Libertadores

Guia da Libertadores 2020 – Grupo D: River Plate, São Paulo, LDU, Binacional

Por que acompanhar o grupo

Um grupo com oito títulos sempre chama a atenção. Tem o River Plate, atual vice-campeão, que levantou a taça em 2018; o São Paulo, tricampeão do torneio; e a LDU, que tem um título na sua história. São três candidatos automáticos a brigar por vaga na próxima fase. Tem tudo para ser uma disputa interessante, até porque o Binacional, o quarto elemento, é um estreante que joga a uma imensa altitude de mais de 3.800 metros.

[foo_related_posts]

Ambição na Libertadores

Borré comemora gol pelo River Plate (Foto: Diego Haliasz / Prensa River)

River Plate

Como não poderia deixar de ser, o River Plate entra para ser o campeão. É um dos times mais fortes do continente e, de 2015 para cá, conquistou a Libertadores duas vezes e foi vice em outro. Aqui, a ambição do time bate com a realidade: elenco experiente e qualificado, um técnico vencedor e com um trabalho de longo prazo. O time tem todos os elementos de um favorito ao título e vem no embalo. Ver o River Plate cair antes das quartas de final será uma zebra e uma decepção.

São Paulo

Um time como o São Paulo, com a sua história, certamente pensa, no fundo, em ser campeão. No seu orçamento, o clube foi pés no chão, almejando chegar apenas às oitavas de final, o que é bastante factível. Para o time, porém, será preciso ir além para ter alguma possibilidade de uma boa campanha. O São Paulo tem elenco para ir além das quartas, mas ainda não mostrou futebol compatível com um favorito a ir longe. Tem tempo para isso. Com Fernando Diniz, o potencial do time é grande, mas o São Paulo não tem sido um time confiável. Precisará mostrar essa confiabilidade na Libertadores para poder almejar a taça.

LDU

O título da LDU foi algo que marcou a história do clube e a habitual capacidade competitiva torna a equipe de Quito um concorrente importante para uma das vagas às oitavas de final. Só que o desafio é difícil: precisará superar, em pontos, ao menos um dos dois concorrentes que parecem mais fortes. Precisará usar bem o seu mando de campo no estádio Casa Blanca para conseguir pontos e bater os adversários diretos.

Binacional

Pensar em classificação para o Binacional é um pouco demais. O time terá a altitude ao seu favor, é campeão peruano, mas deu azar de cair em um grupo com oito títulos de Libertadores. Ainda que São Paulo e LDU não conquistem o título há muito tempo, são dois times de peso e camisa em seus países. O Binacional não é, mesmo com o título nacional. Conquistar pontos em casa já será um feito, ainda mais se conseguir vencer um dos adversários em casa. Chegar à Sul-Americana seria um feito. A expectativa é que seja o último.

Como foram os últimos meses

River Plate: de vento em popa

O River perdeu a final da Libertadores em novembro para o Flamengo, de forma dramática, em uma partida que conseguiu ir bem contra o rubro-negro. Desde aquela época, já fazia boa campanha no Campeonato Argentino e segue assim: é o líder, a uma rodada do final, e, assim, pode ganhar o seu primeiro título de liga nacional desde 2014 – e seria o primeiro de Marcelo Gallardo. E olha que o time mudou muito no período, com um esquema tático diferente, com três zagueiros, e muito ofensivo, com alas espetados no ataque. É um River ainda mais forte que em 2019, ao menos em termos de momento.

São Paulo: em ascensão

O 2019 de Fernando Diniz passou longe de deixar marcas interessantes no São Paulo. O time terminou com a vaga na Libertadores e se esperava que 2020 fosse melhor. E isso vem acontecendo. A equipe tem jogado melhor e alguns jogadores estão se recuperando, notadamente Alexandre Pato. Com uma equipe com muito mais a cara do seu técnico, o time chega bem para a Libertadores, o que é importante em um grupo que exigirá muito não só em termos técnicos, mas também físicos.

LDU: nas cabeças

Na temporada 2019, a LDU ficou em sexto lugar na classificação geral, depois de 30 jogos. No Equador, os oito primeiros, dos 16 times, vão para a fase eliminatória. Passou pela Universidad Católica, pelo Aucas e enfrentou o pequeno Delfín na final. Depois de dois empates por 0 a 0, perdeu a disputa por pênaltis e o título. Na atual temporada, venceu amistoso contra o Fenix, do Uruguai, o empate por 1 a 1 na Supercopa do Equador com o Delfín, mas desta vez venceu nos pênaltis, e tem três jogos do Campeonato Equatoriano, com duas vitórias e uma derrota.

Binacional comemora o título peruano

Binacional: maior momento da história

O Deportivo Binacional conquistou o seu primeiro título peruano. Em 2019, conquistou o Apertura, que é disputado no primeiro semestre. No Clausura, o campeão foi o Alianza Lima. Na fase final, três classificados: os dois campeões e mais o time de melhor campanha na tabela agregada, o Sporting Cristal. O Alianza Lima passou pelo Sporting Cristal e tinha a chance de derrubar o novato binacional na final. O que se viu em campo, porém, foi um atropelo: 4 a 1 para o Binacional no jogo de ida e derrota por 2 a 0 na volta. Nesta temporada 2020, o Binacional tem três vitórias, um empate e uma derrota.

Destaques individuais

River Plate: Ignacio Fernández

Com a mudança de sistema tático do River Plate, que passou a jogar com três zagueiros, o meio-campo é muito importante. Nacho é um dos jogadores de articulação do time, junto com Nicolás De La Cruz. Era um jogador importante em 2019, continua sendo em 2020. É um jogador inteligente, que chega bem ao ataque e que ajuda a fechar bastante o meio-campo, dando sustentação para o volante do time, Enzo Pérez.

Daniel Alves, do São Paulo

São Paulo: Daniel Alves

O grande nome do São Paulo não poderia ser outro. Daniel Alves chegou no meio de 2019 como um grande reforço, com festa digna do jogador estelar que ele é. Seus primeiros jogos foram complicados, porque não se sabia onde ele poderia render melhor. Como ele tem a camisa 10, foi colocado como um meia ofensivo, perto dos atacantes, e não rendeu. Agora, no centro do meio-campo, ao lado de Tchê Tchê, por vezes sendo o primeiro marcador, se encontrou. É o jogador dos desarmes, da saída de bola, de fazer o time jogar.

LDU: Antonio Valencia

Sim, é ele mesmo, ex-Manchester United. Aos 34 anos, ele retornou ao seu país natal para defender a LDU em julho de 2019. Um meio-campista que se tornou lateral direito, ele é uma estrela do time. O jogador tem sido usado no meio-campo, mais centralizado, com um dos volantes. É uma forma de aproveitar a qualidade técnica do jogador.

Binacional: Andy Polar

O camisa 10 do Binacional foi um dos destaques do time em 2019, na temporada do título. É o ponta esquerda do time, um jogador que leva perigo e o jogador, de 23 anos, foi sondado por Vasco e Athletico Paranaense, mas acabou ficando no Peru. É um jogador de velocidade e habilidade. Faz poucos gols, mas é um jogador de assistências.

Señor Libertadores

River Plate: Franco Armani

O goleiro do River tem 33 anos e é bastante experiente e já tem muitos sucessos na Libertadores. Esteve em sete edições da competição até aqui, sendo que na primeira, em 2012, não jogou. A maioria dos jogos foi pelo Atlético Nacional, em 2014, 2015, 2016 e 2017. Foi campeão pelos colombianos em 2016. Em 2018, jogou pelo River Plate, quando o time foi campeão, e também em 2019. No total, são 55 jogos de Libertadores do goleiro, o que é uma marca notável, e dois títulos conquistados.

Hernanes, do São Paulo

São Paulo: Hernanes

Aos 34 anos, Hernanes é um dos líderes do São Paulo que vai à Libertadores. Embora não seja titular sempre, é um jogador com uma experiência grande na competição. Jogou quatro vezes o torneio sul-americano, todas pelo São Paulo: 2008, 2009, 2010 e 2019. No total, foram 31 jogos do meio-campista. Sua melhor campanha foi em 2010, quando chegou até a semifinal. Não falta experiência ao jogador para liderar o time nos desafios que a equipe terá – que são muitos.

LDU: Marcos Caicedo

O ponta, de 28 anos, é experiente quando o assunto é Libertadores. Será a sexta edição que o jogador equatoriano disputa. Estreou em 2011 pelo Emelec, clube pelo qual ainda disputou as edições 2013 e 2014. Disputou o torneio também em 2017 e 2019 pelo Barcelona-EQU. No total, acumula 29 partidas e é o jogador com mais cancha neste tipo de jogo.

Binacional: Raúl Fernández

O goleiro do Binacional é bastante experiente. Aos 34 anos, o goleiro é o titular do time e já disputou quatro edições da Libertadores: 2009, 2010, 2017 e 2018, todas elas pelo Universitario. São 14 jogos no total do goleiro na competição sul-americana. Ele é um reforço contratado nesta temporada, vinco do Universidad César Vallejo.

Novos reforços

River Plate

O River, a rigor, só fez uma contratação: Jorge Carrascal, meia de 21 anos, colombiano que veio do Karpaty, da Ucrânia. É um jogador promissor, com passagem pela seleção colombiana sub-20 e foi revelado pelo Millonarios. Passou pela base do Sevilla e foi para a Ucrânia e agora retoma a carreira na América do Sul.

São Paulo

O São Paulo não fez nenhuma contratação para 2020. Ao menos, nenhuma contratação nova. Três jogadores que estavam emprestados foram contratados em definitivo: Tiago Volpi, que ainda tinha vínculo com o Querétaro; Igor Vinícius, que estava emprestado pelo Ituano; e Vitor Bueno, que tinha vínculo com o Dynamo de Kiev. Alguns jogadores voltarem de empréstimo, como o atacante Brenner e Santiago Tréllez, ambos inscritos na Libertadores.

Sornoza foi contratado pela LDU

LDU

A LDU trouxe muitos reforços para 2020. Junior Sornoza, aquele que estava no Corinthians e de passagem pelo Fluminense, voltou ao Equador para jogar pelo clube de Quito; o zagueiro Carlos Rodríguez, uruguaio que veio do Plaza Colonia; o argentino Lucas Villarreal, volante, que veio do Defensa y Justicia; o lateral Pedro Perlaza, que veio do campeão equatoriano Delfín.

Binacional

O Binacional tentou se reforçar dentro das suas possibilidades, por isso trouxe muitos jogadores livres no mercado. Raúl Fernández foi contratado para ser o goleiro titular do time, vindo do César Vallejo; Sebastian Gularte, atacante, veio do Unión Comercio, da segunda divisão, para ser opção ao titular Marco Rodríguez; Johan Arango, que veio do Correcaminos, da segunda divisão mexicana; Reimond Manco, ponta direita, que veio do Sport Boys; Anthony Osorio, emprestado pelo Universitario e que é atacante; Nery Bareiro, zagueiro paraguaio que veio do San Lorenzo-PAR; Mauricio Matzuda, ponta direito que veio por empréstimo do Alianza Lima; Ángel Romero, volante que veio do Melgar por empréstimo; e, por fim, Pablo Labrin, meio-campista emprestado pelo Melgar.

O técnico

Marcelo Gallardo, do River Plate (Getty Images)

River Plate: Marcelo Gallardo

Marcelo Gallardo é o melhor técnico da América do Sul, ao menos se considerarmos o seu período de trabalho. É um treinador muito vencedor e já dá para dizer que talvez seja o maior da história do River. Conquistou muitos títulos: Copa Sul-Americana 2014, Libertadores em 2015 e 2018, Copa da Argentina em 2019 e duas vezes a Recopa Sul-Americana, em 2015 e 2019. O treinador tem mostrado a sua capacidade de remontar o time.

São Paulo: Fernando Diniz

O treinador tem o grande desafio da sua carreira. Aos 45 anos, o ex-jogador já passou por Athletico Paranaense e Fluminense, mas é o São Paulo quem melhor oferece condições de ele desenvolver seu estilo de futebol. Se em 2019 o técnico tentou mexer pouco na estrutura do time, em 2020 ele faz o São Paulo ter mais a sua cara, mesmo que os jogadores não tenham mudado muito. É um treinador que tem uma marca, um estilo, e que será testado em um grupo muito complicado com altitude, camisas pesadas e um dos adversários mais fortes da América do Sul, o River.

LDU: Pablo Repetto

Contratado em julho de 2017, Pablo Repetto já acumula alguns anos no cargo de técnico do LDU. É um técnico que já ganhou muito títulos. O uruguaio ganhou seu primeiro título com o Fênix, na segunda divisão uruguaia, em 2006/10. Ganhou também o Apertura uruguaio com o Defensor, em 2010. Pela LDU, conquistou o título equatoriano em 2018, a Copa do Equador em 2018/19 e a Supercopa do Equador de 2020. É um técnico já com história e com conquistas, com trabalho consolidado.

Binacional: Flabio Torres

Flabio Torres foi contratado recentemente como técnico do Binacional. Curiosamente, o time foi dirigido por um técnico interino nas duas rodadas mais recentes do Campeonato Peruano, Willy Escapa, depois da saída do argentino César Vigevani, que recebeu proposta e foi liberado. Flabio Torres, de 48 anos, fará seu primeiro trabalho fora da Colômbia. Estava no Águilas Douradas na temporada 2019. É um técnico acostumado a dirigir times pequenos. Seu trabalho em clube maior foi no Once Caldas, em 2014/15.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
Botão Voltar ao topo