Brasil

Espanholização é coisa para a Espanha

Quem pregava a tese de que o Brasil seria uma versão tropical de Real x Barça no futebol, está quebrando a cara

Há alguns anos começou a circular a tese de espanholização do futebol brasileiro. Quem a defendia afirmava que caminhávamos para uma realidade em que apenas duas equipes concentrariam a briga por títulos, como ocorre com os gigantes Real Madrid e Barcelona, na Espanha.

A origem da tese não me recordo ao certo quando aconteceu. Espero não estar errado, mas creio que começou com a grande fase do Corinthians sob Tite, logo após um período de supremacia do São Paulo de Muricy. A argumentação ganhou força com o crescimento de Flamengo e Palmeiras nas últimas temporadas.

Felizmente, o futebol brasileiro tem derrubado essa tese ano após ano. Por mais que Palmeiras e Flamengo estejam sendo dominantes, há o São Paulo capaz de conquistas, o Fluminense que levou a Libertadores de 2023, o Atlético Mineiro com um tremendo elenco e ganhador de taça, o Athletico Paranaense com seu projeto particular de futebol, e Botafogo, Fortaleza e Bahia tentando entrar para esse clube seleto. Não custa lembrar que o Grêmio de Renato, há menos de uma década, estava forte e vencedor.

O ciclo de altos e baixos faz com que forças como Internacional, Cruzeiro, Corinthians e Santos enfrentem sérios problemas na atualidade. Ao que parece, a Raposa está retomando seu caminho com a aposta em uma gestão que mistura a visão empresarial com o coração de torcedor de seu dono. Como o rival Galo.
Não há orçamento que se imponha no Brasil. Taí o Corinthians, para provar que não basta arrecadar muito para estar sólido.

Os vários projetos no futebol brasileiro

Felizmente, existem muitas ideias e projetos de futebol diferentes. Desde modelos empresarias que ainda carecem de vigor esportivo, como o do Red Bull Bragantino, passando por projetos pessoais como Athletico Paranaense, Cuiabá e Atlético Goianiense, e as Sociedades Anônimas de Futebol.

Cada uma com sua particularidade.

O Fortaleza aposta em gestão própria de SAF. O Bahia é do poderoso Grupo City, o Botafogo pertence a uma holding que tem times na França, Inglaterra e Bélgica. O Vasco parece ter se metido numa furada. Flamengo e Palmeiras arrecadam fortunas com seus modelos de gestão sem fins econômicos. São Paulo e Fluminense estão se reposicionando também com projetos baseados no padrão vigente.

Todos estão na disputa.

O Palmeiras, ainda que fora das Copas, segue vivo na busca pelo tricampeonato brasileiro. Flamengo está firme e forte em três frentes, como o São Paulo. Se o Brasileiro está ruim para o Galo, as Copas seguem muito vivas. O Fortaleza e o Bahia são potências nacionais indiscutíveis.

Além deles, temos as agradáveis surpresas que o futebol brasileiro teima em proporcionar, como um revigorado Juventude, que busca a segunda Copa do Brasil.

Sem esquecer da incrível disputa da Série B, na qual o Santos sofre ante rivais com projetos interessantes de futebol, como Novorizontino e Mirassol, e rivais tradicionais como Vila Nova, América, Avaí, Goiás, Ceará e Sport.
Felizmente, a espanholização por aqui não deu liga.

Foto de Mauricio Noriega

Mauricio Noriega

Colunista da Trivela
Botão Voltar ao topo