O Equador anuncia Félix Sánchez como seu treinador para o ciclo da próxima Copa do Mundo

A federação do Equador anunciou neste sábado o novo treinador de sua seleção. E a aposta de La Tri será num comandante europeu: Félix Sánchez assumirá os equatorianos no próximo ciclo, em busca da Copa do Mundo de 2026. O espanhol deixou uma péssima impressão no Mundial de 2022, que culminou em sua saída da seleção do Catar. Mesmo assim, não se nega a qualidade do trabalho de uma maneira geral, sobretudo por levar os catarianos ao título da Copa da Ásia em 2019. A cartada do Equador se concentra não apenas nessa experiência de Sánchez, mas também em seu trato com as categorias de base.

Não é a primeira vez que a federação equatoriana flerta com um projeto espanhol, afinal. No início de 2020, Jordi Cruyff havia sido anunciado como novo técnico da seleção. A promessa era de que o filho de Johan Cruyff desenvolvesse o trabalho do time adulto e também orientasse as categorias de base com sua experiência no Barcelona. No fim das contas, com a pandemia, o contrato foi rompido antes mesmo que o técnico orientasse seu primeiro treino. Gustavo Alfaro assumiu o posto à frente de La Tri com uma filosofia bastante distinta, mais pragmático, mas que se casou melhor com as características do time equatoriano.

Alfaro teve grandes méritos ao promover vários jovens à seleção principal. O Equador fez uma grande campanha nas Eliminatórias e teve atuações positivas na Copa do Mundo, embora a classificação tenha escapado na última rodada. Adorado no país, Alfaro acabou saindo em litígio com a federação. O técnico argentino e sua comissão técnica processam a entidade nacional por conta de valores prometidos que não foram pagos. Desde então, La Tri flertou com Ricardo Gareca e a contratação não se consumou. Já nos últimos dias, se fortaleceram os rumores sobre Félix Sánchez, que se confirmaram neste sábado.

Sánchez deve oferecer um padrão de jogo diferente ao Equador. Em seus melhores momentos à frente do Catar, o técnico conseguiu desenvolver um futebol ofensivo. É um pouco diferente do que se notava com Alfaro, mais reativo, embora La Tri tenha feito algumas ótimas apresentações ao longo dos últimos anos. A grife do espanhol, contudo, corresponde novamente ao Barcelona que os equatorianos miraram com Jordi Cruyff. O técnico trabalhou por dez anos em La Masía, antes de se mudar ao Catar.

O trato com as categorias de base deve ser outro foco do Equador com Sánchez. O espanhol ainda passou sete anos na Academia Aspire, projeto catariano para o desenvolvimento de seus atletas, e foi de lá que se respaldou para as seleções locais. Nesse aspecto, há inclusive similaridades para o que se vive nos clubes equatorianos. As categorias de base do Independiente del Valle se inspiraram na Aspire e inclusive contrataram outros profissionais espanhóis que trabalharam no Catar. Um deles foi Miguel Ángel Ramírez. Em questão de metodologia, certamente existirão pontos em comum, já que o grosso do elenco de La Tri foi formado pelo IDV.

Entretanto, o contexto de trabalho de Félix Sánchez no Catar era muito específico. Tinha muitos recursos, sobretudo financeiros, e pouca pressão em termos de torcida. Essa noção no Equador será bastante distinta, com uma federação com entraves em suas finanças e um ambiente de bem mais cobranças. Independentemente disso, há chances de triunfar. La Tri conta com um elenco bastante jovem de uma maneira geral e com jogadores que tendem a crescer bastante ao longo do ciclo, em especial Moisés Caicedo. Será uma relação curiosa de se acompanhar – quem sabe, para Sánchez referendar que seu sucesso na Copa da Ásia não foi um ponto fora da curva e que, aos 47 anos, tem tempo para conquistar mais feitos no futebol de seleções.

✅ 10 años en @FCBmasia
✅ 7 años en @Aspire_Academy
✅ 10 años en la Selección de Qatar
? 2014 – Campeón de la
Copa Asia Sub20
?2019 – Campeón de la Copa Asia Selección mayor

¡Bienvenido a @LaTri! pic.twitter.com/yJJN2Rbxhn

— FEF ?? (@FEFecuador) March 11, 2023