Libertadores

Paiva pode minimizar pressão, mas parece ainda não enxergar problemas do Botafogo

Após protestos da torcida, o Glorioso venceu o Carabobo, pela Libertadores, mas teve mais uma atuação ruim sob o comando do técnico português

Em um dia que começou com os muros do Nilton Santos pichados, o Botafogo até conseguiu uma importante vitória na Copa Libertadores, mas ainda não convenceu o torcedor. Nesta terça-feira (6), o Glorioso voltou a jogar mal, mas bateu o Carabobo por 2 a 1, na Venezuela, em jogo válido pela quarta rodada do Grupo A.

Apesar da vitória, a atuação da equipe de Renato Paiva deu razão para algumas críticas feitas pela torcida do Botafogo em pichações nos muros do Nilton Santos. Entre os alvos estavam o próprio treinador português, John Textor e o seu planejamento para a temporada do Botafogo, e a formação do elenco alvinegro.

Como era de se esperar, após a vitória sobre o Carabobo, Renato Paiva minimizou a pressão sofrida e as críticas feitas pela torcida. No entanto, o treinador parece ainda não enxergar os problemas do seu time. Ou, ao menos, não os aponta publicamente.

— Esse escudo (do Botafogo) te dá a pressão todos os dias. Não há como. E o futebol é isso. Pressão, pressão, pressão. Se não ganha, te cobram, querem que ganhem, e isso não é só no Brasil, é em todo lugar. É universal. Eu tenho que focar em fazer o meu trabalho. Se a pressão influenciar no meu trabalho, eu não posso estar aqui, tenho que sair — afirmou Renato Paiva, em entrevista coletiva, antes de completar.

— Tenho que fazer o meu trabalho consciente, também quando os resultados são piores. O exterior tem direito a falar o que quiser, o que me preocupa é o interior. São meus jogadores, encontrar soluções e seguir trabalhando. É a única coisa que posso fazer para sair desses momentos difíceis — disse o treinador.

Renato Paiva fala sobre vitória do Botafogo

Ao analisar a vitória do Botafogo sobre o Carabobo, Renato Paiva exagerou ao falar sobre um suposto “controle” da sua equipe durante a partida. Além disso, também apontou apenas uma falta de efetividade no ataque como o problema do Botafogo na Venezuela.

Nós controlamos bem o adversário e depois que começamos a ganhar, o mesmo problema de sempre… Não fechar o jogo, não conseguimos fazer o segundo gol e andamos ali à mercê do que possa acontecer e do que acabou por acontecer — ressaltou Renato Paiva.

— Não é fácil entrar ali, não é fácil jogar, em especial passar aquela linha de cinco médios e depois ter sempre cuidado com as duas setas, porque são de fato muito rápidas estes jogadores. Nós tivemos muito bem, controlamos tudo isso sem dar grandes oportunidades ao nosso adversário. Depois, as chances que nós tivemos, não concretizamos, e o jogo ficou em aberto até o final — completou o técnico em outra resposta.

Botafogo teve dificuldades contra o modesto Carabobo (Foto: Vitor Silva/Botafogo)
Botafogo teve dificuldades contra o modesto Carabobo (Foto: Vitor Silva/Botafogo)

Apesar de Renato Paiva ter falado que o Botafogo não “deu grandes oportunidades ao adversário”, o Carabobo teve mais finalizações do que o Glorioso na partida. O time venezuelano teve nove finalizações de dentro da área – o mesmo número do Botafogo. Além disso, assim como no lance do gol venezuelano, levaram perigo na bola aérea.

No momento em que a partida estava empatada por 1 a 1, o Carabobo era mais perigoso do que o Botafogo. Pouco antes do gol de Cuiabano, por exemplo, o time venezuelano teve um contra-ataque com quatro jogadores contra dois defensores alvinegros, mas o atacante do Carabobo optou por finalizar de longe e mandou para fora.

A pressão sobre Renato Paiva começou ainda no meio de abril, com as primeiras vaias e gritos de “burro” no empate com o São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro. A recente vitória no clássico com o Fluminense e a goleada sobre o Capital-DF amenizaram a situação, mas a sequência de derrotas como visitante, interrompida nesta terça-feira, fez o clima voltar a pesar para o treinador português.

Com a vitória desta terça-feira, o Botafogo foi aos seis pontos no Grupo A da Libertadores e segue na terceira colocação. Na próxima quarta-feira (13), o Glorioso recebe o Estudiantes, no Nilton Santos. Antes disso, no domingo (10), o Botafogo enfrenta o Internacional, também em casa, pelo Brasileirão.

Foto de Gabriel Rodrigues

Gabriel RodriguesSetorista

Jornalista formado pela UFF e com passagens, como repórter e editor, pelo LANCE!, Esporte News Mundo e Jogada10. Já trabalhou na cobertura de duas finais de Libertadores in loco. Na Trivela, é setorista do Vasco e do Botafogo.
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