Libertadores

O Grêmio teve uma reação maiúscula para confirmar sua classificação na Libertadores

Não foi um jogo no qual os batimentos cardíacos dos gremistas se mantiveram tranquilos durante os 90 minutos. Houve momentos de taquicardia. No entanto, se o coração saltava no peito dos tricolores durante o apito final, era mais por orgulho pela imposição de seu time na Copa Libertadores. O Grêmio saiu em desvantagem, mas virou o placar e eliminou o Godoy Cruz com autoridade. A vitória por 2 a 1 em Porto Alegre complementa o triunfo por 1 a 0 em Mendoza e reafirma o time de Renato Portaluppi entre os favoritos à taça continental. Especialmente pela qualidade abundante em seu elenco, protagonizado mais uma vez pelo iluminado Pedro Rocha. Vivendo excelente fase nas últimas semanas, o atacante tratou de confirmar a classificação, autor de ambos os gols dos gaúchos.

Os primeiros minutos, de qualquer forma, provocaram calafrios nos torcedores presentes na Arena. O Godoy Cruz começou a partida com a iniciativa, pressionando no campo de ataque e forçando Marcelo Grohe a trabalhar. O goleiro fez duas ótimas defesas nos dois primeiros ataques dos argentinos – ainda que em um a “conclusão” tenha vindo do próprio companheiro Michel. O ídolo gremista, entretanto, não conseguiu evitar o gol dos visitantes aos 13 minutos. Javier Correa arriscou um chutaço do meio da rua e pegou o goleiro desprevenido. A bola passou por entre as mãos de Grohe, que não conseguiu espalmar com força suficiente, e tocou o travessão antes de entrar.

O Grêmio não demorou a reagir. Logo nos minutos seguintes, Luan fez boa jogada na entrada da área e mandou a bola na trave, após desvio do goleiro Leonardo Burián. Além disso, Kannemann ainda teve um tento anulado pela arbitragem, em impedimento de Geromel. Mas o gol seria inevitável aos 28. Burián bateu roupa após arremate de Luan e deixou a bola nos pés de Barrios. O paraguaio mandou o rebote para Pedro Rocha, livre dentro da área, escorar para as redes. A situação voltava a se tranquilizar para os gremistas, mas não brecaria o bom momento do time. Os gaúchos seguiram mandando nas ações até o final do primeiro tempo, inclusive com uma bola de Barrios no travessão, apesar da partida já paralisada.

Recuado, o Godoy Cruz esperava uma chance fortuita, em contra-ataques ou bolas paradas. O Grêmio, por sua vez, voltou para o segundo tempo querendo resolver. Pedro Rocha chamava a responsabilidade. E a bola sorriu para ele aos 13 minutos, em contragolpe fulminante dos tricolores. A belíssima jogada começou graças a Geromel, roubando a bola e iniciando o ataque. Luan recebeu após a arrancada do zagueiro e passou para Barrios chutar cruzado. Mais uma vez o centroavante carimbou o poste, mas Pedro Rocha estava no lugar certo para decretar a virada. Naquele momento, os argentinos precisariam de dois gols para se classificar.

Apesar da necessidade, o Godoy Cruz pouco fez na meia hora final da partida. O Grêmio passou a se resguardar mais, embora seguisse com o duelo sob controle. A partir dos 30 minutos, Renato Gaúcho renovou as energias do seu time para conter qualquer tentativa dos argentinos, mas nem precisou se preocupar tanto. O único lamento dos gremistas veio mesmo nos acréscimos, quando Michel recebeu o segundo amarelo e foi expulso. Mesmo assim, nada que diminuísse a grande atuação de sua equipe.

A noite na Arena do Grêmio serviu para que os tricolores reafirmassem a idolatria por algumas das principais figuras do time, especialmente por Luan. Diante de sua possível venda à Europa, inclusive com a presença de olheiros nas tribunas, o camisa 7 fez ótima partida. Ao final do jogo, teve o seu nome gritado pela torcida. Sem dúvidas, é um dos principais responsáveis pelo sucesso dos gremistas e o desejo geral é o de que ele fique, apesar da consciência sobre as chances da saída imediata. Os torcedores sabem, afinal, que o time é bem mais forte com o seu maior talento individual. E já olham para frente, aguardando Botafogo ou Nacional de Montevidéu no confronto das quartas de final.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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