudança é apenas na marca. O canal tem os direitos da Champions League, do Campeonato Italiano e oito times do Campeonato Brasileiro, com direito a transmitir os jogos entre eles. Além disso, também transmite a Nations League, competição de seleções da Uefa, as Eliminatórias da Eurocopa, e as Eliminatórias da Copa na Europa e América do Sul. As transmissões continuam acontecendo nos canais TNT e Space, que fazem parte do grupo Warnermedia, além do novo Estádio TNT Sports, o canal de streaming pago do grupo.

A marca foi criada na Argentina e, assim como o grupo Disney passa por mudanças comandadas pelo time na Argentina, o mesmo acontece com a Warnermedia, que usa a marca mais forte, da TNT, para criar um braço esportivo com o nome do canal.

Na Argentina, a TNT Sports tem os direitos do Campeonato Argentino, dividido com o grupo Disney, além da Copa Argentina e do Torneio de Verão do país – nesta temporada não disputada pelo calendário maluco que vivemos. O canal argentino ainda possui os direitos do Mundial de Clubes, que compartilha com o Chile, via o antigo CDF. O Campeonato Chileno, que a CDF possui, também é transmitido pelos canais da Argentina e do Brasil (por aqui, alguns jogos já vinham sendo transmitidos pelo EI Plus, agora Estádio TNT Sports).

História do Esporte Interativo

Criado em 2004, o então Esporte Interativo surgiu da agência TopSports e fazia parceria com emissoras. Começou pela RedeTV! e transmitia eventos como a Premier League, Champions League e NBA. Depois de conflitos com a rede de TV, a parceria mudou de casa e foi para a Bandeirantes, com Champions League, La Liga, Premier League e Serie A Italiana.

Foi em 2007 que o canal começou a voar solo. Virou um canal UHF, além de também ser um canal via satélite, chegando à maior parte do território brasileiro. No seu quinto aniversário, renovou seu contrato com a Champions League, passou a ter direito também à Liga Europa e à Supercopa. Abriu também um estúdio em São Paulo na época.

Em 2012, o Esporte Interativo criou o EI Plus, a sua plataforma de VOD (vídeo on-demand). No ano seguinte, a Turner comprou 20% da emissora. O grupo é dono de canais como a CNN, Cartoon Network, TNT e Boomerang, que fazem parte do cardápio das TVs por assinatura.

Um passo importante foi dado em 2014. O Esporte Interativo criou um canal regional, o Esporte Interativo Nordeste, dedicado ao futebol da região e que comprou seis campeonatos estaduais para transmitir. Além disso, comprou com exclusividade a Copa do Nordeste.

Compra da Champions League e briga para entrar na TV por assinatura

Durante a temporada 2014/15 da Champions League, uma notícia chacoalhou o jornalismo esportivo: o Esporte Interativo venceu a concorrência e comprou os direitos da Champions League, por três temporadas. Com isso, desbancou uma hegemonia de 20 anos da ESPN Brasil, que detinha os direitos de transmissão e fez uma proposta conjunta com o grupo Globo para dividir os direitos com o SporTV. Contamos, em novembro de 2014, os bastidores de como o Esporte Interativo conseguiu os direitos da Champions League. Com a principal competição de clubes da Europa no cardápio, a batalha passou a ser para entrar nas TVs por assinatura.

Em 2015, a Turner comprou 100% do canal e passou a controlá-lo. Foi lançado o Esporte Interativo Max (ou EI Max), que estreou no dia 25 de julho. Em agosto, o canal começou a entrar nas operadoras, mas foi uma batalha. Em agosto ainda daquele ano, o Esporte Interativo Nordeste se tornou o segundo canal da emissora, o EI Maxx 2.

A Turner negociou duramente para colocar os canais nas duas maiores operadoras do país, Net (atual Claro) e Sky. Foi quase um ano de disputa, contando com o que acontecia com o Esporte Interativo Nordeste, que também não foi incluído de primeira. A divergência para que os canais entrassem na grade era simples: dinheiro.

A Turner queria um calor mínimo por assinante que estava acima do que as operadoras queriam pagar e pagavam para outros canais, já tradicionais. A negociação se arrastou, fazendo com que muitos jogos da Champions League, principal produto da emissora, ficassem só no EI Plus.

Foi só em janeiro de 2016 que finalmente um acordo foi fechado e os canais entraram na Net. O acordo com a Sky demorou um pouco mais. Foi só em agosto de 2016 que a operadora entrou em acordo com o canal e passou a integrá-lo na sua grade a partir de setembro. Ironia do destino, a AT&T, dona da Directv (que opera a Sky no Brasil) compraria a Time Warner (que se tornou Warnermedia) em 2018, que é dona da Turner.

O fim dos canais Esporte Interativo e o início das “Superstations”

A fusão causou consequências. Em dezembro de 2018, a Turner surpreendeu ao anunciar o fim dos canais Esporte Interativo, que ficaram dois dias passando reprises. A empresa migrou o seu conteúdo esportivo para a TNT e o Space, transmitindo jogos e alguns programas pelos canais de entretenimento, um conceito de “Superstation”, usado em outros países, mas até então inédito na TV por assinatura do país. Contamos aqui sobre o fim dos canais Esporte Interativo e por que aquilo aconteceu. Cerca de 250 pessoas foram demitidas na época, gerando, claro, muita apreensão.

A ideia, porém, vingou. O Esporte Interativo manteve suas transmissões na TNT e Space. Conseguiu adicionar ao seu cardápio de eventos, em 2020, as Eliminatórias da Copa na América do Sul – depois da Globo romper o contrato, discordando dos valores – e do Campeonato Italiano. A exibição das Eliminatórias da Copa na América do Sul é fruto de um acordo com a empresa que negocia, individualmente, os direitos de 8 das 10 seleções. Só Brasil e Argentina conseguiram vender todos os seus jogos como mandantes (no Brasil, pertencem ao grupo Globo).

Sem ter onde transmitir, o EI Plus surgiu como alternativa para a primeira e segunda rodadas do Brasil fora de casa. O primeiro deles, Peru x Brasil, teve exibição da TV Brasil também, a pedido do governo Jair Bolsonaro. No segundo jogo, contra o Uruguai, a EI Plus foi o único canal a passar o jogo contra a seleção charrua em Montevidéu.

O Esporte Interativo seguia transmitindo jogos pela TNT e Space, incluindo o Brasileirão. Os direitos adquiridos com os clubes brasileiros valem até 2024. Os direitos do Campeonato Italiano, adquiridos no fim de 2020, valem só até o final desta temporada 2020/21. Os direitos da Champions League acabam nesta temporada e a agência que faz a concorrência já convocou, além do agora TNT Sports, a Globo, SBT e o grupo Disney. Há interesse do grupo Globo em voltar a exibir a Champions League na TV aberta e passar a exibir também na TV fechada. O grupo Disney também quer retomar a transmissão, que já exerce em outros países da América Latina.

Agora, com mais integração na América Latina, o grupo TNT Sports ganha força para negociar por novos direitos, além de poder contar com equipes nos três países, Argentina, Brasil e Chile. Resta saber como serão os próximos passos.

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Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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