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A garotada fez toda a diferença para o Flamengo bater o Racing e ficar bem perto das oitavas

Wesley e Victor Hugo, dois adolescentes de 19 anos, anotaram os gols numa vitória suada do Flamengo no Maracanã

A sequência positiva do Flamengo continua, após as vitórias nos clássicos. A equipe não fez uma boa partida dentro do Maracanã nesta quinta, mas conseguiu o que precisava: venceu o até então invicto Racing por 2 a 1 e se aproximou bastante da classificação aos mata-matas da Copa Libertadores. Com três pontos de vantagem na segunda colocação e cinco gols a mais de saldo que o Ñublense, mesmo uma derrota magra na rodada final contra o Aucas tende a garantir os rubro-negros nas oitavas. O time de Jorge Sampaoli teve problemas repetidos em relação a atuações recentes. Apresentou volume de jogo, mas com dificuldades para arrematar: foram só seis finalizações, em contraste aos 571 passes tentados. O que fez a diferença foi a estrela dos garotos da base. No primeiro tempo, Wesley era um dos melhores em campo e tirou o zero da contagem. Já na segunda etapa, os racinguistas empataram logo de cara e o Fla não conseguia se acertar. O impacto foi garantido pelos jovens que saíram do banco, em especial Victor Hugo, responsável pelo tento decisivo na reta final.

O Flamengo abriu a partida no controle da posse de bola, como se esperava. Os rubro-negros ocupavam o campo de ataque e tentavam ganhar amplitude nos lados do campo, com Wesley e Ayrton Lucas bastante abertos. Logo aos dois minutos, a primeira finalização veio numa jogada com Wesley, que Everton Ribeiro bateu para fora. O Fla trocava passes contra um Racing mais recuado, em busca dos contra-ataques. Entretanto, os flamenguistas precisavam de um pouco mais de capricho. O passe final escapava, com o time forçando mais lances pela faixa central e novamente encaixando poucos arremates.

O Racing ganhou confiança com o passar dos minutos e se faria mais presente na intermediária a partir dos 15. Uma cobrança de falta levaria grande perigo aos 23. David Luiz afastou parcialmente e Matías Rojas emendou de primeira, ao lado da meta, tirando tinta da trave. Os rubro-negros prendiam a respiração. Numa partida que ficava mais travada, o Fla começou a fluir quando acelerou pelas pontas. Ayrton Lucas teria bom lance com Gérson e Thiago Maia aos 32, forçando a defesa de Gabriel Arias. Não demorou para o gol sair, aos 36, num contragolpe. No contragolpe puxado por Everton Ribeiro, Gérson tabelou com Arrascaeta e recebeu na área. Tocou para trás, com Wesley surgindo feito um atacante na área para concluir. O gol dava tranquilidade aos flamenguistas, que não forçaram mais até o intervalo.

No fim do primeiro tempo, o Racing já esboçou sair mais para o jogo. E a Academia conseguiu o empate logo cedo na segunda etapa, com o gol aos quatro minutos. Jonatan Gómez abriu com Matías Rojas, que tinha muito espaço pelo lado direito da área. O ponta só deu um tapa e botou a bola no canto de Matheus Cunha. Logo depois, os racinguistas perderam o capitão Leonardo Sigali, lesionado. Não que o Flamengo oferecesse muitos riscos. O time sentiu o tento e tinha dificuldades para se encontrar na segunda etapa. Voltou a abusar dos erros. Os argentinos passaram a arriscar mais.

As primeiras mudanças do Flamengo vieram aos 16, com Victor Hugo e Everton Cebolinha nos lugares de Thiago Maia e Arrascaeta. A partida ficava mais picada, com os rubro-negros produzindo pouco e sendo previsíveis. De novo, as investidas da equipe se concentravam pelo meio e terminavam barradas pela marcação do Racing. Não havia ameaça ao goleiro Arias, sem finalizações. Já o Racing até conseguia deixar a defesa flamenguista mais no limite em suas ações, mesmo sem exigir tanto de Matheus Cunha. Entre as mudanças de Fernando Gago, Paolo Guerrero entrou na partida aos 31. Matheus França foi novidade no Fla, na vaga de Everton Ribeiro.

Depois de minutos em silêncio, o Flamengo novamente fez o Maracanã se levantar aos 36 minutos. Matheus França deu um belíssimo giro e cruzou. Pedro bateu de primeira e mandou para fora. Foi o momento em que os rubro-negros se acenderam e marcaram o gol, aos 38. Numa tabela pelo meio entre Pulgar e Cebolinha, o chileno acabou perdendo o passo. A bola ainda ficou com Victor Hugo, que bateu rasteiro e guardou. O Maraca vinha junto. O Racing tentou uma resposta imediata, mas Matheus Cunha foi bem para barrar o arremate de Gómez aos 40. Logo entrariam Arturo Vidal e Filipe Luís para segurar o resultado. Durante os acréscimos, a Academia seguiu viva na partida e presente no campo de ataque. Coube ao Fla afastar o perigo e evitar a pressão dos escanteios.

O Flamengo fica com oito pontos no Grupo A da Libertadores, na segunda colocação. Só uma hecatombe tira a classificação dos rubro-negros. A equipe soma três pontos a mais que o Ñublense, além de cinco gols a mais no saldo que os chilenos. Já o Aucas, com quatro pontos, não pode mais alcançar o Fla. Na rodada final, o objetivo dos rubro-negros será ultrapassar o Racing, que lidera com dez pontos. Os brasileiros receberão o Aucas, mas a missão dos argentinos também é tranquila com o embate em casa diante do Ñublense.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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