Libertadores

Imposição total: River domina o Cerro e a vitória por 2 a 0 no Monumental até pareceu barata

A importância de Marcelo Gallardo no comando do River Plate não se traduz apenas pelos títulos. Ela se evidencia pela maneira como o respeito aos millonarios na Copa Libertadores ganhou outra dimensão. O clube de Núñez é um peso pesado, disso não há dúvidas. Porém, antes da chegada do atual treinador, as duas taças conquistadas no torneio pareciam pouca coisa à representatividade da camisa alvirrubra. Gallardo transformou esta relação e, em quatro anos, dobrou o número de títulos. Apesar de duas eliminações doloridas em 2016 e 2017, também venceu a final mais exigente possível do ponto de vista emocional em 2018. Enquanto o técnico seguir no Monumental, o River estará sempre entre os favoritos. E, ao que tudo indica, fará outra semifinal contra o Boca Juniors. Nesta quinta, fechando os jogos de ida das quartas de final, a equipe foi amplamente superior e derrotou o Cerro Porteño por 2 a 0, em Buenos Aires.

A motivação do River Plate na semana já vinha grande. Primeiro, pela histórica goleada por 6 a 1 no clássico contra o Racing, em Avellaneda, pelo Campeonato Argentino. Depois, pelo próprio triunfo do Boca Juniors na ida contra a LDU Quito, dentro do Equador. Era necessário dar uma resposta à altura, diante do confronto que se desenha. Não demorou para que os millonarios abrissem o placar no Monumental. Aos quatro minutos, Nicolás de la Cruz sofreu pênalti e o VAR confirmou. Ignacio Fernández cobrou e já concedeu a vantagem aos argentinos.

O River continuou melhor ao longo do primeiro tempo, atacando com velocidade e forçando os erros dos adversários com sua marcação alta. Demarcava seu território contra o Cerro. As chances surgiam com frequência, graças à participação constante de Rafael Santos Borré. O atacante poderia ter ampliado antes dos 20 minutos, mas não acertou a finalização, mesmo com três tentativas. Matías Suárez seria outro a surgir, sem precisão. O Ciclón encontrava dificuldades para adentrar na área millonaria e só ameaçou aos 39, em uma cobrança de falta. Joaquín Larrivey apareceu sozinho e não cabeceou em cheio.

O segundo tempo começou pegado e o Cerro Porteño até ameaçou uma reação. Nelson Haedo Valdez cabeceou ao lado da meta de Franco Armani. Mas a resposta do River seria imediata. Aos oito minutos, Ignacio Fernández balançaria as redes mais uma vez, mas o tento acabou anulado pelo VAR, por conta de um toque no braço de Matías Suárez. Poucos minutos depois, aos 19, a torcida comemorou pra valer. Exequiel Palacios sofreu mais um pênalti e desta vez Santos Borré assumiu a responsabilidade, cumprindo sua tarefa.

O jogo esfriou na sequência do segundo tempo, embora o River Plate se mostrasse mais preparado para anotar o terceiro gol. Na melhor oportunidade, Nacho Fernández cobrou falta na entrada da área e por pouco não acertou a meta do Cerro Porteño. Pela claríssima imposição, os millonarios poderiam ter construído um placar mais confortável para o reencontro em Assunção na próxima semana. O Ciclón costuma ser um adversário complicado dentro da Olla Azulgrana, onde conta com o apoio intenso de sua torcida.

E o River Plate também sabe que não pode se descuidar. A queda contra o Lanús, há dois anos, foi uma lição mais do que suficiente aos millonarios. Porém, atualmente Gallardo possui um elenco mais completo e ainda mais tarimbado. Além disso, o provável reencontro com o Boca Juniors é uma motivação a mais. Uma vitória contra os xeneizes, no fim das contas, seria uma prova definitiva do copeirismo e do respeito que se vive na Libertadores sob as ordens do atual treinador. Seria a confirmação daquilo que muitos já afirmam: Gallardo ocupa o posto de maior técnico da história de Núñez. Ampliaria mais a freguesia dos boquenses nas competições continentais ao longo da década.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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