‘Às vezes o time brasileiro na Libertadores já viaja derrotado para o jogo na altitude’
No Trivela FC, Tim Vickery destaca a preparação do Bahia para enfrentar o The Strongest na próxima terça-feira (18)

Em pouco menos de uma semana, o Bahia vai voltar a disputar uma partida de Libertadores após 36 anos longe da competição. Oitavo colocado no Brasileirão de 2024, o tricolor da boa terra garantiu uma das duas vagas brasileiras para a fase classificatória da principal competição do continente.
Mas nem tudo são flores e festa para os baianos. O primeiro adversário deste retorno do Bahia à Libertadores é logo o The Strongest, na tão temida altitude da Bolívia. E a menos de uma semana do confronto, o Bahia já sabe qual vai ser o tamanho do problema que vai enfrentar.
O duelo contra o The Strongest será no estádio Hermano Siles, em La Paz, capital da Bolívia, que fica a 3.640 metros acima do nível do mar. Mas poderia ser pior.
Apesar do The Strongest mandar os seus jogos no Hermano Siles, havia a possibilidade do jogo acontecer no Municipal de El Alto, em El Alto, um distrito de La Paz, a 4.150 metros de altitude.
Inclusive, o Municipal de El Alto é onde a seleção boliviana mandou os seus últimos três duelos pelas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026, além de ser o segundo mais alto do mundo, atrás apenas do estádio Daniel Alcides Carrión, no Peru, que fica a cerca de 4.380 metros de altitude.
‘Às vezes eu acho que o time brasileiro é derrotado antes de ir'
O fato é que, independente do estádio escolhido pelo The Strongest, o Bahia vai precisar entrar atento e ligado no que precisa fazer para sair da Bolívia com o melhor resultado possível para o jogo da volta, no dia 25, na Fonte Nova.
Durante o Trivela FC, no canal de YouTube da Trivela, Tim Vickery comentou sobre a estratégia que o Bahia deve usar para enfrentar os quase 4 mil metros — ou mais — de altitude.
— Imagino que a filosofia do Bahia vai ser de limitação de danos. Você tem que se preparar para um jogo diferente, porque é um jogo diferente. Obviamente, você precisa minimizar ao máximo a distância que corre, porque não tem oxigênio suficiente no ar — disse o colunista e comentarista da Trivela.
Não é impossível sair da altitude da Bolívia com um resultado positivo, mas sem dúvidas é muito difícil. De 2021 para cá, os últimos cinco brasileiros que enfrentaram o The Strongest voltaram derrotados do Hermano Siles. A última vitória brasileira aconteceu em 2013, quando o Atlético-MG venceu por 2 a 1.

— Isso tem sido um problema para os brasileiros. É um problema para qualquer visitante, mas para os brasileiros tem sido pior ainda. Às vezes eu acho que o time brasileiro é derrotado antes de ir. Já cria um monstro tão grande sobre a altitude. Cabe ao Bahia administrar isso — destacou Tim.
Últimos jogos brasileiros contra o The Strongest
- The Strongest 2 x 0 Grêmio (2024, Libertadores)
- The Strongest 1 x 0 Fluminense (2023, Libertadores)
- The Strongest 5 x 0 Athletico-PR (2022, Libertadores)
- The Strongest 1 x 2 Ceará (2022, Sul-Americana)
- The Strongest 2 x 1 Santos (2021, Libertadores)
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Preparação especial e viagem antecipada
O Bahia tem tomando uma série de cuidados sobre a preparação. O tricolor divulgou na semana passada que vem se preparando para o duelo na altitude a mais de um mês, desde que o sorteio, no fim de dezembro, colocou o time boliviano no caminho dos baianos.
Desde a reapresentação da equipe no início de janeiro, os jogadores têm feito trabalhos usando equipamentos que simulam o ambiente de altitude, incluindo questões de nutrição.
Mas, além disso, o tricolor tem como treinador um dos jogadores que mais sabem o que é enfrentar os mais de 3.500 metros do Hermano Siles: o técnico Rogério Ceni.

O comandante do Bahia já enfrentou o The Strongest lá na Bolívia três vezes em sua carreira, e saiu de lá com as três emoções possíveis no futebol: uma vitória, um empate e uma derrota. A última vez em que jogou na Bolívia foi em 2013, pela Libertadores. Apesar de ter marcado um gol de pênalti, o São Paulo de Rogério Ceni foi derrotado por 1 a 0.
— O que muita gente faz é: vai para Santa Cruz de La Sierra e viaja para altitude o mais próximo possível para o jogo, já que o efeito fisiológico é menor. Fisiologicamente pode ser pior, mas psicologicamente e tecnicamente é muito melhor, porque o jogador treina um pouco e fica mais acostumado com as condições, começa a entender o que pode e não pode fazer — destacou Tim Vickery, no Trivela FC.
Histórico de Rogério Ceni contra o The Strongest
- The Strongest 2 x 1 São Paulo (2013, Libertadores)
- The Strongest 3 x 3 São Paulo (2005, Libertadores)
- The Strongest 1 x 4 São Paulo (2003, Sul-Americana)
E é exatamente isso que o Bahia vai fazer. Os dois goleiros principais da equipe, Danilo Fernandes e Marcos Felipe, vão antecipar a viagem para La Paz. A dupla deve embarcar na quinta-feira, cinco dias antes do jogo, e antes do restante da delegação tricolor.
A ideia da comissão técnica tricolor é garantir que os arqueiros estejam melhor preparados para os cenários possíveis, e se acostumarem com o tempo de reação, velocidade da bola e mudança de trajetória.
— A retrospectiva mostra que é possível. O que você não quer fazer na altitude? Ter que buscar o jogo. Mas o Paraguai, no último jogo [contra a Bolívia, pela Eliminatórias] foi buscar e empatou por 2 a 2 com gol de empate no último minuto. É possível — finalizou Tim.
Trivela estreia novo programa no YouTube
O leitor da Trivela agora tem um novo compromisso semanal às terças. A Trivela lançou em seu canal do YouTube seu novo programa: Trivela FC.
Comandado por Márcio Júnior, sempre às 15h, o programa terá a participação dos colunistas — e agora comentaristas — Tim Vickery e Andrey Raychtock para debater e contar histórias do que há de melhor e mais interessante no esporte.
Os três primeiros episódios que foram ao ar estão disponíveis completos no YouTube da Trivela para você ver e rever. Aproveite e siga o canal da Trivela.