Libertadores

Bolívar impõe a virada em La Paz e deixa Furacão numa situação preocupante

Bolívar foi superior numa partida desencontrada do Athletico - que também tem razão para reclamar da arbitragem

O Athletico Paranaense terá uma missão muito dura na Arena da Baixada durante a próxima semana, em busca da classificação para as quartas de final da Copa Libertadores. O Furacão perdeu o primeiro encontro com o Bolívar, pelas oitavas, no Estádio Hernando Siles. O gol precoce dos rubro-negros pouco ajudou, quando os celestes exploraram os erros dos brasileiros e apresentaram mais recursos no ataque. Não fosse Bento e a trave, o placar de 3 a 1 para os bolivianos poderia inclusive ser mais elástico. Os athleticanos não tiveram encaixe e sofreram com os efeitos da altitude. Entretanto, o time de Wesley Carvalho também tem motivos para ficar na bronca com a arbitragem: um pênalti por toque de mão foi negligenciado, mesmo pelo VAR, num momento em que o empate poderia ter saído.

O Bolívar treinado por Benat San José possui vários nomes conhecidos. Carlos Lampe, Diego Bejarano, Leonel Justiniano e Patito Rodríguez formam a base entre a defesa e o meio. Já na frente, os brasileiros Bruno Sávio e Francisco da Costa se juntaram com o chileno Ronnie Fernández. O Athletico tinha como principal novidade Thiago Andrade ao lado de Vítor Roque na frente. Destaque também para o meio-campo, com Fernandinho e Arturo Vidal como volantes, além de Erick e Canobbio abertos.

Furacão faz, mas toma a virada

O Bolívar buscou impor um ritmo mais forte durante o primeiro tempo, mas o Athletico conseguiu travar de início. Mais importante ainda seria o gol precoce do Furacão, aos oito minutos. Um tento que surgiu a partir da genialidade de Vitor Roque. Num lance iniciado por Fernandinho, o garoto encarou a marcação dupla na ponta direita e se desvencilhou de ambos. Serviu o passe para Erick, que girou e bateu rasteiro para vencer Carlos Lampe. Os rubro-negros ainda quase anotaram o segundo, mas Vítor Roque não aproveitou a jogada.

A resposta do Bolívar também seria rápida. O gol de empate dos celestes saiu aos 13 minutos, num contragolpe que contou com o desleixo defensivo do Athletico, em especial de Kaique Rocha. Ronnie Fernández entortou a marcação e tocou na saída de Bento, para recolocar os paceños na partida. A partir de então, o Bolívar conseguiu causar mais problemas para o Furacão e esboçou a virada. Os erros dos paranaenses se repetiam na defesa. Bento ainda tentou adiar o prejuízo, com uma defesa monumental em cabeçada de Ronnie Fernández.

A virada do Bolívar se desenhava e saiu aos 27 minutos. Mais uma vez, uma bola perdida pelo Athletico facilitou aos adversários. Ronnie Fernández preparou a jogada e Diego Bejarano fuzilou num chute cruzado. Aos poucos, a superioridade dos celestes diminuiu. Mas não que os rubro-negros fizessem uma boa partida. Desencontrado em campo, o Furacão não apresentava qualidade na construção e passou bons minutos sem ameaçar a meta de Carlos Lampe. Era uma atuação abaixo do que se esperava do time.

O pênalti negado e o terceiro gol

O Athletico contou com a entrada de Cacá logo no início do segundo tempo. Porém, a intensidade do Bolívar e os efeitos da altitude atravancavam o Furacão. Os celestes assustaram com um chute para fora de Gabriel Villamil, enquanto Leonel Justiniano soltou um petardo que explodiu no travessão. Vitor Roque ficou em campo somente até os 12 minutos, com a entrada de Pablo no comando do ataque. O garoto sentia as consequências do ar rarefeito. A esta altura, as esperanças dos rubro-negros pareciam diminuir um pouco mais.

Aos 17, o Athletico reclamou com razão da arbitragem. Numa bola alçada na área, Zé Ivaldo tentou a cabeçada e acabou bloqueado pelo defensor com o braço. Foi um lance claro, de marcação natural para a arbitragem, mas no qual o VAR sequer chamou o juiz para o monitor. Erro crasso que prejudicou os rubro-negros, especialmente diante da postura do Bolívar de ainda buscar o terceiro gol. Na correria dos celestes, Bryan Bentaberry forçou mais uma ótima defesa de Bento em cabeçada aos 26.

Aos 29, o Athletico tentou ganhar novo gás no meio. Saíram Vidal e Fernandinho, com as entradas de Hugo Moura e Vítor Bueno. Porém, dois minutos depois, o Bolívar finalmente conseguiu o terceiro gol. Num lance pela esquerda, José Segredo tabelou e chegou à linha de fundo. Cruzou na medida para a cabeçada de Ronnie Fernández, que tirou do alcance de Bento. Depois de muito tempo, o Furacão respondeu num contra-ataque. Lampe defendeu os chutes de Canobbio e Pablo. A esta altura, os paceños administravam o placar. A reta final teve um ritmo mais lento, com os anfitriões administrando o resultado, mesmo que ainda mais vivos no campo de ataque. Os athleticanos não tinham mais forças.

Os próximos compromissos

O Athletico Paranaense volta a campo no Campeonato Brasileiro no próximo sábado, quando enfrenta o Santos. Já o desafio contra o Bolívar na Baixada será na terça-feira, às 21h. O Furacão precisará melhorar bastante, diante de todas as dificuldades em La Paz.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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