Aránguiz criou raízes em sua primeira passagem pelo Inter e valoriza esse elo com seu pré-contrato
Aránguiz deixou o Internacional em 2015 e retornará ao Beira-Rio em julho, após completar oito temporadas no Bayer Leverkusen
Charles Aránguiz nutriu uma relação especial com o Internacional, mesmo que tenha permanecido apenas um ano e meio no Beira-Rio. O chileno ofereceu doses expressas de seu talento e representou os colorados em alto nível, não apenas no clube, mas também em grandes momentos da seleção chilena. E que a saída para o Bayer Leverkusen tenha se tornado inescapável após a conquista da Copa América em 2015, a torcida ainda confiava em seu retorno para Porto Alegre – o que se concretizará depois de oito anos. As longas tratativas e o interesse de outras equipes não impediram que o Inter acertasse um pré-contrato com o volante a partir de julho. A volta do meio-campista de 33 anos alimenta o brio dos colorados.
Quando Aránguiz chegou ao Internacional, em janeiro de 2014, já tinha seu renome. O meio-campista de 24 anos defendia a seleção do Chile desde 2009 e rodou por diferentes clubes do país, incluindo Colo-Colo e Cobreloa. Seu auge aconteceu a partir de 2011, como figura central ao sucesso da Universidad de Chile dirigida por Jorge Sampaoli. Foi instrumental na conquista da Copa Sul-Americana e em outras grandes campanhas, ao mesmo tempo em que se firmava na seleção. O volante até acertou sua transferência para a Udinese, mas, antes de se mudar para a Itália, chegou por empréstimo ao Inter. E criou laços.
Aránguiz aproveitou o período no Internacional para se preparar à Copa do Mundo de 2014. O meio-campista logo se tornou uma das referências da equipe e liderou a conquista do Campeonato Gaúcho. Estava nas graças da torcida por seu estilo técnico e pela forma como controlava o meio-campo, até que, com a ajuda de um investidor, os colorados assegurassem sua permanência em definitivo. Aránguiz brilhou no Mundial como jogador do Inter, especialmente na vitória sobre a Espanha durante a fase de grupos, e se valorizou ainda mais. Continuou em alta no clube, ao receber a Bola de Prata durante o Brasileirão de 2014 e ser campeão do Gauchão mais uma vez em 2015.
A Copa América de 2015 marcou a consagração definitiva de Aránguiz entre os principais jogadores de sua geração na seleção chilena. Era coadjuvante de outros medalhões, mas se mostrou imprescindível ao sucesso da Roja em seu inédito título. Foi quando sua saída se tornou natural, diante do interesse da Europa. Se a compra de Aránguiz para o Inter tinha custado €8 milhões, o clube conseguiu vendê-lo por €13 milhões ao Bayer Leverkusen. O volante chegava maduro, aos 26 anos, para se provar na Bundesliga. E se tornou um membro relevante do elenco, mesmo com uma grave lesão logo em sua primeira temporada.
Aránguiz totaliza 214 partidas pelo Bayer Leverkusen. Exceção feita à primeira temporada, sempre disputou mais de 20 partidas por edição da Bundesliga, atrapalhado mais por lesões pontuais do que pela irregularidade. Foi importante em diferentes momentos na BayArena e se acostumou a disputar as competições europeias. Teve momentos em que foi considerado entre os melhores de sua posição na liga, em especial nas temporadas 2017/18 e 2018/19. Pode não ter se transformado num craque de reconhecimento mundial, mas desenvolveu bem sua reputação na Alemanha. Chegou inclusive a usar a braçadeira de capitão.
A temporada passada viu Aránguiz se reaproximar de seus melhores momentos, por mais que se revezasse com mais frequência entre titulares e reservas. O meio-campista de novo teve boa fase sob as ordens de Gerardo Seoane, no time que conquistou a vaga na Champions League. Porém, o veterano perdeu espaço na atual temporada. Já vinha frequentando mais o banco e, com problemas de lesão, atuou pouco na atual guinada sob as ordens de Xabi Alonso. Mas, apesar da ausência desde outubro, o Leverkusen preferiu não liberar Aránguiz antes do final de seu contrato. Espera contar com o veterano durante a reta final da temporada.
Para o Inter, o negócio é bom. Os colorados garantem o serviço de Aránguiz sem custos e terão um jogador identificado com a camisa. O receio fica para os 34 anos que o meio-campista completará em abril, assim como para os problemas físicos recentes. Apesar disso, ele conseguiu preservar certa regularidade com o Bayer Leverkusen. E possui um estilo de jogo técnico que compensa aspectos físicos, especialmente num ritmo menor como o do futebol brasileiro.
Nem sempre os jogadores repatriados pelo Internacional nos últimos anos causaram o impacto esperado. Aránguiz tentará escrever uma história diferente. A escolha pelo clube é certamente algo que envaidece os colorados, sobretudo pela disputa vencida contra outros interessados no futebol do chileno. Mais difícil será segurar a ansiedade até a reapresentação na segunda metade do ano. É um jogador com condições de impactar positivamente e inclusive melhorar o rendimento de quem atua ao seu redor.