Cuca foi inocentado? Entenda a questão judicial envolvendo o técnico
Técnico do Corinthians por dois jogos em 2023, Cuca foi anunciado oficialmente como treinador do Athletico Paranaense até o fim do ano
Cuca voltou ao futebol brasileiro. Nesta segunda-feira (4), o Athletico Paranaense confirmou a contratação do técnico para o restante do ano. Desde a sua passagem relâmpago de apenas dois jogos pelo Corinthians, o treinador tinha se afastado por conta da tardia repercussão do envolvimento dele em um estupro coletivo de uma menor idade, em 1987, na Suíça. Livre da condenação pelo tribunal da Suíça ter anulado o julgamento por falhas no processo no início deste ano, ele finalmente voltará aos holofotes. Com isso, várias perguntas surgem no meio do caminho. Cuca é inocente? Ele cometeu ou não o ato? O que ainda pode acontecer com o treinador sobre esse processo? E tentaremos responder todas elas.
Por mais que não exista mais um processo, ele pode por vias da Justiça ser considerado inocente, simplesmente pelo fato do processo não existir mais. Entretanto, a decisão não entrou no mérito da acusação, e a decisão em si, pela falta de um novo julgamento, não trata se Cuca é culpado ou inocente. Mas com a anulação e extinção, ele automaticamente não pode mais ser considerado culpado pelo caso em instâncias jurídicas.
Por que o processo foi anulado?
O processo de Cuca foi anulado com base em duas prerrogativas que precisariam ser cumpridas pela lei. O advogado que representou o então jogador do Grêmio, Peter Stauffer, deixou o caso um ano antes da audiência principal, deixando Cuca então sem uma representação legal. Além disso, não havia um registro legal de domicílio dele. Ou seja: a Justiça não conseguiu comunicá-lo oficialmente do julgamento e muito menos da decisão. Esses foram os motivos pelo qual a juíza Bettina Bochsler entendeu que houve falhas no processo, e optou pela anulação do julgamento e da decisão.
Porém, a anulação de Cuca não beneficiou os outros três jogadores envolvidos no estupro coletivo, na Suíça. Isso porque apenas o atual técnico do Athletico Paranaense visou reabrir o caso. Como Henrique Etges e Eduardo Hamester ainda não o fizeram, eles seguem como condenados. Mas possivelmente a situação deles seriam semelhantes a de Cuca, já que Peter Stauffer também era o representante legal de ambos. O outro envolvido, Fernando Castoldi, teve outro defensor, mas ele foi considerado cúmplice, e havia recebido uma pena mais branda do que a de seus ex-companheiros.
A garota abusada por Cuca e os outros ex-atletas foi procurada pelo tribunal que julgou, condenou e depois anulou o caso. Mas Sandra Pfaiffli já morreu. A Justiça encontrou um herdeiro dela, que optou não abrir o caso novamente.
Relembre o caso ocorrido na Suíça em 1987
O caso ocorreu em 1987, durante uma excursão do Grêmio pela Europa para amistosos. A vítima, então com 13 anos, e outros 2 amigos, foram ao hotel onde o time estava hospedado, em Berna, para conseguirem camisas e autógrafos. Entretanto, os dois meninos afirmaram via depoimentos que os atletas seguraram a garota no local, e que ao chegar na recepção, ela contou a eles que foi estuprada.
Os quatro brasileiros foram detidos e passaram cerca de um mês na prisão, e saíram após pagamento de fiança. No retorno ao Brasil, eles foram recebidos como vítimas por imprensa e torcida. O julgamento saiu dois anos depois. Cuca, Henrique e Hamester foram condenados a 15 meses de prisão e multa, enquanto Castoldi a 3 meses de cadeia e multa. Fora o mês antes do retorno ao Brasil, nenhum deles cumpriu suas penas por estarem no Brasil, e não na Suíça.