Brasil pegou um Marrocos em festa e, ainda sem saber quem é, foi derrotado em Tânger
A torcida local preparou uma linda festa para recepcionar os semifinalistas da Copa do Mundo, e o Brasil, cheio de novidades e sem técnico, foi um mero coadjuvante

Vamos tirar isso da frente primeiro: Marrocos foi semifinalista da Copa do Mundo, e um Brasil melhor do que o que entrou em campo neste sábado não foi. Isso já era o bastante para prever que seria um jogo equilibrado. Alguns agravantes, porém. Os donos da casa estavam muito empolgados diante dos seus torcedores, que trataram o amistoso como uma espécie de celebração daquela histórica campanha, e a Seleção ainda nem sabe quem é. Ainda não tem um técnico. Nesse cenário, a derrota por 2 a 1 em Tânger foi normal. As dificuldades brasileiras, também.
E a partida até que foi relativamente equilibrada. Marrocos foi melhor, no geral, mas o Brasil teve o seu momento de domínio, na primeira metade do segundo tempo, quando buscou o empate com a ajuda de um frango de Bono. A pressão foi interrompida por um apagão no estádio. Chances foram desperdiçadas, e os dois gols africanos saíram em erros na saída de bola – méritos da boa pressão do time de Walid Regragui, que repetiu também a excepcional organização defensiva do Catar.
O interino Ramon Menezes promoveu as estreias de Andrey Santos e Rony desde o início e também deu uma chance para Vitor Roque, Raphael Veiga, Yuri Alberto e Arthur. Esse sempre foi o principal propósito de um amistoso como mínimas implicações práticas: dar alguns minutos com a camisa da seleção brasileira a jogadores que talvez não tivessem chances, ou não terão muitas, em circunstâncias normais. Ninguém se destacou demais, e não seria justo criticar atuações dentro do limbo que a seleção brasileira decidiu encarar no primeiro semestre de 2023.
A seleção brasileira tomou a decisão de adiar o começo da preparação para a Copa do Mundo que será realizada daqui a três anos porque acha que tem a chance de contratar Carlo Ancelotti. Se essa chance existe, está certa em fazer isso. Se o sacrifício foi este amistoso, tudo bem. Não é uma tragédia perder, fora de casa, para o responsável pela melhor campanha africana da história dos Mundiais. Com exceção de uma goleada, em nenhum cenário seria.
A fan culture in Morocco like no other…
Insane atmosphere #MoroccoVsBrazil pic.twitter.com/lhOhAaJVcB— Grace Mwelu (@Gmwelu) March 25, 2023
Escalações
Walid Regragui entrou com linha de quatro na defesa. Achraf Hakimi pela direita e Noussar Mazraoui pela esquerda, como na Copa do Mundo. Com muitos problemas físicos no Catar, Romain Saïss e Nayef Aguerd refizeram a dupla de zaga que fez uma excelente fase de grupos. Bilal El Khannouss se juntou a Sofyan Amrabat e Azzedine Ounahi no meio-campo. O outro titular do trio marroquino, Selim Amallah, que trocou o Standard Liége pelo Valladolid em janeiro, foi desfalque por lesão. Hakim Ziyech, Sofiane Boufal e En-Nesyri fecharam o ataque.
A seleção brasileira foi a esperada, com base na preparação ao longo da semana. Weverton ganhou uma chance debaixo das traves, com Emerson Royal pela direita e Alex Telles pela esquerda. Éder Militão fez a dupla de zaga com Roger Ibañez. Um dos campeões sul-americanos sub-20 com Ramon Menezes, Andrey Santos estreou ao lado de Casemiro e Lucas Paquetá no meio. Vinícius Júnior e Rodrygo, dupla do Real Madrid, se juntou a outro estreante: Rony, do Palmeiras.
Primeiro tempo
O Brasil está em um momento de transição. O Marrocos era quase o mesmo da Copa do Mundo e estava empolgado pelo maciço apoio da sua torcida. Então não foi surpresa que tenha começado em cima, dominando a bola e tentando encontrar os espaços para ameaçar Weverton. Os visitantes conseguiram se assentar um pouco de partida apenas por volta dos 15 minutos, quando Rony recebeu um lindo passe de Paquetá entre os zagueiros. Na cara de Bono, foi travado por Saïss. O lance foi anulado por impedimento do atacante do Palmeiras.
A partida passou a ficar um pouco mais aberta. Mazraoui matou no peito uma inversão de jogo dentro da área, em cima de Emerson Royal, abriu para a perna direita e bateu colocado, bem perto da outra trave, com muito perigo. Uma mudança visível em relação ao time de Tite foi uma pressão alta mais agressiva, e Bono não lidou muito bem com ela. Errou na saída e entregou a bola para quatro brasileiros na entrada da área. Pelo menos se recuperou para bloquear duas finalizações à queima-roupa
O Brasil achou que havia aberto o placar, aos 26 minutos. Bono saiu para a entrada da área para tentar cortar um lançamento para Vinícius Júnior, que partiu da altura do meio-campo em posição de impedimento. O goleiro do Sevilha errou o chute, e Vini mandou a sobra para dentro. Houve alguns minutos de revisão do VAR, tentando avaliar se o corte de Bono havia começado ou não uma nova jogada. O gol acabou anulado.
E se a pressão brasileira era boa, a do Marrocos gerou a chance do primeiro gol. Emerson foi abafado na frente da área, Boufal pegou a sobra, deu um bonito toque para El Khannouss, que devolveu ao camisa 17. O atacante do Al Rayyan dominou e girou batendo no canto para levar o estádio à loucura. O clima do jogo começou a ficar quente. Uma trombada de Militão em El Khannouss gerou uma breve confusão.
Morocco fans getting just what they came for..
An opening goal courtesy of Boufal#MarocBresil#DestinationMorocco2025 pic.twitter.com/qzulq29gCw
— Grace Mwelu (@Gmwelu) March 25, 2023
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Morocco 1-0 Brazil.
65,000 fans going crazy #DestinationMorocco2025 pic.twitter.com/j046hD0rfV
— Juliet Bawuah (@julietbawuah) March 25, 2023
Rony fez um bom primeiro tempo, dentro das suas características. Aos 34 minutos, ajeitou de cabeça para o meio da área, onde Rodrygo chegou batendo de primeira, em liberdade. Pegou embaixo da bola e mandou para fora. Marrocos encerraria uma ótima etapa inicial com duas chances importantes: Boufal ajeitou dentro da área para uma batida colocada de Ziyech para fora, e depois Ounahi mandou outra com curva, bem perto do ângulo de Weverton.
Segundo tempo
O Brasil exigiu uma linda defesa de Bono com um voleio de Rodrygo da meia-lua logo no segundo minuto da etapa final. Marrocos respondeu quase na mesma moeda, e Weverton teve que fazer boa intervenção para barrar a bomba de Ounahi, mas seria o último respiro de Marrocos por algum tempo. Os visitantes assumiram o controle da partida, enquanto os africanos se colocaram em uma posição mais defensiva, buscando os contra-ataques – como fizeram tão bem na Copa do Mundo.
Rony pegou uma sobra pela direita da grande área, mas carimbou a marcação. Dois minutos depois, a cobrança de escanteio chegou a Paquetá na segunda trave. O meia do West Ham perdeu tempo na hora de dominar e foi travado por Aguerd. O empate amadurecia, e Ramon se mexeu, com as entradas de Raphael Veiga e o garoto Vitor Roque, duas novidades, nas vagas de Andrey Santos e Rodrygo. Antony substituiu Rony, outro estreante.
Aos 21 minutos, o frango que Bono estava chamando desde o primeiro tempo finalmente atendeu. Paquetá conseguiu uma boa ação defensiva na intermediária, se antecipando à marcação, e rolou para Casemiro. O volante do Manchester United bateu colocado de fora da área, rasteiro, sem tanta força. Bono caiu com tempo suficiente para fazer a defesa, mas deixou a bola passar por baixo do seu corpo e cedeu o empate à seleção brasileira.
A partida caminhava para uma virada, mas outro erro na saída de bola permitiu que Yahia Attiyat Allah chegasse antes de Antony para cruzar ao meio da área. Militão errou o corte, e a bola pegou em Walid Cheddira. Militão tentou se recuperar para fazer o bloqueio, mas não chegou a tempo, e Abdelhamid Sabiri bateu alto para colocar o Marrocos em vantagem novamente.
O Brasil tinha 15 minutos para tentar o empate. Não teve gás no tanque, e nem bola, para encontrar um caminho. Como em toda a partida, Vinícius Júnior foi quem mais tentou. Poucas chances claras foram criadas, e a breve experiência Ramon Menezes terminou com derrota em Tânger.
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