Libertadores

Infantino lamenta incidente na final da Libertadores e atribui jogo em Madri à Conmebol

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, deu entrevistas direto do G-20, em Buenos Aires, falando sobre a final da Libertadores. A sua presença no jogo que deveria ser disputado no dia 24, a mudança para Madri e até sobre a relação com Mauricio Macri, presidente da Argentina, e a candidatura do país para sediar a Copa de 2030.

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Final que não aconteceu

“Foi um desastre que nos deixou todos super tristes. Eu estava aqui para ver uma festa do futebol nesta superclásico. E a final não vimos. É importante baixar um pouco a temperatura, nos darmos conta de que aqui estamos falando de uma partida de futebol, não é uma guerra nem uma batalha: é uma partida de futebol”, afirmou o dirigente.

“Temos que aproveitar do que passou, e que estamos muito tristes para assegurar que haja um antes e um depois. E que agora vamos fazer as coisas, porque estamos juntos nisso, todos os que querem um futebol limpo, garantir que isso não aconteça mais”, disse ainda o presidente da Fifa.

Tentativa de forçar o jogo no Monumental

Infantino comentou sobre a tentativa de ir adiante com a final no dia 24, mesmo depois das pedras no ônibus do Boca. Perguntado se a tentativa de jogar, feita pelos presidentes da Conmebol, do Boca e do River parecia razoável para ele, o dirigente justificou o apoio à decisão. “Sim, porque é sempre melhor jogar a partida. Havia 60 mil pessoas no estádio e pessoas pelo país e o mundo todo esperando pelo jogo. E quatro idiotas jogando pedras não deveria parar isso”, disse o dirigente.

O repórter lembra, então que não eram apenas quatro idiotas. Infantino continua. “Sim, quatro, 40, 400 ou 4 mil. Idiotas de todos os tipos. Eles não podem parar tudo. Nós tentamos jogar se é possível jogar. Eu acho que esta foi a atitude correta de todos nós que estávamos lá. Uma vez que isso não era possível, porque havia muitos jogadores que não estavam bem, então teve que ser adiado. Quando não é possível, há a necessidade de ter calma, tranquilidade e que as temperaturas sejam baixadas”, declarou o presidente da Fifa.

Candidatura Argentina para Copa 2030

Depois dos incidentes na final da Libertadores, muito se especulou que a candidatura tripla de Argentina, Uruguai e Paraguai para receber a Copa do Mundo de 2030 seria negativamente afetada. Outra candidatura tripla, Portugal, Espanha e Marrocos, poderia ganhar força.

“Bem, é um pouco cedo para isso. A decisão sobre a Copa de 2030 será feito em quatro ou cinco anos, então há tempo suficiente para mostrar que alguma coisa aconteceu e também dizer ‘veja o que nós fizemos depois disso’”, disse o presidente da Fifa.

Final da Libertadores em Madri

Com a mudança de local da final, nem River Plate e mesmo o Boca Juniors não pareceram muito satisfeitos. “É decisão da Conmebol a perda de mando, que estou certo que analisou todos os detalhes. A decisão foi que se jogue em Madri e tentamos fazer que seja como uma festa, baixando a temperatura. Claro que aquele que ganhe vai celebrar pelos próximos 10 anos e quem perder terá que viver com a derrota. Mas somos todos torcedores, sabemos apoiar a nossa equipe, mas nunca com a violência. As imagens que vimos não tem nada a ver com futebol”, opinou Infantino na entrevista à CNN.

Segundo diversos veículos de imprensa, como o Globoesporte.com, a final da Libertadores em Madri teve o apoio da Fifa e de Infantino. Mais do que isso, a ideia é uma criação conjunto do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, do presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, e do presidente da Fifa. O dirigente foi questionado em relação a isso. “Os dois presidentes, como pessoas do futebol, imediatamente se colocaram para ajudar. Esta é uma situação excepcional, que exige medidas excepcionais. Luis Rubiales [presidente da Federação Espanhola, RFEF], e Florentino Pérez entenderam a complexidade da situação, disse ao Marca.

Perguntado se o presidente da Argentina, Mauricio Macri, tinha ficado nervoso com a mudança da final para Madri e não mais em Buenos Aires, ele disse que não falou com o político sobre isso, mas lamentou. “Ele não disse isso para mim. Eu acho que todos nós queríamos que o jogo ser disputado em Buenos Aires estão furiosos. É uma situação excepcional, mas eu não tenho todos os detalhes para fazer um julgamento. A Conmebol tem. O mais importante é seguir adiante e fazer essa partida em Madri como um símbolo de mudança e renascimento”, disse Infantino.

La Liga em Miami

O Marca, da Espanha, perguntou a Infantino sobre a questão da liga espanhola ter pedido para disputar uma partida oficial em Miami com a final da Libertadores em Madri. “Essas são duas coisas completamente diferentes. A questão da final da Copa Libertadores é uma exceção. A Conmebol analisou tudo e chegou à conclusão que jogar em Madri era a única solução. Você não pode de maneira alguma comparar a ideia de jogar uma partida de liga fora do país por razões comerciais”, analisou o presidente da Fifa à CNN.

Infantino foi perguntado diretamente se gostaria de ver jogos do Campeonato Espanhol em Miami. “Não. Eu quero ver jogos da MLS nos Estados Unidos, não jogos da liga espanhola, enquanto na Espanha eu quero ver jogos da liga espanhola, não jogos da Premier League. Se fizermos negócios assim, quando o futebol vai parar? Futebol é forte porque é bem organizado. Há federações nacionais, confederações continentais e então a Fifa”, continuou.

Imagem arranhada da Fifa

“A imagem nos últimos anos sofreu muitíssimo. É nosso trabalho como novos líderes destas organizações demonstrar com feitos que estamos limpando, que estamos trabalhando de maneira profissional, transparente, com decisão, com liderança”, afirmou o presidente da Fifa.

“As contas da Fifa estão indo bem e acredito que seja algo que se tem que destacar. Não obstante, quando começamos, há dois anos e meio, a Fifa era uma marca quase tóxica. Em lugar de receitas de US$ 5 bilhões nos últimos quatro anos, tivemos US$ 6,3 bilhões, com a situação de crise total, com mudança de presidente e tudo mais”, declarou o dirigente.

Argentina

Uma das figuras que Gianni Infantino trouxe para perto da Fifa, depois de anos de críticas e afastamento, é Diego Maradona, que atualmente treina o Dorados de Sinaloa, na segunda divisão do México. O clube não conseguiu o título da segundona no fim de semana. O presidente da Fifa comentou sobre o contato próximo e também sobre Lionel Messi e a seleção argentina.

“Não falei recentemente com Diego, todo mundo sabe que o quero perto porque ele nos fez todos ficarmos apaixonados por futebol. Ninguém discute o jogador que é Messi, que é absolutamente incrível, e ninguém discute que a seleção argentina tem muitos bons jogadores. Por que não ganha? Porque só ganha um. E a Argentina saiu porque a França ganhou. Um ganha e 210 perdem. Temos que aprender a ganhar e que futebol nos dá emoções”, analisou.

Elogios a Macri

“É uma pessoa que gosta muito de futebol, temos muito em comum e de verdade o que está fazendo é excelente no futebol. Na política argentina não vou me meter porque não conheço. O que eu vi neste G-20 é que tem um apreço muito alto de todos os líderes do mundo. Conheço vários de esses líderes e todos gostam muito dele”, afirmou o presidente da Fifa sobre o presidente argentino, com quem teve uma reunião durante o G-20.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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