Brasil

Unidos por Mourinho e Deyverson, Abel e António Oliveira jogam Dérbi de contrastes e muitas coincidências

Treinadores de Palmeiras e Corinthians, Abel Ferreira e António Oliveira se enfrentam pela primeira vez comandando os arquirrivais

Abel Ferreira nunca foi craque como jogador. Mas, com a camisa do Sporting, o esforçado lateral-direito chegou a ser convocado para a seleção portuguesa.

Já António Oliveira foi bem menos longe. Tanto que, aos 29 anos, o zagueiro que começou no sub-8 do arquirrival Benfica já dava adeus às chuteiras e começava a estudar para ser técnico.

Hoje, as situações dos treinadores portugueses de Palmeiras e Corinthians, que se enfrentam às 18h, na Arena Barueri, pelo Campeonato Paulista, de certo modo, ecoam um pouco suas vivências como atletas.

O Abel técnico foi bem mais longe do que o Abel jogador – assim como o António treinador superou em muito o zagueiro e ainda tem espaço para crescer. Mas a distância entre eles, no momento, em termos de conquistas e história, é comparável.

Mesmo com tantas diferenças, os dois têm hoje dois gigantes sob seus comandos. As coincidências não param por aí. E vão de José Mourinho e Deyverson.

Motivação e padrão tático

António Oliveira é apresentado oficialmente como treinador do Corinthians (Foto: Agência Corinthians)

Abel Ferreira tem o grupo do Palmeiras nas mãos. Sua ascendência sobre os jogadores, com os quais trabalha, em sua maioria, há quatro temporadas – e com os quais ganhou nove títulos -, é incontestável e perceptível.

Até por isso, Abel conseguiu incutir no grupo muito de seu espírito de garra, disciplina e dedicação. Abel sabe motivar os atletas como poucos. Já quanto ao futebol do time, nem é preciso falar muito. Cada passe, cruzamento, chute ou ação defensiva do Palmeiras traz a marca registrada de uma equipe muito bem treinada.

António Oliveira assumiu o comando técnico do Corinthians há uma semana. E, desde então, muita coisa já mudou. O Corinthians, que não vencia há cinco jogos, engatou duas vitórias seguidas diante da Portuguesa e do Botafogo-SP.

Os dois resultados favoráveis deram ânimo e expectativa para que o Timão conseguisse ainda lutar por uma classificação. E tudo isso passa inevitavelmente pela volta do padrão tático que há muito havia se perdido.

Para além do trabalho que o treinador português faz dentro do campo, fora dele também houve mudanças. O Corinthians antes demonstrava certa apatia e um psicológico abalado. E mesmo com pouco tempo de trabalho, António tem conseguido resgatar essa confiança.

Segundo a reportagem da Trivela apurou, o clima mudou desde a troca da comissão técnica. Os jogadores alvinegros estão visivelmente mais leves e empenhados para desenvolver o trabalho.

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Primeiro Dérbi de um, 12º do outro

Abel Ferreira reclama da arbitragem em Palmeiras x Fluminense no Brasileiro de 2023 (Foto: Cesar Greco/Palmeiras/ By Canon)

O Dérbi deste domingo (18) é o primeiro Palmeiras x Corinthians de António no banco de reservas. E sabendo das dificuldades da partida – e principalmente da disparidade entre o entrosamento dos dois times -, o português alvinegro tentou amenizar a pressão:

— São apenas três pontos, dentro de uma caminhada longa que temos pela frente. Uma temporada recheada de jogos e competições na qual queremos estar até o fim. Acaba por ser mais um jogo (o Dérbi) que vem aí no domingo, acarreta uma carga emocional mais ao torcedor, e sabemos a responsabilidade, sabemos que em qualquer competição que entremos, temos que entrar para ganhar.

Já Abel engrandeceu o peso do jogo.

— É um jogo importante, um Dérbi jogo que está muita coisa em jogo. Vamos olhar para os jogadores que temos, preparar a equipe, mesmo que tenhamos um dia a menos que o adversário para se preparar e jogar. É um Palmeiras x Corinthians, não tem treinador A, B ou C. Os treinadores portugueses se respeitam muito — disse.

Este será o 12° Dérbi de Abel Ferreira. Desde sua chegada, em novembro de 2020, Palmeiras e Corinthians se enfrentaram 11 vezes: seis vitórias do Palmeiras, quatro empates e uma vitória do Corinthians.

Abel e António se enfrentaram quatro vezes, todas pelo Campeonato Brasileiro. Abel venceu três duelos. Em 2021, seu Palmeiras fez 2 a 1 sobre o Athletico Paranaense de Oliveira. Em 22, Abel ganhou por 1 a 0 do Cuiabá, em casa, e empatou no Mato Grosso do Sul, por 1 a 1. Em 2023, a vitória palmeirense, de novo sobre o Cuiabá, foi por 2 a 0.

Ídolo e filho

Deyverson beija escudo do Cuiabá ao comemorar seu 12º gol no Campeonato Brasileiro, contra o Fortaleza. Foto: IconSport

Além de serem portugueses, os dois técnicos têm outros aspectos comuns. Os dois são muito jovens: Abel tem 45 anos, António tem 41. Ambos também têm o compatriota José Mourinho como ídolo. E tiveram como jogador importante em suas carreiras um atacante que já foi personagem central de um Dérbi.

Deyverson foi o protagonista da conquista mais marcante de Abel Ferreira no Palmeiras. Foi o dele o gol do título da Libertadores de 2021, em Montevidéu, contra o Flamengo.

Já pelo Cuiabá, Deyverson foi o grande nome da melhor campanha da história do clube do Centro-Oeste, capitaneada por Oliveira, no ano passado: 12º lugar, na terceira participação da equipe na Série A.

No Brasileiro de 2018, com a camisa do Palmeiras, Deyverson quase causou uma briga generalizada no gramado do Allianz Parque, quando deu uma piscada para o banco de reservas alvinegro, pouco depois de fazer o gol que decidiu o jogo para o Verdão (1 a 0).

Ambos também partilham uma visão semelhante sobre o centroavante: é uma criança em corpo de adulto.

— O Deyverson é um jogador marcado na história do Palmeiras (…). É um menino grande, é um moleque que tem um coração muito grande, só lhe desejo muita saúde e que desfrute da vida — disse Abel, no ano passado, depois de o Verdão bater o Dourado pelo Brasileiro.

— Eu e Deyverson temos uma relação de quase pai e filho. De pai e filho mesmo eu não direi, porque não tenho idade para ser pai dele, mas por muito tempo considero que fui. Eu fui muito importante na vida dele, mas ele também foi muito importante na minha — disse Oliveira, em sua chegada ao Corinthians.

Segunda geração

Por falar em paternidade, Abel Ferreira vai enfrentar neste domingo a segunda geração de Antónios Oliveira. Toni Oliveira, pai do técnico do Corinthians, foi ídolo e técnico do Benfica.

Como jogador do Vitória de Guimarães, Abel perdeu para o Benfica de Toni por 1 a 0, no Campeonato Português de 2000-01. Em novembro do mesmo ano, pelo torneio de 2001-02, as duas equipes voltaram a se encarar, em um empate sem gols.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
Foto de Jade Gimenez

Jade GimenezSetorista

Jornalista, fascinada por esporte desde a infância e transformou a paixão em profissão. Além do futebol, se mantem por dentro de outras modalidades desde Fórmula 1 até NFL. Trabalhou como repórter em TV e rádio cobrindo partidas de futebol, futsal e basquete.
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