Vitorioso no futebol mexicano, Diego Alonso será o substituto de Tabárez no comando do Uruguai
Diego Alonso se referenda sobretudo pelos títulos na Concachampions, que faturou com Pachuca e Monterrey

A renovação de Marcelo Gallardo com o River Plate encerrou os sonhos da seleção uruguaia em contratá-lo como substituto de Óscar Tabárez. Menos de uma semana depois, a Associação Uruguaia de Futebol bateu o martelo com uma aposta local para assumir o comando técnico. E se não é o nome mais conhecido para boa parte do público, parece uma aposta interessante no rol de possibilidades entre os treinadores uruguaios: Diego Alonso é o escolhido. O comandante de 46 anos realizou seus trabalhos mais relevantes no México, onde faturou a Concachampions duas vezes num intervalo de três anos, com Pachuca e Monterrey. Sem clube desde que deixou o Inter Miami em janeiro, “El Tornado” assumirá uma missão dura na reta final das Eliminatórias, para levar a Celeste de volta à Copa do Mundo. O contrato vai até o final do qualificatório e será renovado automaticamente até 2026 em caso de classificação.
Diego Alonso não era o nome mais falado pela imprensa do Uruguai, mas era mencionado por quem acompanhou seu trabalho no México. E, à medida em que a desconfiança sobre Diego Aguirre começou a pairar e Alexander Medina parecia muito cru por seu trabalho no Talleres, Alonso ganhou força na mesa de negociações. Não era o plano principal da AUF, que nunca escondeu sua intenção de fechar com Gallardo – embora argentino, com história no futebol do país vizinho, ao comandar o Nacional em título da liga. Porém, sem que o técnico do River Plate se abrisse à oferta, Alonso virou a nova prioridade.
Diego Alonso terá como assistente Darío Rodríguez, nome notável da seleção nos tempos de jogador e que foi campeão uruguaio recentemente com o Peñarol, ocupando o posto de braço direito de Mauricio Larriera. Outra novidade favorável à Celeste é a chegada de Óscar Ortega como preparador físico. O veterano, que trabalhou com Alonso quando este era atacante, é o responsável pelo trabalho físico do Atlético de Madrid desde a chegada de Diego Simeone e conciliará o clube com a seleção.
Como atacante, Diego Alonso teve uma carreira bastante rodada. O centroavante surgiu no Bella Vista, antes de rodar no exterior por clubes como Gimnasia de La Plata, Valencia, Racing de Santander, Málaga, Pumas Unam, Murcia e Shanghai Shenhua. O momento mais importante aconteceu pelo Atlético de Madrid, no qual foi artilheiro na campanha do acesso na segundona em 2001/02. Além disso, ao final da carreira, teve passagens mais curtas por Nacional e Peñarol – com o qual disputaria a final da Libertadores de 2011, sob as ordens de Diego Aguirre. Pela seleção, disputou apenas oito partidas, presente apenas na Copa América de 1999.
A história de El Tornado como jogador abriu as portas para ele começar como técnico no Bella Vista, que salvaria do rebaixamento. Alonso dirigiria logo depois o Guaraní do Paraguai, que levou à Libertadores, antes de assumir o Peñarol. Todavia, sua experiência com os carboneros seria bem curta e duraria apenas oito partidas. O recomeço se deu no Olimpia, mas sem grandes feitos até que arrumasse as malas para o México. Foi a partir do trabalho no Pachuca que o veterano realmente consolidou seu nome entre os principais treinadores uruguaios.
Diego Alonso trabalhou no Pachuca por três anos e meio, com 173 partidas disputadas. O comandante dirigiu uma equipe que se fortaleceu, com a conquista do Clausura em 2016. Óscar Pérez, Stefan Medina, Óscar Murillo, Rodolfo Pizarro, Jonathan Urretaviscaya, Franco Jara, Erick Gutiérrez e Hirving Lozano eram alguns dos nomes dos Tuzos, que encerravam um jejum de nove anos na Liga MX. Na temporada seguinte, o Pachuca deu um passo além com a conquista da Concachampions de 2016/17. E aquela equipe ainda fez um bom papel no Mundial de Clubes, quando deu trabalho ao Grêmio na semifinal. O uruguaio permaneceu em Hidalgo até o meio de 2018, quando aceitou uma proposta do Monterrey.
A passagem pelo norte do México seria mais curta e durou 15 meses, com 72 partidas disputadas. Diego Alonso, ainda assim, conseguiu recuperar o título da Concachampions com o Monterrey ao vencer o clássico da decisão contra o Tigres. Alguns de seus antigos comandados inclusive o acompanharam aos Rayados, embora o elenco fosse mais estrelado que no Pachuca – com nomes como Marcelo Barovero, Jesús Gallardo, Miguel Layún, Avilés Hurtado, Dorlan Pabón e Rogelio Funes Mori. Desta vez, porém, o uruguaio não durou até o Mundial. A demissão aconteceu em setembro de 2019, diante do início inconsistente no Apertura.
A fama no México ainda permitiu que Diego Alonso chamasse atenção de David Beckham e assumisse o comando do Inter Miami. Entretanto, numa equipe estreante na MLS, o desempenho pós pandemia seria ruim e o time não daria muitos sinais de competitividade, mesmo chegando aos playoffs. O contrato acabou encerrado em janeiro de 2021 e, desde então, El Tornado esperava uma nova oportunidade. Caiu no colo a chance de dirigir a seleção do Uruguai – num misto de falta de opções, urgência pelo calendário apertado e pressão por aquilo que o Maestro Tabárez representou em 15 anos.
Diego Alonso terá uma missão que transcende o mero papel de treinador. Preencher a lacuna deixada por Tabárez parece impossível. Mas, diante daquilo que é possível cumprir nas Eliminatórias, é provavelmente a melhor escolha entre os demais técnicos uruguaios. A reta final do qualificatório exigirá bastante da Celeste, principalmente pela sequência ruim nas rodadas recentes e pela forma como a classificação à Copa do Mundo está ameaçada. Os jogos pelo menos são acessíveis – contra Paraguai (fora), Venezuela (casa), Peru (casa) e Chile (fora). E os charruas ainda contam com um elenco melhor servido que boa parte dos concorrentes, com talentos para tentar cumprir a tarefa. O novo comandante só não terá muito tempo para dar liga.
Talvez a maior urgência do Uruguai seja mesmo trazer ideias novas, pela maneira como o time de Tabárez parecia girar em círculos. O novo comandante também precisa inspirar confiança nos jogadores, numa relação que acabará forjada sem muito tempo para se conhecerem. É a grande oportunidade da carreira de Diego Alonso, mas também com um peso enorme sobre suas costas e uma chance relativa de fracasso. Ainda assim, dentro daquilo que os uruguaios tinham em vista, é o mais capacitado para tentar salvar a vaga no Mundial.
? ?? ¡Bienvenido, Diego Alonso! pic.twitter.com/tEVHaMg8FA
— Selección Uruguaya (@Uruguay) December 15, 2021