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O Peñarol não encontrou concorrência e faturou o Torneio Apertura do Campeonato Uruguaio

Com um elenco cheio de medalhões, o Peñarol nadou de braçada para levar o Apertura - mesmo com o péssimo início na Copa Sul-Americana

O Campeonato Uruguaio possui um sistema de disputa distinto em relação a outros vizinhos da América do Sul. Apesar do modelo com Apertura e Clausura, esses troféus são apenas simbólicos. O campeão nacional mesmo só é confirmado no final da temporada, com a realização de uma fase decisiva. E o Peñarol, que ergueu o troféu do Apertura neste final de semana, se confirmou na etapa final. Os carboneros sobraram ao longo da competição e garantiram a conquista sem precisar entrar em campo, com uma rodada de antecedência. E a taça simbólica encerra uma seca curiosa: os carboneros não levavam o Apertura desde 2015.

Desde que os chamados “torneios curtos” passaram a ser adotados no Campeonato Uruguaio, nos anos 1990, o Peñarol tendeu a conquistar bem mais o Clausura que o Apertura. Os carboneros possuem dez troféus da competição que encerra o campeonato e chegaram ao quinto troféu do certame que abre a liga. Levaram o Apertura em 1995 e 1996, antes de um hiato só encerrado em 2012 e complementado em 2015. Isso até que os oito anos de espera acabasse novamente em 2023.

O Peñarol nadou de braçada ao longo desse Apertura. Os aurinegros assumiram a liderança na segunda rodada e não saíram mais. De início, Montevideo Wanderers e Defensor foram seus principais perseguidores. Atual campeão uruguaio, o Nacional começou mal a temporada e demorou a engrenar, se aproximando um pouco mais apenas nas rodadas recentes. Nada que custasse o sossego dos carboneros. Tanto é que o time entrará em campo nesta segunda-feira já como campeão. O empate por 2 a 2 entre Defensor e Nacional neste domingo bastou para que o Peñarol confirmasse seu título na penúltima rodada, antes mesmo de encarar o Racing. São quatro pontos de vantagem para a equipe, que venceu nove compromissos e perdeu apenas um.

O comandante do Peñarol nesta temporada é Alfredo Arias, rodado treinador de 64 anos. Fez um trabalho longo no Montevideo Wanderers, antes de conseguir relativo sucesso fora do país, especialmente à frente do Emelec. Também passou por diferentes clubes no Chile, na Bolívia e na Colômbia. Os carboneros ofereceram uma chance tardia para o veterano, mas ele aproveita. Arias já tinha vencido o Torneio Clausura uma vez em 2014, temporada na qual foi eleito o melhor treinador em atividade no Campeonato Uruguaio e terminou com o vice-campeonato na decisão anual. Agora, pode mirar o troféu principal no Campeón del Siglo.

Já dentro de campo, o Peñarol também investiu bastante em medalhões. O mercado de transferências garantiu nove jogadores que passaram dos 30 anos ou completarão tal idade nesta temporada. Carlos Sánchez e Abel Hernández são as figuras mais conhecidas, e contribuíram ao título com gols notáveis – em especial a bicicleta de Hernández diante do Plaza Colonia. De qualquer maneira, a sensação da equipe foi Matías Arezo. O atacante emprestado pelo Granada tem apenas 20 anos e anotou oito gols, artilheiro da competição. Não à toa, foi convocado para a seleção principal do Uruguai na última Data Fifa. O zagueiro Léo Coelho, que passou recentemente pelo Nacional, é o brasileiro do elenco.

Com o título, o Peñarol se confirma pelo menos nas semifinais da definição do Campeonato Uruguaio, que acontece no final do ano. De qualquer maneira, há chances de tentar antecipar o serviço. A conquista do Torneio Clausura pode dar o título automático, enquanto as vagas na Libertadores são definidas pela somatória anual de pontos – que também conta o Torneio Intermédio, no meio da temporada. É um pouco de alento aos carboneros, num ano que começou péssimo nos torneios continentais. Vale lembrar que os aurinegros perderam seus três primeiros compromissos na fase de grupos da Copa Sul-Americana, incluindo duas derrotas por 4 a 1, contra América Mineiro e Defensa y Justicia fora de casa.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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