O Athletico-PR x Palmeiras guarda diversos reencontros, em clubes que compartilham figuras marcantes de suas histórias
Os links são expressos entre os dois times atuais, mas alguns ídolos históricos também são compartilhados pelas torcidas
O Athletico Paranaense x Palmeiras pela Copa Libertadores guardará uma série de reencontros. A base vitoriosa dos palmeirenses conta com antigos ídolos athleticanos. Weverton é a maior figura em ambos os clubes. Rony e Raphael Veiga também deixaram seus nomes marcados no Furacão, com títulos importantes na Baixada. Já do outro lado, os rubro-negros se valem da experiência de Felipão, um dos maiores treinadores da história palestrina. As relações cruzadas ainda guardam nomes importantes que não necessariamente se marcaram de ambos os lados, como Thiago Heleno ou Breno Lopes. De qualquer maneira, as semifinais da Libertadores reforçam caminhos paralelos entre os dois clubes graças aos personagens em comum.
O primeiro ídolo de Palmeiras e Athletico Paranaense é Djalma Santos. O lateral direito experimentou enormes sucessos em seus nove anos alviverdes, após deixar a Portuguesa já como campeão do mundo em 1958. Salientou seu posto entre os melhores defensores do planeta, com uma coleção de títulos principalmente na primeira Academia palmeirense e faturou novas taças com a Seleção. Difícil pensar numa equipe ideal do Palmeiras que não traga o lateral como titular, mesmo com a concorrência de Arce pelo posto. Djalma disputou 497 partidas com a camisa palestrina e permanece como oitavo atleta que mais defendeu o clube na história.
A mudança de Djalma Santos para a Baixada aconteceu em 1968, quando o lateral de 39 anos se aproximava do fim de sua carreira. Enganou-se, porém, quem pensava que o craque estava apenas a passeio no Athletico Paranaense. Ao lado de outros veteranos como Bellini e Dorval, ele ajudou a formar uma das equipes mais memoráveis da história do Furacão, incluindo ainda destaques mais jovens como Sicupira e Nilson Borges. Levaram o Campeonato Paranaense de 1970, que encerrou um jejum de 12 anos sem o troféu. Djalma costuma constar nas listas de maiores ídolos athleticanos. Aposentou-se no clube, às vésperas de completar 42 anos.
Décadas se passaram até que o próximo talento arrebatasse tanto a torcida do Athletico quanto a do Palmeiras. E foram os rubro-negros que conheceram primeiro o faro de gol de Oséas. O centroavante que começou no Galícia rodou por diferentes clubes, até trocar o Uberlândia pelo Furacão em 1995. Seria decisivo para restabelecer os paranaenses como um clube de elite no futebol brasileiro. Oséas seria muito importante para que o Athletico conquistasse a Série B em 1995, terminando como artilheiro da competição. De qualquer maneira, seu momento mais memorável ocorreu mesmo na boa campanha athleticana no Brasileirão de 1996. Formou uma infernal dupla com Paulo Rink. Viraria até jogador da Seleção.
O Palmeiras seria o próximo clube de Oséas, a partir de 1997. O centroavante se tornou um dos reforços no endinheirado projeto da Parmalat e se estabeleceu como uma peça fundamental para a filosofia de jogo aplicada por Felipão, em especial por sua força no jogo aéreo. Foi um dos melhores camisas 9 que passaram pelo Palestra Itália. Oséas viveu um grande ano em 1998, com as conquistas da Copa Mercosul e principalmente da Copa do Brasil, que teve um gol do baiano para confirmar o troféu palmeirense. Ainda assim, o ápice estava por vir na Libertadores de 1999. Oseinha de novo desequilibrou, com o gol na decisão que forçou a disputa por pênaltis contra o Deportivo Cali – e que garantiu o título.
Um dos responsáveis por fazer a torcida do Athletico se esquecer de Oséas foi Alex Mineiro. O atacante precisou de meses para marcar seu nome na história do Furacão, naquele mágico ano de 2001. Trocado com o Cruzeiro, o artilheiro foi o grande responsável por levar os rubro-negros ao título no Campeonato Brasileiro, com um desempenho demolidor nos mata-matas. Foram quatro gols nas decisões diante do São Caetano. Já eternizado na história do clube, Alex Mineiro teve ainda outras duas passagens pela Baixada posteriormente e fincou mais suas raízes. É o mais paranaense dos mineiros, face principal naquele que costuma ser considerado como título mais importante da história do Furacão.
A passagem de Alex Mineiro pelo Palmeiras seria bem mais curta, em 2008. Ocorreu num momento de vacas magras do clube, no qual o atacante ajudou a oferecer uma das raras alegrias, com a conquista do Campeonato Paulista. Alex foi o artilheiro da competição, crescendo nos momentos decisivos, com gols essenciais na semifinal contra o São Paulo e na decisão diante da Ponte Preta. Manteve uma boa média de gols, com 37 tentos em 63 aparições pelo clube. Além disso, costuma ser tratado pelos palmeirenses como um dos jogadores mais técnicos que passaram em tempos difíceis. Deixou sua marca, mesmo em tão pouco tempo.
Essa idolatria compartilhada por Athletico Paranaense e Palmeiras se reviveu com Weverton. O goleiro chegou na Baixada para disputar a Série B e saiu como herói no ouro olímpico com a Seleção. Mesmo que não tenha participado das principais conquistas do Furacão, a qualidade pelos rubro-negros falava por si. O Palmeiras fez a contratação quando sua meta parecia bem servida, com os veteranos Fernando Prass e Jaílson ainda à disposição. Weverton conseguiu se fazer mais importante do que muitos apostavam, pela forma como sustentou a equipe na série de conquistas recente. Já são sete troféus com os alviverdes, com destaque especial para as duas edições da Libertadores. É o melhor goleiro do continente nos últimos anos.
Raphael Veiga, cria da base do Palmeiras, aproveitou sua estadia no Athletico Paranaense para deslanchar. O ano de 2018 com os rubro-negros fez muito bem ao seu futebol, com a conquista da Copa Sul-Americana, para ganhar confiança e confirmar seu talento. As coisas não ocorreriam de maneira tão automática na volta ao Allianz Parque, mas não se nega o peso que a Baixada teve para que o armador se firmasse como um dos principais jogadores palmeirenses. Já Rony levou a Sul-Americana em 2018 e também a Copa do Brasil de 2019 pelo Athletico. Era um símbolo da intensidade dos rubro-negros. Houve quem questionasse a aposta feita pelo Palmeiras logo depois. A resposta vem no apreço especial pela Libertadores, nome obrigatório no atual bicampeonato dos palestrinos.
E se de um lado o Athletico Paranaense sabe que o Palmeiras se valeu de talentos rubro-negros para se fortalecer, do outro a competitividade atual dos athleticanos se molda por um técnico que registrou algumas de suas principais conquistas em verde e branco. Felipão era uma aposta contestável do Furacão, pela maneira como se encaminhava ao final da carreira. Conseguiu se reerguer levando o atual time além de suas expectativas. A Libertadores, que ele conhece tão bem, permanece como um sonho. Esse impacto em vermelho e preto talvez sirva de grand finale a uma trajetória fantástica, que teve um de seus pontos altos exatamente em conquistas históricas palmeirenses.