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13 histórias para ficar de olho na Série B e também na Série C do Brasileirão

Não é só o Campeonato Brasileiro da Série A que começa neste final de semana. A Série B pega fogo a partir desta sexta-feira, enquanto a Série C terá seu pontapé inicial neste sábado – a Série D é a única que fica para depois, com início marcado para setembro. E será uma temporada diferente nas divisões de acesso pelo Brasil, indo além de todas as questões inerentes à pandemia e às naturais preocupações em clubes que contam com estruturas mais precárias. Há também diversas histórias espalhadas pelo país.

Na Série B, os holofotes estarão na novela vivida pelo Cruzeiro. De qualquer maneira, em uma edição mais aberta que de costume na segundona, há clubes de nordeste a sul do Brasil com condições de lutarem pelo acesso. Os prognósticos são mais difíceis, entre a falta de ritmo recente e todas as dificuldades econômicas ao redor. A situação se torna ainda mais movediça na Série C, onde as finanças dos clubes quase não é assegurada pelos direitos de TV. E será uma campanha ainda distinta, com a novidade no regulamento que aboliu os mata-matas e agora terá quadrangulares para definir o acesso.

Abaixo, separamos 13 histórias para se acompanhar, entre a segunda e a terceira divisão. Fica também a sugestão de leitura ao especial sobre a Série C preparado pelo amigo Paulo Júnior, ao site Goal.com.

– A vida nova do Cruzeiro

A primeira vez do Cruzeiro na segunda divisão, sem dúvidas, será a grande história a se acompanhar nas divisões de acesso. Não é apenas o ineditismo que circunda a Raposa, mas também o mais puro caos. O time já começa na lanterna, com seis pontos negativos, penalizado pela Fifa por não pagar a transferência do meio-campista Denílson. A preocupação é total na recuperação institucional do clube, com as enormes dívidas e com os escândalos que vêm à tona de tempos em tempos. As audiências são mais vezes noticiadas que os jogos dos cruzeirenses. O acesso à Série A, mais do que um objetivo pela grandeza celeste, é também uma necessidade para evitar que o cenário piore longe da elite.

Apesar de todo o rombo financeiro, o Cruzeiro segue com a maior folha de pagamentos da segunda divisão. O elenco treinado por Enderson Moreira conta com vários jovens e também apostas, mas mantém antigos ídolos e buscou reforços menos badalados às portas da Série B. Nomes como Fábio, Léo, Henrique e Marcelo Moreno terão que suportar o fardo ao lado de companheiros pouco rodados, que lidarão com a pressão vindo de diferentes lados. As campanhas no Campeonato Mineiro e também os sofrimentos na Copa do Brasil deixam a torcida cruzeirense naturalmente ressabiada. Mas, diante de tudo o que envolve a Raposa nos últimos tempos, o desempenho do futebol nem é necessariamente a maior das preocupações.

Dentre os mineiros, até parece mais preparado o América, que tem a segurança econômica e a manutenção do elenco a seu favor. Depois de bater na trave em busca do acesso no último ano, o clube conseguiu preservar sua força e trouxe reforços pontuais. Lisca é o comandante do Coelho, que chegou a sustentar uma sequência invicta de 14 jogos recentemente, apesar da derrota para o Atlético na semifinal do estadual.

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– Chapecoense de volta ao acesso

A Chapecoense ascendeu de maneira meteórica à Série A, permaneceu por seis temporadas sem cair e escreveu grandes histórias na elite do Brasileirão, antes e depois da tragédia que marca sua trajetória. Não foi possível evitar o descenso na última temporada e, agora, o Verdão do Oeste tenta se readaptar à nova realidade. Até pela sequência na primeira divisão, a Chape seria uma virtual candidata ao acesso, mas a readequação de sua estrutura será um desafio, ainda mais em tempos de coronavírus. A diretoria preferiu reformular o elenco inteiro e começou mal o Catarinense, até se recuperar e descolar uma vaga à final. Mesmo com alguns jogadores mais tarimbados, o objetivo inicial da equipe de Umberto Louzer é evitar o descenso.

– Confiança na Segundona

O acesso do Confiança foi um dos mais significativos de 2019. Afinal, o Dragão não disputava a segundona do Campeonato Brasileiro desde 1992, recolocando também o estado na Série B depois de 19 anos de ausência. O clube já vinha de boas campanhas na Série C e a promoção acaba sendo um prêmio pela ascensão ao longo desta década. O objetivo, neste momento, será se estabilizar na segunda divisão nacional. A boa campanha na Copa do Nordeste é um indício animador, com o Confiança liderando seu grupo e dando trabalho ao Bahia antes de cair nas semifinais. O retrospecto recente é positivo, embora o Campeonato Sergipano não ajude muito como parâmetro.

– Os próximos dérbis campineiros

O estado de São Paulo terá quatro representantes nesta Série B, todos já presentes na última campanha: Botafogo, Guarani, Oeste e Ponte Preta. Obviamente, o maior interesse no estado fica para as novas edições do Dérbi Campineiro em nível nacional. A Ponte vem mais forte para brigar pelo acesso, até pelas contratações realizadas ao longo das últimas semanas – incluindo o meia Camilo, que estava no Mirassol. A campanha até a semifinal do Paulistão atesta o objetivo da Macaca, como uma reviravolta na reta final, após ser ameaçada pelo descenso. Ainda assim, mesmo com uma realidade mais modesta, foi o Bugre quem venceu o maluco duelo de março – no último jogo do futebol paulista antes da paralisação por causa da pandemia. A virada monumental encerrou um jejum de oito anos dos bugrinos e aumenta a expectativa ao reencontro, até pelas brigas que rolaram. Independentemente da zona que frequentarem na tabela, será um campeonato à parte.

– Vitória, Náutico e o peso da tradição

O Nordeste voltou a crescer em representatividade nesta Série B, com seis equipes no páreo. Vitória e Náutico encabeçam os nordestinos, dois clubes de muito peso regional que tentam driblar suas dificuldades recentes. O Leão da Barra disputou a Série A pela última vez em 2018 e encara uma penosa crise financeira. Eliminado pelo campeão Ceará na Copa do Nordeste e ainda presente na Copa do Brasil, não é um dos favoritos imediatos ao acesso. Thiago Carleto é o nome mais conhecido. Já o Náutico subiu da Série C na última temporada. Não quer reviver as penúrias na terceirona tão cedo, há sete anos longe da primeira divisão. O elenco foi mantido e até ganhou alguns medalhões, como o atacante Kieza, mas a aposta é mesmo na condição estável do clube – incluindo o retorno aos Aflitos, que poderá ajudar se a torcida estiver presente.

– Ambição em Maceió

Maceió reviverá seu grande clássico na segundona. Rebaixado na última edição da Série A, o CSA não vem de bons resultados no início do ano, mas tentará o retorno imediato à elite. A diretoria investiu em reforços ao elenco, com alguns jogadores de primeira divisão, e o time será treinado por Eduardo Baptista. A realidade do CRB é mais contida, mas vale lembrar que a equipe brigou pelo acesso no último ano e tentará também o retorno à primeira divisão que não vem desde 1984. Marcelo Cabo é um treinador tarimbado no acesso e o time ainda conta com a experiência de nomes como Gum e Léo Gamalho. Ganhar o título alagoano foi um bom presságio, assim como a vitória inicial sobre o Cruzeiro na Copa do Brasil. O Clássico das Multidões terá um peso especial, nessas circunstâncias.

– A rivalidade entre Avaí e Figueira

O final de 2019 seria bastante diferente aos dois principais clubes de Florianópolis. Enquanto o Avaí lamentou o descenso na Série A, o Figueirense até respirou aliviado por permanecer na Série B, diante da enorme crise que se deflagrou no clube e pela forma como o cenário era nebuloso com o descaso da empresa que administrava o departamento de futebol. O Figueira ainda tenta se reconstruir com as contas apertadas, mas conseguiu avançar na Copa do Brasil e espera ao menos evitar os riscos na segundona. Durante os últimos anos, porém, a ameaça da terceirona foi uma constante no Orlando Scarpelli. Já o Avaí se firma como um dos maiores “ioiôs” do Brasileirão e tentará o quarto acesso nas últimas oito temporadas – sempre rebaixado logo na reestreia pela Série A. Não foi um começo de ano bom, incluindo a aposta furada no português Augusto Inácio. Para voltar à elite, a equipe confia em Geninho, que liderou duas das últimas promoções. O elenco também está repleto de medalhões, entre eles Ralf e Valdívia.

– Sul, o mais bem representado

Nenhuma outra região do Brasil tem mais clubes na segundona que o Sul. São sete times, com todos os três estados representados. Além dos supracitados catarinenses, também figuram Paraná, Operário Ferroviário, Juventude e Brasil de Pelotas. No Rio Grande do Sul, as estimativas são mais contidas, considerando os riscos do Brasil na última campanha e o retorno do Juventude após ganhar o acesso na Série C. Já entre os paranaenses há esperanças maiores de acesso. O Operário fez uma boa campanha na última edição da segundona, apesar da queda no final, e vem de um mercado intenso. Já o Paraná Clube ficou ainda mais perto de subir em 2019, depois de cair na Série A em 2018. A situação financeira, contudo, não permite tantas extravagâncias.

– Cuiabá, bastião do Centro-Oeste

Com o acesso do Atlético Goianiense e o descenso do Vila Nova, apenas o Cuiabá representará a região Centro-Oeste na Série B. A equipe faz um bom trabalho e, depois de conquistar o acesso inédito à segundona em 2018, protagonizou uma campanha bem segura na estreia: terminou na oitava posição, não tão perto do acesso, mas bem longe do descenso. Além disso, vem do título na Copa Verde. Evitando o impacto da pandemia em suas contas, o clube buscou seus reforços em clubes que disputaram o Paulistão, com algumas figurinhas carimbadas – a exemplo do meia Élvis. Falta saber qual a real perspectiva, com a campanha na Copa do Brasil se iniciando apenas a partir das oitavas.

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– O novo regulamento da Série C

Uma questão central na Série C será o seu novo regulamento. Os mata-matas não acontecerão mais na terceirona, evitando aquela loucura costumeira nas quartas de final, que definiam o acesso. A partir de agora, os oito classificados na primeira fase (quatro de cada chave regionalizada) se dividem em dois quadrangulares. As equipes se enfrentam em jogos de ida e volta, com os dois primeiros de cada chave subindo à Série B. Além disso, os vencedores de cada grupo farão a decisão. A emoção diminui, mas pelo menos será mais justo. Algumas reviravoltas dos últimos anos ficam menos prováveis, bem como uma situação como a ocorrida no Náutico x Paysandu, em que uma arbitragem ruim pesou bastante no duelo.

– A força do interior

A Série C é uma competição espalhada pelo Brasil e com representantes em todas as regiões. Além disso, chama a atenção como o interior é mais forte na terceira divisão. Dos 20 participantes, 12 estão sediados fora das capitais de cada estado. Uma das novidades é Riachão do Jacuípe, casa do Jacuipense, com 33 mil habitantes. A equipe baiana foi uma das surpresas na última Série D. Ainda assim, a menor cidade é Tombos, com 8 mil habitantes. Bem no Campeonato Mineiro, o Tombense mostra que pode aprontar. Vale mencionar ainda Brusque, outra que reaparece na terceirona graças ao homônimo Brusque Futebol Clube, algoz de Sport e Remo na Copa do Brasil, além de finalista no Catarinense.

– A volta de Manaus e o clássico de Belém

Parte das boas histórias na Série C ficarão para o Norte. Paysandu e Remo estão entre as camisas mais pesadas da competição, com retrospectos recentes bem diferentes nas divisões nacionais. O Papão caiu da Série B em 2018 e poderia ter subido em 2019, não fosse todo o imbróglio de arbitragem contra o Náutico. Já o Remo não sabe o que é disputar a segundona desde 2007, com direito à sua sofrida estadia na Série D até 2015. Será uma disputa particular, no clássico mais vezes disputado no mundo. Já o Manaus é quem reforça o potencial dos nortistas, após subir da quarta divisão em 2019. É a primeira vez desde 2008 que um time amazonense aparece na Série C. Há um investimento alto e o clube até tentou abrir os portões da Arena da Amazônia para a competição nacional, obviamente sem sucesso. Com o ídolo Rossini mantido, o clube manauara é a esperança de retomar a relevância do futebol no estado.

– Santa Cruz, Vila Nova e a pressão dos rivais

Sport na Série A, Náutico na Série B. Goiás e Atlético Goianiense na Série A. Santa Cruz e Vila Nova possuem enormes massas populares, mas a situação de ambos os clubes não é boa, principalmente comparando com as condições dos maiores rivais. Enquanto o Tigre caiu na segundona durante a última temporada, a Cobra Coral vai para a sua terceira participação consecutiva na terceirona. Os portões fechados de Serra Dourada e Arruda diminuem um dos diferenciais de ambos, a torcida que pode contribuir nas arquibancadas. O Santa perdeu a decisão do Pernambucano nos pênaltis para o Salgueiro e terá ainda mais essa pressão. Já o Vila não retomou o estadual e, treinado pelo ex-defensor Bolívar, buscou vários reforços nesta reta final de preparação à terceirona.

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Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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