O pênalti miserável de Matías Suárez garantiu um bem-vindo empate ao Cruzeiro no Monumental

O Cruzeiro iniciou sua jornada nas oitavas de final da Copa Libertadores com uma missão pesadíssima. A equipe de Mano Menezes precisava encarar o River Plate dentro do Monumental de Núñez. Não bastasse o tamanho do adversário, a fase reticente dos últimos meses surgia como outro fantasma aos celestes. No entanto, considerando o aperto vivido no início e no final do jogo, o saldo é favorável à Raposa nesta partida de ida. A pressão dos millonarios não surtiu efeito e, no último lance da partida, Matías Suárez fez o favor de perder um pênalti. O empate por 0 a 0 pende aos cruzeirenses, que terão sua chance de derrubar os argentinos com uma vitória simples no Mineirão.
Era de se esperar que o Cruzeiro começasse a partida na defesa e o River Plate tomasse a iniciativa. Ainda assim, o primeiro tempo viu um sufoco imenso dos celestes. Não tanto por chances de gol criadas pelos millonarios, mas pela postura de ambas as equipes. O time de Marcelo Gallardo se impunha no campo de ataque e tinha muita facilidade para trabalhar os passes na intermediária. A equipe de Mano Menezes, por outro lado, se entrincheirava ao redor da área e mal conseguia passar da linha central. O lado esquerdo da defesa era o mais atacado. Prometiam-se 90 minutos de provação ao torcedor cruzeirense.
Pelo volume de jogo, no entanto, o River Plate não teve tantas oportunidades de marcar. O primeiro lance de perigo só veio aos 24 minutos. Julián Álvarez desviou de cabeça, Fábio rebateu para frente e Ignacio Fernández desperdiçou o rebote, com a meta escancarada à sua frente. Depois, só aos 40 é que os millonarios voltariam a exigir o trabalho de Fábio. Nicolás de La Cruz tentou, mas o veterano segurou firme a bola que ia em direção ao canto. Depois, Robert Rojas cabeceou por cima do travessão, sem transformar a superioridade em gols. Apesar do suor cruzeirense atrás, a equipe trancava bem sua área, com atuação destacada de Dedé.
Algo fundamental ao empate do Cruzeiro seria a mudança de postura do time rumo ao segundo tempo. Mano Menezes trocou Robinho por Ariel Cabral e a Raposa começou a ganhar o meio-campo, finalmente saindo ao ataque durante os primeiros minutos. O time chegou a ter um gol anulado aos dois, a partir de uma boa troca de passes. Marquinhos Gabriel recebeu a enfiada e tocou na saída de Franco Armani, mas estava ligeiramente impedido. O tento só foi cancelado com auxílio do VAR. De qualquer maneira, os celestes se faziam bem mais presentes. Pedro Rocha incomodava pela esquerda, pecando na tomada de decisões. Não seria surpreendente se o momento rendesse a vantagem aos mineiros.
O Cruzeiro ganhou mais energia com a entrada de David no setor ofensivo, mas também o River Plate se beneficiou com a incursão de Lucas Pratto. A partir dos 20 minutos, os millonarios retomaram o controle da partida, se postando à frente. Prevalecia a dificuldade na criação e a solidez defensiva dos mineiros, até que o abafa começasse a dar resultado nos minutos finais. O jogo pelo alto era o caminho aos argentinos. Pratto cabeceou com perigo após uma saída ruim de Fábio. No minuto seguinte, o goleiro se redimiu com ótima defesa em bola desviada, antes que os anfitriões reclamassem de pênalti em toque de Orejuela. A revisão no vídeo aconteceu e a arbitragem não viu irregularidade na jogada.
O River Plate parecia fadado ao empate, até que a jogada mais importante da noite acontecesse já nos segundos derradeiros, a partir de uma bola levantada contra a área do Cruzeiro. Pratto tentou subir e teve sua camisa puxada de maneira infantil por Henrique. Após a consulta ao VAR, desta vez o árbitro marcou. Matías Suárez partiu para a cobrança. E chutou miseravelmente, por cima do travessão. Aliviados, os cruzeirenses puderam comemorar um interessante resultado.
Atual campeão da Libertadores, o River Plate tem um dos melhores times do continente e, mais do que isso, também uma das equipes mais copeiras. Todavia, entre mudanças do elenco e ausência de jogadores importantes, a fase de grupos já mostrou que o favoritismo da equipe de Marcelo Gallardo é questionável. O Cruzeiro vê uma ótima chance de derrubá-los no Mineirão. A lição deixada em 2015, com a derrota por 3 a 0 em Belo Horizonte, mostra que todo cuidado celeste será necessário contra um adversário traiçoeiro. Mas, pelas dificuldades que se desenhavam no Monumental, o empate é mais do que bem-vindo aos cruzeirenses.