Libertadores

Marcelo do Real Madrid? Não, do Fluminense: retorno e títulos transformam lateral em ídolo eterno

Lateral volta ao Fluminense após 17 anos, conquista títulos históricos e se eterniza como ídolo com identificação com clube do coração

Marcelo, do Fluminense. Depois de 17 anos e incontáveis títulos pelo Real Madrid, o melhor lateral-esquerdo de sua geração em todo o mundo voltou para casa, participou de conquistas históricas e se eternizou no clube de seu coração. Aos 35 anos, o jogador se transformou em ídolo e reforçou sua identificação com o Tricolor, coroando o retorno com o inédito título da Libertadores.

A história contada desse jeito em 2023 pode não parecer, mas é surpreendente. Por anos, muita gente nas Laranjeiras jurava que Marcelo passaria toda a sua vida na Europa e só voltaria ao Rio de Janeiro de férias, como costumava a fazer. Ledo engano. O lateral-esquerdo voltou ao Flu e marcou seu nome como um dos maiores jogadores da história do clube.

Marcelo, do Fluminense, foi recebido por milhares de tricolores ao desembarcar no Brasil - Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC
Marcelo, do Fluminense, foi recebido por milhares de tricolores ao desembarcar no Brasil – Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC

Sua relação com o Fluminense, a bem da verdade, sempre foi de respeito, carinho, admiração e muito amor. Embora há quem diga que o lateral torcia para o rival Botafogo na infância — algo reforçado por reportagens e alguns indícios nas redes sociais —, o jogador sempre evitou esse vínculo.

Agora campeão da Libertadores, ele não é mais só o “Marcelo do Real Madrid”, como foi por tanto tempo. É para sempre o “Marcelo do Fluminense”.

— O Real Madrid vai entender… É meu título mais importante, a nível de clubes, porque é o clube que me criou. O Real sabe que está sempre no meu coração, é difícil falar. É uma alegria dupla. Eu tinha uma dívida com o Fluminense. É muito importante ganhar com o Fluminense. É um dia muito diferente na minha vida. Estou ganhando um título muito importante com meu clube do coração, que me deu as ferramentas totais para eu ter minha carreira quando eu tinha 16 anos, com os funcionários que me viram pequeno. Não tem coisa mais gratificante que isso, não tem preço — declarou, após o título, à ESPN.

 

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Retorno e título: Marcelo volta ao Fluminense em grande estilo

Além disso, nunca prometeu voltar ao clube publicamente. Mas voltou, e em grande estilo.

 

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A negociação foi rápida e em fevereiro, quando poucas pessoas esperavam, Marcelo foi anunciado pelo Fluminense. Levou milhares de torcedores ao aeroporto e a uma festa que poucos jogadores tiveram, no Maracanã, com show do rapper, tricolor e amigo Filipe Ret.

Marcelo levou milhares de tricolores ao Maracanã para sua apresentação em 2023 - Foto: MARCELO GONÇALVES / FLUMINENSE F.C.
Marcelo levou milhares de tricolores ao Maracanã para sua apresentação em 2023 – Foto: MARCELO GONÇALVES / FLUMINENSE F.C.

Os meses que se seguiram foram de êxtase.

A começar por uma boa estreia na Libertadores e uma final com golaço em Fla-Flu. A goleada por 4 a 1, deu a virada e o bicampeonato carioca para o Fluminense. Ali, Marcelo já era história e nem se dava conta. No dia seguinte a este título, confidenciou no CT Carlos Castilho.

— Nunca me diverti tanto em campo.

 

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Botafogo? Marcelo chama Fluminense de ‘clube do coração'

Em uma coletiva na Seleção, ao ouvir de um repórter que era torcedor do Botafogo, Marcelo indagou: “Quem te disse isso?”. Ele não negou a versão. Mas nunca tornou pública por suas palavras.

Os tricolores, que nem imaginavam que um dia o jogador voltaria ao clube, não se importavam com isso. Sempre que esteve no Brasil, de férias, em linda atitude, o lateral-esquerdo ia à Xerém, visitava funcionários e amigos de sua época. Ia às Laranjeiras ou ao CT Carlos Castilho encontrar outras pessoas. Posava com camisas do Fluminense e mostrava amor pelo clube.

Amor que reforçaria depois. Na hora da dor e no momento de mais prazer em seu retorno, ele fez questão de chamar o Flu de “clube do seu coração”. Não era à toa. Ele queria mostrar sua identificação, carinho e respeito, que mostraria na emoção ao comemorar gols e conquistar títulos, e também em palavras.

— Eu sou um moleque de Xerém. As vezes eu pergunto se mereço tudo isso que vivi na minha vida, conseguir jogar num clube gigante, ganhar bastante coisa e voltar pro time que me criou, meu time de coração. Eu morei em Xerém, eu vivi essa parada. Não é a Libertadores que vai pagar o que o Fluminense fez por mim, posso ganhar três, quatro, que não vai bater o agradecimento real meu pelo clube — disse, ao Charla Podcast.

Um dos maiores campeões da história do futebol, Marcelo se emociona com título da Libertadores pelo Fluminense - Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC
Um dos maiores campeões da história do futebol, Marcelo se emociona com título da Libertadores pelo Fluminense – Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC

Nas últimas semanas, inclusive, o Botafogo sofreu duas viradas para Palmeiras e Grêmio. Perdeu a liderança, que tinha com larga vantagem, e parecia caminhar para o título do Campeonato Brasileiro que não vem desde 1995 — em jogo que Marcelo admitiu estar com o avô Pedro, torcedor alvinegro. Sem citar o clube ou as partidas, o lateral-esquerdo compartilhou risadas em suas redes sociais, revoltando os botafoguenses e fazendo a alegria dos tricolores.

Campeão da Libertadores, Marcelo faz história no Fluminense

Nem mesmo uma fase irregular do time, algumas lesões e questões internas mudaram qualquer coisa. Marcelo seguiu tendo boas atuações, virou referência para os jovens, fez a torcida vibrar, marcou gols em clássicos… e se realizou.

Depois de 25 títulos pelo Real Madrid, dois pelo Fluminense lhe fizeram ainda mais feliz. Um deles, a desejada Libertadores. Antes da conquista em 2023, Marcelo, que deixou o clube aos 18 anos, em 2006, nunca havia disputado a competição. Agora, tem mais um título para a galeria, e para ele, o maior de todos.

— Isso aqui [Champions League] é passado. Já passou, o importante é ganhar com o Fluminense. Hoje é diferente. Estou ganhando um título muito importante com meu clube de coração, o clube que me deu as ferramentas totais para eu ter a carreira, com os funcionários que me viram pequeno. Não tem coisa mais gratificante que isso. Não tem preço.

 

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No final dessa história, pouca gente fez pelo Fluminense o que fez Marcelo: com o título da Libertadores, não é só a glória que será eterna. Ele também estará para sempre na história e no coração do seu clube.

Agora, Marcelo terá a oportunidade de brigar por mais um título: o do Mundial de Clubes. Ele já tem quatro pelo Real Madrid. Mas como ele mesmo diz, agora, isso é passado. O que importa é ganhar pelo Fluminense.

Foto de Caio Blois

Caio Blois

Caio Blois nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e se formou em Jornalismo na UFRJ em 2017. É pós-graduado em Comunicação e cursa mestrado em Gestão do Desporto na Universidade de Lisboa. Antes de escrever para Trivela, passou por O Globo, UOL, O Estado de S. Paulo, GE, ESPN Brasil e TNT Sports.
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