Hamilton Pallandri trabalha há mais de três décadas no Empório Brasília, bar que fica no centro de Ribeirão Preto. Mas ninguém o conhece assim. Para todos, o nome dele é Baixinho. E a culpa disso é de um ídolo do Corinthians.
Após se aposentar, em 1889, Sócrates voltou para o município onde iniciou a carreira e comprou um apartamento no centro da cidade, na mesma rua do bar que virou praticamente a sua segunda casa durante quase 20 anos.
Pouco depois de se mudar, o ex-meia conheceu o Empório Brasília após um rápido passeio na calçada do prédio em que residia, gostou do local e na mesma noite chamou alguns amigos para tomar a sua sagrada cerveja gelada ali.
Foi naquela noite de 1993 que o apelido Baixinho nasceu.
Hamilton é irmão de Márcio Pallandri, proprietário do estabelecimento. E foi quando Sócrates soltou um “Baixinho, chama o dono do bar” que o nome do garçom pegou de vez.
Hoje, ninguém mais sabe quem é Hamilton, mas o Baixinho todo mundo conhece.
Baixinho não é corintiano, mas já tinha Sócrates como ídolo desde
Hamilton Pallandri torce para o São Paulo, mas sempre foi fã de Sócrates. Tanto que nunca se esquece da noite em que conheceu o ídolo e também foi batizado. Ele ganhou um autógrafo do Doutor que guarda até hoje.
— A melhor lembrança que eu tenho dele foi o dia que eu conheci ele pessoalmente. Ele me deu um autógrafo na final entre Palmeiras e Corinthians. Pedi um autógrafo que tenho até hoje. Depois nós pegamos amizade. Eu sou são são-paulino. Mas o Sócrates não tem time, todo mundo gosta dele. Quem gosta de futebol, gosta do Sócrates — disse o Baixinho à reportagem.
Dono do “Bar do Sócrates” jogou com o Doutor no Botafogo
Marcio Pallandri tentou ser jogador de futebol na década de 70. Dois anos mais novo que Sócrates, o empresário era do juniores, mas treinou com os profissionais em algumas atividades onde os aspirantes.
Ele nunca esqueceu dos conselhos que o Magrão dava para os jovens, principalmente o de estudar, porque nem todos ali viveriam do futebol. Foi o caso de Márcio, que anos depois abandonou a carreira e comprou o bar, que originalmente era do sogro.
Em algumas ocasiões, Sócrates até mesmo deu carona para ele e outros amigos irem para a escola ao vê-los no ponto de ônibus próximo ao estádio Santa Cruz. Mas a amizade com o ídolo só veio acontecer anos depois, quando o Magrão começou a frequentar o Empório Brasília.
Em uma manhã, Márcio foi em uma padaria nas redondezas e descobriu que Sócrates tinha comprado um apartamento na rua do bar.
No mesmo dia, viu o Doutor passeando na calçada. Sócrates, por sua vez, até disse que o rosto de Márcio não era estranho, mas não reconheceu o seu companheiro nos tempos de jogador.
O ídolo gostou do bar e falou que voltaria mais tarde com alguns amigos. Sem acreditar que Sócrates voltaria, o proprietário do empório falou que contaria de onde eles se conheciam na parte da noite.
Sócrates, então, voltou e nunca mais deixou de frequentar o local.
Fã de uma determinada marca de cerveja, sempre gelada, às vezes pedia algumas porções de torresmo e linguiça drummond para acompanhar.
No início dos anos 2000, no entanto, o Magrão teve um dos primeiros problemas no coração e precisou ficar seis meses sem ingerir álcool.
Quando ficou liberado, marcou um encontro com os outros cinco irmãos, inclusive Raí, que foram até o Empório Brasília. Sócrates, como era de costume, fechou o bar.
Mesa do “Bar do Sócrates” ficou imortalizada após falecimento de Sócrates
A mesa que o Magrão costumava frequentar hoje tem algumas placas.
Ela pode ser usada normalmente, mas quem senta lá tem a companhia de Sócrates enquanto come e bebe.
Um grupo de cinco corintianos de São Paulo estavam ali no dia de Bragantino e Corinthians, pela Sul-Americana, em Ribeirão Preto.
Bruno, que já conhecia o local por indicação de um amigo, levou os amigos da arquibancada Júlio, Júnior, Marcelo e Rodney para fazer o pré-jogo no Empório Brasília. Eles chegaram no bar por volta das 15h30 e ficaram até 19h30, quando foram para a Arena Nicnet.