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Millonarios bate o Atlético Nacional em final inédita no Apertura da Colômbia

Disputa de pênaltis foi necessária para definir o campeão em um jogaço

A noite de sábado (24) na Colômbia marcou uma decisão que o público jamais havia visto. Não necessariamente pela série de eventos que ocorreram, mas pelo ineditismo do confronto entre dois gigantes do país. Millonarios e Atlético Nacional se bicaram para reviver a maior rivalidade que o futebol colombiano já produziu. E nos pênaltis, deu Millonarios.

As campanhas foram bem similares ao longo do Apertura, com o Nacional liderando e os Millos vindo logo atrás. O time de Paulo Autuori, embora seja o maior campeão local e com glórias continentais, não exibiu nos 180 minutos da final um futebol exuberante. Na ida, em Medellín, um empate de 0 a 0 não contou com a melhor versão dos dois times. Ontem, na volta, disputada no El Campín de Bogotá, a coisa mudou de figura.

Postado mais na defesa e sem conseguir circular a bola, o Nacional dificilmente chegava ao gol adversário. Só que o talento faz diferença e, aos 31′, uma belíssima jogada de poucos toques acabou nas redes de Álvaro Montero. Danovis Banguero desceu até a ponta-esquerda e cruzou para a área, para a finalização do matador Jeferson Duque.

Foi praticamente o único lance de perigo do Nacional durante toda a partida. Dominado pelo time de Alberto Gameiro, o esquadrão verdolaga mal viu a cor da bola, mas sua segurança defensiva impediu que o placar fosse dilatado para os mandantes. Sem perder a calma, o Millonarios subiu suas linhas e tentou articular o empate, que demorou para sair. Até que isso acontecesse, uma série de chutes foram barrados pelo goleiro Kevin Mier, que teve grande noite.

A melhor defesa de Mier foi no minuto 67, em um cruzamento para a área. Uma cabeçada à queima roupa foi na direção do gol e ele se esticou para salvar com uma só mão. No rebote, fez igual e afastou de soco o perigo. Ali, parecia que o Nacional venceria depois de sofrer um bombardeio em sua área.

A persistência compensou: aos 70, em bate-rebate na área alviverde, o gol dos Millos saiu. A zaga bloqueou uma primeira tentativa pelo chão, mas a sobra ficou com o zagueiro Andrés Llinas, que emendou um domínio com o quadril e chicoteou para as redes. A vantagem psicológica, agora, estava do lado azul, até o fim. E eles bem que tentaram vencer Mier, mas com bola rolando, isso se provou uma missão impossível.

E aí chegaram as penalidades. O árbitro se enrolou nos minutos finais, por conta de substituições feitas por Autuori, e acabou dando mais tempo para o Nacional tentar um último ataque. Que foi infrutífero, mas permitiu o ingresso de Jarlan Barrera, conhecido pelo público brasileiro por perder dois pênaltis contra o Athletico na final da Copa Sul-Americana em 2018. Autuori tirou o meia do banco apenas para a finalidade de cobrar por último pelos Verdolagas. Como se sabe, essa estratégia raramente dá certo, uma vez que o atleta está frio e não teve a chance de se envolver emocionalmente no drama da partida.

Foram cobranças bastante tensas, com defesas de Montero e Mier, que confirmaram suas habilidades debaixo das traves. Dorlan Pabón e Jader Valencia abriram a série com chutes horrorosos por cima da trave. Na vez de Duque, Montero fez uma defesaça, mas a arbitragem entendeu que ele se adiantou, mandando voltar. Duque bateu do mesmo jeito e fez. A sequência teve erros de Christian Zapata (aquele) e Luiz Carlos Ruiz, o que intensificou a tensão na marca da cal. E aí chegou a hora de Barrera tentar a sorte, fechando a série do Nacional. O meia foi bem devagar para a bola e tentou um gracejo antes de bater baixo e sem força no canto direito. Montero defendeu tranquilamente, para desespero do camisa 10 verdolaga. Larry Vásquez aproveitou bem o match point e deu o título ao Millonarios.

A festa em Bogotá foi imensa. Afinal, no primeiro encontro entre os rivais, valendo taça, os azuis triunfaram. Foi o 16º título da equipe de Gamero na história, e agora a distância para o Nacional, que encabeça o grupo dos campeões, é de apenas uma taça. O América de Cali vem logo atrás, com 15 conquistas.

Foto de Felipe Portes

Felipe Portes

Felipe Portes é zagueiro ocasional, cruyffista irremediável e desenhista em Instagram.com/draw.portes
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