Libertadores

O Bolívar sobreviveu na Baixada e, graças aos pênaltis, tirou o Furacão da Libertadores

O Athletico Paranaense devolveu a diferença de gols da ida e até tentou a classificação no tempo normal, mas o Bolívar resistiu até os pênaltis e avançou com mais precisão

A Libertadores acabou cedo para o Athletico Paranaense. Dentro da Arena da Baixada, o Furacão sucumbiu diante do Bolívar e, nos pênaltis, se despediu nas oitavas de final da competição. A missão dos rubro-negros não era simples, depois da derrota por 3 a 1 na ida em La Paz. Nesta terça-feira, os athleticanos tiveram mais volume de jogo, mas não necessariamente o futebol mais contundente. Apesar dos problemas, Vítor Roque e Canobbio foram essenciais para a vitória por 2 a 0. O resultado ainda dava uma sobrevida aos bolivianos nos pênaltis. E os paceños foram mais competentes na marca da cal: venceram por 5 a 4, com Thiago Heleno carimbando o travessão na quinta cobrança do Athletico. O Bolívar avança muito graças à capacidade demonstrada em casa e pegará o Internacional nas quartas de final. É a primeira vez desde 2014 que o clube chega tão longe no torneio.

O Athletico Paranaense tinha novidades em relação à escalação na ida. Thiago Heleno voltava à defesa, ao lado de Zé Ivaldo. O meio contava com Fernandinho, Erick e Arturo Vidal. Já na frente, Canobbio e Pablo se aproximavam de Vítor Roque. O Bolívar, por sua vez, reforçava sua defesa com cinco homens. O ataque trazia novamente Ronnie Fernández e Francisco da Costa, com um meio tarimbado com o trio composto por Patito Rodríguez, Leonel Justiniano e Diego Bejarano.

Fernandinho abre a contagem

O Athletico estava aceso desde os primeiros minutos. Vítor Roque participava bastante e auxiliava a imposição dos rubro-negros, com volume de jogo no ataque e pressão sobre a saída de bola dos adversários. Ainda levou um tempo para o Furacão ameaçar o primeiro gol. E também era necessário tomar cuidado contra o Bolívar. Fernandinho seria providencial num carrinho aos dez minutos, quando os paceños buscavam uma escapada. De qualquer maneira, a superioridade era dos rubro-negros, que forçavam faltas e escanteios, mas pecavam na hora de criar e concluir.

O Bolívar tinha espasmos na Arena da Baixada, mas não repetia o bom futebol visto no Hernando Siles. O Athletico era o dono da noite e teve seu grande momento aos 27 minutos, num chute de Canobbio que explodiu no braço da marcação. Pênalti para o Furacão. Fernandinho cobrou e chutou firme, no canto direito. Carlos Lampe não alcançou a bola nem acertando o canto. A partir de então, os athleticanos passariam a acreditar ainda mais e aumentariam o abafa no ataque.

A reta final do primeiro tempo era do Athletico. A equipe rodava a área e buscava uma brecha para ampliar. Vítor Roque voltou a incomodar. O garoto seria travado num bom lance individual. Depois, infernizou a marcação numa tentativa que acabou anulada por impedimento, com dois tiros rifados pela zaga. O Bolívar estava nas cordas, mas conseguiu sobreviver e reduzir o ímpeto dos rubro-negros pouco antes do intervalo. Quase o empate dos celestes pintou, num lance fortuito.

Numa bola alçada na área aos 45, a defesa do Athletico cochilou. Francisco da Costa conseguiu achar o passe e Patito Rodríguez apareceu livre dentro da área. Ficou fácil para o veterano balançar as redes. A arbitragem, todavia, anulou o lance por falta – numa marcação bem discutível, que favoreceu os paranaenses, prejudicados na ida em La Paz. A partida ficou tensa, com muita confusão e distribuição de amarelos. Mesmo na retomada, outros desentendimentos entre os jogadores aconteceram. Os longos acréscimos permitiram mais algumas chegadas do Furacão. Khellven mandou um tiro por cima, enquanto Vítor Roque cabeceou sem direção.

Vítor Roque mantém o Furacão vivo

O segundo tempo voltou animado. Inclusive com o Bolívar disposto a marcar. Numa bola alçada na área, Nicolas Ferreyra desviou de cabeça e Bento realizou uma defesa importante. O Athletico tentava aplicar uma correria, mas não era efetivo. Mais uma vez, os rubro-negros pecavam na criação e dependiam demais da iniciativa de Vítor Roque e de Canobbio. Os rubro-negros pareciam mais desatentos na defesa, também. E o time se safou do empate aos 12 minutos. Bento chegou a fazer um milagre contra Ronnie Fernández e Thiago Heleno salvou uma bola em cima da linha. Por sorte, acabou sendo anotado o impedimento.

O Athletico Paranaense demorava a mexer na equipe. O Bolívar até ganhou força no ataque antes, com Bruno Sávio no lugar de Patito Rodríguez aos 15. Quando o Furacão voltou a assustar, seria numa cabeçada sem direção. Aos 16, Pablo deu lugar a Vítor Bueno, para tentar melhorar a criação. Ainda faltava mais clareza nas ideias do time, com um segundo tempo equilibrado. Todavia, o chuveirinho deu resultado: assim pintou o segundo gol athleticano, aos 22 minutos. Num lance disputado na entrada da área, Canobbio deu o passe rasteiro e Vítor Roque estava sozinho dentro da área. Erro crasso dos bolivianos. O atacante dominou com espaço, chutou rasteiro e venceu Lampe.

Mais uma vez, o gol animou o Athletico. Os rubro-negros voltaram a crescer, em busca do tento que resolveria a partida. A defesa do Bolívar tinha mais dificuldades de conter a blitz. Canobbio teve a chance de resolver, mas perdeu bom lance aos 28. Os bolivianos ainda escaparam de uma expulsão, quando Bryan Bentaberry acertou Vítor Bueno e só recebeu o amarelo. Entretanto, mais uma vez o Furacão perdeu o ritmo. A partida voltou a se concentrar mais na intermediária depois dos 30 minutos. E impressionava como o técnico Wesley Carvalho não acionava o banco, mesmo com o desgaste de seu time.

Canobbio teve grande chance de resolver a partida aos 42. O uruguaio arriscou o chute rasteiro, com liberdade dentro da área. Acertou a trave, numa bola que ainda bateu na nuca de Lampe e saiu pela linha de fundo. O Athletico voltava a tentar um esforço final para decidir a parada no tempo normal. Durante os acréscimos, Marcelo Cirino virou aposta na vaga de Canobbio. Vítor Roque tentou cavar um pênalti, enquanto Vidal sofreu uma falta perigosa na entrada da área. No último suspiro, a cobrança não foi boa. O destino seria mesmo definido nos pênaltis.

Os pênaltis

O Bolívar iniciou a série de cobranças. Bejarano inaugurou a contagem para os paceños. Logo depois, Marcelo Cirino riu na cara do perigo: bateu mal e Lampe pegou, mas a bola espirrou para trás e entrou. Tudo igual. Justiniano recolocou os celestes à frente, antes de Vítor Bueno empatar. Fernando Salcedo e Fernandinho anotaram na terceira série. Bento chegou a tocar no chute de Carmelo Algarañaz, mas não impediu o quarto gol boliviano. Vidal guardou na sequência o quarto do Furacão. Já no quinto tiro, Bruno Sávio só deslocou Bento. Caberia a Thiago Heleno manter a igualdade, mas o capitão carimbou o travessão e lamentou.

O Athletico Paranaense cai antes do esperado na Libertadores. Os rubro-negros fizeram uma partida fraca em La Paz e oscilaram na Arena da Baixada, mesmo com a superioridade. Era um duelo que dava para resolver com bola rolando, por aquilo que os rubro-negros buscaram, mas faltou produzir um futebol mais qualificado e menos dependente das individualidades. Enquanto isso, o Bolívar mostrou seus predicados. Foi uma atuação ruim em Curitiba, mas a apresentação no Hernando Siles corresponde à classificação – mesmo que os athleticanos reclamem da arbitragem na ocasião.

Os números do jogo

  • Posse de bola: Athletico 65% x 35% Bolívar
  • Finalizações: Athletico 18 x 12 Bolívar
  • Finalizações no alvo: Athletico 3 x 1 Bolívar
  • Escanteios: Athletico 8 x 2 Bolívar
  • Faltas: Athletico 15 x 13 Bolívar
Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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