América do Sul

Sobra experiência e tarimba ao Libertad, o último integrante da fase de grupos da Libertadores

A fase de grupos da Copa Libertadores 2019 está completa. O Libertad se tornou o último clube classificado à etapa principal do torneio continental, ao superar uma pedreira nesta quinta-feira. A vitória em Assunção concedia uma vantagem razoável para encarar o Atlético Nacional dentro do Estádio Atanásio Girardot. Os verdolagas devolveram o triunfo por 1 a 0 e acabaram forçando os pênaltis contra os visitantes. Já na marca da cal, o Gumarelo foi mais competente. Assegurou a vitória por 5 a 4, que o colocou no Grupo H – o mesmo de Grêmio, Universidad Católica e Rosario Central. Mais uma equipe tradicional em uma das chaves mais equilibradas da competição nesta temporada.

O Atlético Nacional havia jogado fora a oportunidade de arrancar um resultado melhor em sua visita ao Paraguai, depois de um caminhão de gols perdidos. Assim, precisando tomar a iniciativa, os verdolagas fizeram uma boa partida em Medellín, mas de novo a falta de efetividade diante das redes atrapalhou o caminho. Aproveitando bem os lados do campo, os colombianos abriram o placar aos 33 minutos. Hernán Barcos preparou o lance com um lindo cruzamento e serviu Steven Lucumí, que abriu a contagem aos anfitriões de peixinho. Contudo, faltou mais qualidade ao time de Paulo Autuori para ampliar a diferença, diante de um adversário quase contido a defender. Os paisas chegaram a acertar a trave, enquanto os alvinegros mal avançavam, apesar de verem uma bola salva em cima da linha. De qualquer maneira, a diferença mínima prevaleceu e forçou as penalidades.

Na marca da cal, Daniel Bocanegra desperdiçou logo a primeira cobrança do Atlético Nacional. Por mais que os outros jogadores verdolagas tenham balançado as redes, o Libertad foi ainda melhor e converteu os seus cinco chutes. Perfeição que valeu a vaga na fase de grupos, além de alguns milhões na conta do clube paraguaio. Apesar do susto vivido em Medellín, é uma equipe tarimbada e que se mostra competitiva para almejar as oitavas de final.

Curiosamente, o treinador que promove o sucesso do Libertad é Leonel Álvarez. O antigo meio-campista viveu os momentos mais reluzentes de sua carreira como jogador no Atlético Nacional, decisivo na conquista da Libertadores de 1989. Foi ele quem converteu o pênalti derradeiro na disputa contra o Olimpia, que selou a façanha dos verdolagas. Já como treinador, teria sua trajetória atrelada principalmente ao Independiente Medellín, clube que havia o formado como atleta. Em campo, do lado paraguaio, ainda estavam alguns jogadores que faturaram a Libertadores 2016 com os paisas. Alexander Mejía e Macnelly Torres foram dois dos principais reforços do Gumarelo na temporada, com o volante escalado entre os titulares nesta quinta e o meia ficando no banco.

O Libertad, aliás, possui um dos elencos mais rodados desta Copa Libertadores. Entre as opções estão o lateral Iván Piris, o zagueiro Paulo da Silva, os meio-campistas Sergio Aquino e Cristian Riveros, bem como os atacantes Óscar Cardozo e Édgar Benítez – todos eles com histórico amplo na seleção paraguaia. O goleiro titular ainda é Martín Silva, trazido do Vasco neste início de ano. Dos 11 titulares contra o Atlético Nacional, nove tinham 28 anos ou mais, sendo seis trintões. Destes, o grande destaque é mesmo Óscar Cardozo. O centroavante permanece em boa forma e anotou dois gols nestas preliminares – um do círculo central contra o Strongest, além do decisivo na ida ante os verdolagas.

Já o Atlético Nacional precisará se contentar com a Copa Sul-Americana. E o clube se acostuma com o fim de sua década de glórias, após anos dominando o futebol colombiano e fazendo boas campanhas nas competições continentais. Depois de conquistar a Libertadores em 2016, os paisas só avançaram aos mata-matas no torneio continental em 2018, caindo logo nas oitavas para o Atlético Tucumán. Além disso, as trocas de técnicos constantes e a própria perda da hegemonia no Campeonato Colombiano sinalizam um atravancado processo de renovação em Medellín. Embora o time tenha feito bons jogos contra o Libertad, a Sul-Americana não passa de um prêmio de consolação.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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