Dominante, Olimpia conquista o Apertura e Roque Santa Cruz volta a ser campeão após 19 anos

Como de costume nos últimos anos, o Paraguai acumula bons resultados na Copa Libertadores da América. O Junior de Barranquilla terminou como algoz de Olimpia e Guaraní nas preliminares, mas os dois representantes na fase de grupos brilharam. O Libertad avançou com a terceira melhor campanha e, goleada do Grêmio à parte, o Cerro Porteño teve um desempenho satisfatório como segundo colocado. As atenções divididas, entretanto, não permitiram que a dupla imprimisse o mesmo ritmo no Campeonato Paraguaio. E o Olimpia aproveitou a brecha para conquistar seu 41° título nacional, de maneira irrefutável. Foi uma campanha maiúscula dos franjeados, que terminou com festa nesta quarta-feira, dentro do Defensores del Chaco. A vitória por 2 a 1 sobre o Libertad, ante as arquibancadas abarrotadas, garantiu o troféu do Apertura com duas rodadas de antecipação.
O Olimpia foi praticamente perfeito ao longo de sua trajetória. Treinado pelo argentino Daniel Garnero, o Rey de Copas imprimiu um estilo de jogo bastante direto e eficiente, sobretudo pelos bons números do ataque, com mais de dois tentos de média. A equipe teve os seus deslizes, mas conseguiu manter uma invencibilidade que durou 16 partidas, com 12 vitórias neste intervalo. Foi o suficiente para que disparassem na liderança. No início de maio, a derrota no clássico contra o Cerro Porteño tirou um pouco da supremacia, mas não atrapalharia a caminhada segura. A partir de então, foram mais três vitórias, incluindo a desta quarta, contra o Libertad, que culminou na taça.
Era claramente uma noite de festa no Defensores del Chaco. Acumulando nove pontos de vantagem sobre o Cerro Porteño, o Olimpia só precisava de um empate para confirmar matematicamente a conquista. No entanto, os franjeados ofereceram mais aos seus torcedores. A entrada em campo contou com cenas fantásticas, entre o mosaico feito no setor principal das tribunas, o bandeirão estendido atrás de um dos gols e o foguetório que tomou os céus. Além disso, também rolou uma homenagem a Roque Santa Cruz, completando 100 jogos pelo clube de coração, e pronto para voltar a faturar o título nacional após 19 anos, após emendar o tricampeonato entre 1997 e 1999. Não à toa, o veterano estava representado até mesmo no mosaico. A quem esteve a ponto de deixar o clube neste retorno, a permanência se pagou da melhor maneira.
Quando o apito inicial soou, o Olimpia não demorou a se impor. William Mendieta abriu o placar cobrando pênalti e Nestor Camacho deu tranquilidade antes da meia hora inicial, ampliando a diferença. Um gol contra Darío Verón até permitiu que o Gumarelo encostasse no placar, no início do segundo tempo, mas os desafiantes não foram além disso. A euforia era mesmo dos gigantes. Depois da cerimônia de premiação, com o troféu entregue a Santa Cruz, dezenas de milhares de pessoas tomaram a avenida principal de Assunção durante a comemoração.
O Olimpia, como tem sido praxe durante os últimos anos no futebol paraguaio, possui um elenco bastante experiente. Darío Verón e Roque Santa Cruz são as grandes referências do grupo, enquanto Farid Díaz e Sergio Otálvaro agregaram rodagem a partir do futebol colombiano. Na frente, Brian Montenegro também anotou gols importantes. Mas os protagonistas do sucesso dos franjeados foram justamente os autores dos gols na partida de consagração. Juntos, Mendieta e Camacho anotaram exatamente metade dos tentos da equipe na campanha, 23. Ajudaram a manter a consistência dos campeões, especialmente pela qualidade em suas chegadas ao ataque. Se ambos não foram felizes em suas passagens pelo Brasil, entre serviços prestados por Palmeiras e Avaí, a redenção é evidente desde o retorno ao Paraguai. Ambos voltaram a atuar em seu melhor nível. Além deles, outra menção obrigatória é o goleiro Alfredo Aguilar, que chegou sob desconfiança, mas logo garantiu seu espaço e acumulou defesas importantes ao longo da campanha.
A conquista encerra um incômodo jejum ao Olimpia. O clube não conquistava a liga nacional desde o Clausura 2015. Eram apenas quatro edições de seca, mas com três vice-campeonatos na disputa contra três adversários diferentes – Cerro, Libertad e Guaraní. Além disso, o título não deixa de ser um sinal de esperança aos franjeados, considerando a escassez de taças desde a virada do século. Os maiores campeões do país faturaram o troféu apenas três vezes desde 2001 – uma em 2011, outra em 2015 e agora esta de 2018. Vale lembrar que até 2007 o campeonato ainda era disputado no modelo anual, mas, ainda assim, são apenas três celebrações em 28 possíveis. O período foi dominado por Libertad (12 títulos) e Cerro Porteño (oito), enquanto até mesmo o pequenino Nacional, que em 2009 encerrou um tabu de 63 anos, conseguiu ser tão bem sucedido quanto o Rey de Copas.
E, olhando para a Libertadores, o título do Olimpia também vale bastante. Depois de duas eliminações consecutivas nas preliminares, o time voltará diretamente à fase de grupos em 2019. Será a oportunidade, quem sabe, a Roque Santa Cruz finalmente cumprir o seu desejo de recolocar os franjeados no palco principal do futebol sul-americano, caso amplie sua permanência. O histórico recente do Rey de Copas pode estar abaixo de outros momentos de sua história. De qualquer maneira, a competência dos clubes paraguaios têm rendido desempenhos notáveis nesta década – incluindo quatro aparições em semifinais e duas decisões, uma delas dos próprios alvinegros. A depender do chaveamento, não seria surpresa se Libertad e Cerro passassem ao menos às quartas de final em 2018. Mas enquanto é esse o consolo que resta aos dois, o Olimpia reina e comemora seu título dentro do país, já projetando um futuro de novas glórias.
VIDEO. El Mosaico, la obra de arte franjeada en el partido número 100 de Roque Santa Cruz https://t.co/4oTWaEBB7b #D10
Vídeo: @JMassare pic.twitter.com/gtDiF1QKeT
— Última Hora (@UltimaHoracom) 31 de maio de 2018
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— Club Olimpia (@elClubOlimpia) 31 de maio de 2018