América do Sul

Jogadores da seleção uruguaia apoiam greve de jogadores no país por melhores condições de trabalho

Primeira e segunda divisão do país estão paralisadas desde o dia 7 de setembro, após os clubes se recusarem a adotar uma reforma proposta pelo sindicato de jogadores

Jogadores da seleção uruguaia masculina divulgaram um comunicado em apoio à greve do sindicato local dos jogadores profissionais do país, a Mutual Uruguaya de Futbolistas Profesionales (MUFP). Nomes como Darwin Núñez, do Liverpool, José Maria Giménez, do Atlético de Madrid, e Facundo Pellistri, do Manchester United, estão entre os signatários da carta.

Os jogadores das duas principais divisões do Uruguai, Primera e Segunda, estão em greve desde o dia 7 de setembro após os clubes não votarem a favor de reformas pedidas pelos jogadores. As reformas, propostas pela Mutual, incluem, entre outras coisas, aumento do salário mínimo para os jogadores na segunda divisão. Segundo a FIFPro, o sindicato mundial de jogadores, essa tem sido a maior dificuldade para um acordo.

Segundo comunicado divulgado pela MUFP no dia 7 de setembro, como os clubes não chegaram a um acordo em relação às suas propostas e os prazos acabaram, os jogadores escolheram suspender todas as atividades oficiais. Todos os jogos a partir do dia 7 de setembro foram adiados.

Jogadores da seleção culpam dirigentes

“Em relação à atual situação que nossos colegas locais estão passando, que desde o dia 7 de setembro tiveram que adotar medidas sindicais que implicam em não ter qualquer competição oficial, em defesa dos seus legítimos interesses, nós, os jogadores da seleção principal, declaramos o seguinte:

“Nosso apoio total e respaldo à medida adotada, entendendo que ela busca estabelecer as reformas necessárias ao acordo coletivo em vigor, em busca de uma modernização essencial ao nosso futebol, e assim adequar sua situação à de qualquer país desenvolvido”.

“Denunciamos que a seriedade da situação que o nosso futebol atravessa é resultado da defesa feita por certos diretores de um setor dos clubes em relação a interesses políticos e econômicos de terceiros que de forma alguma concordam com o desenvolvimento e bem-estar do futebol uruguaio. Esses líderes são os verdadeiros responsáveis pela atual situação, dado que eles repetidamente e sistematicamente se recusaram a introduzir as reformas necessárias para modernizar o nosso futebol”.

“Considerarmos essencial implantar uma reforma que priorize o principal ativo do futebol, que não é outro se não os jogadores de futebol, assim eles podem desenvolver sua profissão em um ambiente digno e com condições de trabalho justas”, termina o comunicado.

A seleção uruguaia vai a campo no dia 12 de outubro, quando enfrenta a Colômbia pelas Eliminatórias da Copa 2026.

Uma situação impensável no Brasil

É impossível pensar em uma situação similar à do Uruguai acontecendo no Brasil. A começar, os jogadores no Brasil não reconhecem o sindicato dos jogadores profissionais, que, por sua vez, tem inúmeros problemas, inclusive corrupção.

Não há qualquer organização dos atletas profissionais que defenda seus interesses, muito menos interesses de jogadores de divisões inferiores. Não há um histórico de greve dos jogadores no Brasil como há na Argentina ou Uruguai. Principalmente por falta de interesse dos atletas mesmo nisso.

O mais próximo que tivemos foi o Bom Senso FC, que organizou diversos protestos em 2013. Infelizmente para os jogadores e para o futebol como um todo, não conseguiu ir além de fazer algum barulho, sem conseguir grandes reformas — como a principal proposta da época, de uma reforma profunda no calendário.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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