Bastidores da saída de Vidal do Flamengo envolvem sua personalidade e Sampaoli
Volante chegou ao Furacão atacando ex-treinador, que teve papel decisivio em sua decisão de sair
Arturo Vidal deixou o Flamengo na semana passada, rumo ao Athletico Paranaense. O chileno já não vinha recebendo oportunidades de Jorge Sampaoli e demonstrava insatisfação com as escolhas do treinador. No fim das contas, a busca por novos ares foi o melhor para os dois mundos.
Esse sentimento é compartilhado tanto pelo Flamengo, quanto pelo chileno. As partes se entenderam no fim da negociação, que terminou em rescisão amigável. Agora, a Trivela explica o processo, relembra alguns episódios importantes e revela bastidores da saída de Vidal do Rubro-Negro.
Personalidade forte marcou o início do desgaste
Desde que chegou ao Flamengo, Vidal sempre foi visto como uma liderança nos bastidores. Pela personalidade forte, o volante assumiu papel importante no vestiário, especialmente com relação ao time reserva, já que não era titular na maior parte das partidas com Dorival Júnior, treinador rubro-negro na maior parte de 2022.
Vidal se enturmou rapidamente com o elenco, mas a maior proximidade veio com os gringos. A apuração feita pela Trivela entende, inclusive, que a questão é rotineiro no Flamengo. Erick Pulgar, Arrascaeta e Varela eram os atletas mais amigos do chileno ao longo de toda a passagem pelo clube, indicando que há uma relação mais íntima entre os não-brasileiros do time.
Mesmo enturmado, o volante nunca deixou de, por exemplo, falar abertamente sobre suas vontades. Quando não foi titular, reclamou em redes sociais. Para jornais e veículos de imprensa chilena, falou mais de uma vez sobre a possibilidade de deixar o Brasil rumo ao Chile. Esses episódios, pouco a pouco, minaram a imagem de Vidal dentro do clube.
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Amigo das noitadas, Vidal sempre esbanjou profissionalismo
Amigo da noite e “bon vivant”, o volante protagonizou boas risadas para a torcida do Flamengo, como no dia do desfile do trio elétrico pelas conquistas da Copa do Brasil da Libertadores. Festejando os títulos, o chileno se deixou levar pela comemoração e “bebeu até cair”, literalmente. Apesar disso, nunca deixou o profissionalismo de lado. Vidal sempre se colocou à disposição em treinamentos e jogos.
Com o início da temporada 2023, no entanto, a relação entre jogador e clube começou se desgastar e até mesmo que não incomodava, como a presença na noite carioca, passou a criar algum ruído na cúpula rubro-negra.
Com poucas oportunidades sob o comando de Vítor Pereira, o volante chileno teve dois episódios polêmicos já no início da temporada:
- Primeiro, ele se ofereceu ao Colo-Colo, seu clube do coração, em live nas redes sociais e causou desconforto nos bastidores
- Depois, ao ser informado que não participaria da partida contra o Boavista, pelo Carioca, arremessou chuteiras de maneira agressiva no banco de reservas. O chileno recebeu sanções pelo ocorrido
Chegada de Sampaoli e expectativas frustradas
A saída de Vítor Pereira e, consequentemente, a contratação de Jorge Sampaoli pelo Flamengo acenderam uma chama de esperança em Vidal. O volante havia trabalhado com o treinador na seleção chilena, pela qual a dupla se sagrou bicampeã da Copa América. Até hoje, são os dois maiores títulos que o combinado do Chile já teve em toda a sua história.
Essa boa relação animou Vidal e o fez voltar ao estado de graça que demonstrava em seu início na Gávea. O sorriso, no entanto, foi murchando conforme as esperadas chances não surgiam. A boa relação entre treinador e volante vinda do trabalho no Chile não se mostrou o suficiente para que Vidal fosse derrubado para o fundo da rotação utilizada pelo argentino no Fla.
No início do trabalho do argentino, Vidal até teve oportunidades, mas foi perdendo espaço com o acúmulo de más atuações. Escanteado, o chileno se tornou uma das últimas opções de Sampaoli para a posição de volante e começou a ficar mais frustrado com a falta de chances na equipe titular.
Com o argentino, ele participou de apenas 12 partidas nesta temporada, sendo cinco como titular, todas no começo da passagem do treinador.
Pouco antes da saída, o jogador demonstrou sua insatisfação com o comandante em diversas oportunidades. Seja à imprensa local ou chilena, Vidal confirmou que gostaria de deixar o Rubro-Negro, que, por sua vez, deixou claro em diversas oportunidades que não dificultaria a saída — como realmente não o fez.
Com contrato até o fim deste ano, o volante assinou rescisão amigável com o Flamengo, recebeu quantia em dinheiro e chegou em Curitiba para assinar com o Athletico.
Saída pela porta da frente
É muito importante frisar que, segundo apurou a Trivela, Vidal não teve nenhum problema específico com Sampaoli. A vontade do volante era de estar em campo e ajudar a equipe, mas ele deixou de estar nos planos do treinador e, por isso, optou pela saída. Surpreendeu, apenas, suas declarações raivosas contra o treinador ao estrear pelo Furacão.
Como mencionado na matéria, Vidal era querido pelo elenco do Flamengo e saiu do clube pela porta da frente. A atitude de ter procurado a diretoria para deixar clara a insatisfação e vontade de atuar por outra equipe foi vista com muito respeito pelo departamento de futebol. Tanto que o pedido foi atendido rapidamente, e ele pôde desembarcar em Curitiba dias depois.
Quanto o Flamengo economiza sem Vidal?
Para o Flamengo, a saída de Vidal significou uma economia significativa com salários. O chileno recebia cerca de R$ 1 milhão no clube e vai ganhar R$ 250 mil no novo clube. A chegada do também volante Allan, ex-Atlético-MG, é tida como a reposição ideal para a saída de Vidal.
Ao todo, o volante chileno disputou 51 jogos pelo Rubro-Negro, marcou dois gols e distribuiu três assistências, além de ter sido campeão da Copa do Brasil e da Libertadores.
