Num amistoso de temperatura elevada, o Brasil reagiu e buscou o empate contra uma acesa Colômbia

Campeã da Copa América, a Seleção voltou a campo nesta sexta-feira, em mais um dos arrastados amistosos disputados no exterior. Desta vez, ao menos, o duelo contra a Colômbia em Miami teve lá os seus atrativos. Os Cafeteros estavam dispostos a vencer e fizeram um ótimo primeiro tempo, maltratando a defesa canarinho. Já na segunda etapa, o Brasil melhorou e deu sua resposta com o empate, fechando o placar por 2 a 2. Mesmo sem tanto valor, o duelo viu seus entreveros entre os jogadores e até lances desnecessariamente duros. De volta desde sua lesão às vésperas da Copa América, Neymar oscilou, mas se tornou um inescapável personagem. Vaiado pela torcida, deu uma assistência e fez um gol, além de sofrer um pênalti não marcado.
Tite não trouxe grandes novidades na escalação da Seleção. Ederson era um dos poucos reconhecidos, entrando no lugar do lesionado Alisson. Já na frente, a atração ficava por conta do retorno de Neymar, além da presença de Richarlison. Do outro lado, a Colômbia também utilizou sua base principal, mas sem as principais estrelas. Luis Muriel, Duván Zapata e Roger Martínez formavam uma veloz trinca de atacantes a Carlos Queiroz. Ainda foi uma ocasião festiva a David Ospina, em sua centésima partida pelos Cafeteros.
Durante o início de jogo, as diferenças entre as equipes ficaram evidentes. Enquanto o Brasil tinha dificuldades em sua armação, muitas vezes limitado ao jogo aéreo, a Colômbia conseguia explorar a marcação adiantada e expor a fragilidade defensiva dos adversários. Assim surgiram as primeiras chances de gol, com os colombianos levando mais perigo. Entretanto, uma cobrança de escanteio permitiu aos brasileiros abrirem o placar, aos 19 minutos. Neymar cruzou e Casemiro subiu com liberdade para cabecear, tirando do alcance de Ospina.
A vantagem do Brasil não durou por tanto tempo. A Colômbia manteve o seu ritmo e ganhou um pênalti a seu favor aos 25, num pé alto desnecessário de Alex Sandro. Muriel cobrou e tirou do alcance de Éderson. Os brasileiros dependiam basicamente dos avanços de Richarlison pela direita, o único jogador ofensivo realmente ligado na partida. Quase ele faria o segundo aos 27, após partir para cima da marcação e chutar cruzado, em bola que passou diante de Firmino. Ainda assim, a postura do atacante era pouco diante da superioridade colombiana, envolvendo com as boas tramas.
A Colômbia teria um gol anulado aos 29, em cobrança de falta para a área que Roger Martínez desviou em impedimento. Philippe Coutinho até cabeceou com perigo um cruzamento de Richarlison, pouco depois. Mas a balança penderia aos Cafeteros, quando um lindo contra-ataque rendeu o segundo gol aos 34. Martínez arrancou e aplicou um chapéu em Marquinhos. Zapata recebeu no meio e deu um tapa a Muriel, passando livre na direita. O ponta chutou com força e possibilitou a virada. O Brasil ainda poderia ter empatado antes do intervalo, em chegada desperdiçada por Richarlison e bola na qual Neymar carimbou Firmino. Apesar disso, não era uma atuação satisfatória, diante das limitações e dos problemas na marcação.
Rumo ao segundo tempo, o Brasil mostrou outra atitude. Conseguiu evitar a velocidade da Colômbia e teve mais volume no ataque. Coutinho deu o aviso, em chute com muito perigo. Já o empate aconteceu aos 13 minutos. Coutinho teve grande parte no gol, com um lançamento primoroso para encontrar Daniel Alves na direita. O lateral também cumpriu seu trabalho, através de um preciso cruzamento rasteiro. Neymar ficou com o mais fácil e, oportunista, completou na pequena área. O gol ajudou o camisa 10, mais confiante e participativo.
Não era uma atuação exuberante do Brasil, mas a equipe era superior à Colômbia nos 45 minutos finais. Os Cafeteros mal conseguiam se aproximar da área de Éderson, enquanto os brasileiros aproveitavam as ultrapassagens. Aos 28 minutos, Neymar partiu para cima de Davinson Sánchez dentro da área e foi empurrado pelo colombiano. Pênalti que o árbitro não anotou. O lance gerou confusão entre os jogadores e esquentou o clima do amistoso. Além disso, a repetição das imagens no telão, em jogo sem VAR, incomodou Neymar.
As muitas mudanças quebraram o ritmo da partida, mas a Seleção seguia mais à frente. Quando a Colômbia poderia marcar o terceiro, num raro ataque puxado por Orlando Berrío, Luis Díaz recebeu e se enroscou vergonhosamente com a bola, mesmo com vários companheiros aptos ao passe. Tite até deixou o time mais ofensivo, especialmente com a entrada de Bruno Henrique no lugar de Coutinho, mas não rolaram muitas chances além de algumas bolas espetadas na área. Não havia motivos para se esforçar, afinal. Com um tempo favorável a cada time, o empate era plenamente compreensível.
Até pela tranquilidade à Seleção, o amistoso não teve muita valia às observações. Richarlison aproveitou a chance, enquanto Coutinho e Casemiro participaram bem no meio. Já Neymar, para quem estava sem ritmo, fez valer sua entrada e rendeu acima das expectativas, apesar do fraco primeiro tempo. Mas dava para oferecer mais minutos a outros jogadores que podem ascender. E a preocupação fica pela maneira como a defesa sofreu, sobretudo em lances pela lateral.
Missão cumprida na Copa América, não há grandes pressões ao Brasil no momento. Por isso mesmo, Tite poderia ter rodado mais a equipe. Fica a ocasião desperdiçada, em que a Colômbia demonstrou outra vez um bom nível para lutar pelas primeiras posições nas Eliminatórias. A postura do time de Carlos Queiroz foi essencial para elevar a temperatura do amistoso e permitir algum entretenimento.
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