Brasil passou por uma terapia intensiva para controlar os nervos e deu certo

A semana que antecedeu as quartas de final da Copa do Mundo foi quase monotemática na seleção brasileira. Falou-se dos problemas técnicos e táticos do time, a inoperância de Fred, a má fase de Daniel Alves, mas a preocupação principal eram os nervos da equipe, o desequilíbrio emocional escancarado na disputa dos pênaltis contra o Chile, com o capitão Thiago Silva sentado na bola, rezando longe do resto do time.
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Felipão tratou disso. A psicológica Regina Brandão visitou a concentração na Granja Comary e, por mais que o treinador insista que foi uma sessão corriqueira, certamente havia mais assunto e problemas a tratar. Na entrevista coletiva antes do jogo, ele também deixou claro que conversou com os jogadores sobre a pressão de disputar uma Copa do Mundo em casa.
Foi apenas o que saiu para o público. Muito provavelmente, Felipão deu um cuidado maior ao lado psicológico na preparação para enfrentar a Colômbia. Não poderia ignorá-lo. E se fez mesmo isso, funcionou perfeitamente. O time brasileiro entrou em campo no Castelão muito mais tranquilo e ao mesmo tempo muito mais intenso. “A equipe encontrou um equilíbrio maior”, opina o meia Hernanes, que entrou no segundo tempo no lugar de Paulinho. “Conseguiu jogar com muita intensidade no primeiro tempo, pressionando bastante a equipe deles”.
Júlio César, Maicon, Daniel Alves, Ramires e Thiago Silva são os
únicos convocados por Felipão que já estiveram em Copa do Mundo. Participaram da campanha da África do Sul e sabem o que esperar de uma partida como aquela contra o Chile. A maioria dos seus companheiros, embora experientes em jogos decisivos, nunca havia feito parte de um mata-mata de Mundial. O desconhecido causa o medo, e o medo, a ansiedade. “A ansiedade era grande, mas já passou. Está todo mundo tranquilo. Muita coisa foi falada, mas nós nos blindamos, e o trabalho que fizemos deu certo”, contou Henrique. “O time vai amadurecendo durante a competição”, acrescenta Ramires. “Estamos chegando a uma situação de tranquilidade”.
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A partida foi violenta, com a conivência do árbitro Carlos Velasco, e poderia muito bem deixar os jogadores brasileiros nervosos, violentos, pilhados. Apesar de Fernandinho ter distribuído algumas machadadas, não foi o que se viu. O Brasil sofreu pressão no segundo tempo mais pelas características da partida e do adversário, uma Colômbia que joga e deixa jogar. “Trabalhamos o que sempre trabalhamos”, explica Hulk. “Não é que estávamos mais calmos, mas contra o Chile foi uma guerra e hoje foi um pouco diferente. A Colômbia é uma seleção que gosta de jogar futebol também”.
Realmente, a Colômbia pressionou menos o Brasil do que o Chile. O time de Felipão ficou um pouco mais com a bola (50% de posse contra 48%), mas o mais importante é que teve mais tempo para respirar e espaço para cadenciar o jogo. “A gente já viveu o que tinha para viver contra o Chile”, comenta Marcelo.
Mas Marcelo ainda não sabia que Neymar não joga mais a Copa do Mundo, a notícia mais trágica e temida que a seleção brasileira poderia receber. Para um lado ou para o outro, o psicológico desse grupo volta à mesa. Os jogadores vão se reunir, intensificar a família Felipão e ficar mais fortes ou vão desfalecer diante da perda do seu maior craque e da qualidade da Alemanha? A resposta, terça-feira, em Belo Horizonte.