América do Sul

Com protagonismo brasileiro, o Bolívar amassou o Strongest na decisão e se sagrou campeão do Apertura

Treinado por Antônio Carlos Zago, o Bolívar teve Chico e Bruno Sávio como heróis no clássico decisivo

O Bolívar comemorou neste domingo um de seus mais simbólicos títulos no Campeonato Boliviano, ao conquistar o Apertura 2022. Este é o 30° troféu dos celestes, tornando-se o primeiro clube do país a atingir tal marca. Prova de domínio do “Más Grande”, agora os paceños possuem o dobro de taças de Strongest e Jorge Wilstermann, que aparecem logo abaixo na lista de maiores campeões. E esta seria uma edição diferente da liga, com direito a mata-matas. A decisão em jogo único reservou exatamente o clássico de La Paz, com o Estádio Hernando Siles dividido no meio pelas torcidas. Melhor ao Bolívar, que não deixou dúvidas sobre sua força, ao derrotar o Strongest por 3 a 0. Os heróis foram brasileiros: Chico anotou dois gols e Bruno Sávio selou a festa da equipe dirigida por Antonio Carlos Zago, em sua primeira conquista pelo clube.

O último título do Bolívar tinha vindo no Apertura de 2019. Nas últimas três edições do campeonato, os celestes não passaram da terceira posição. Em 2021, inclusive, o desempenho abaixo das expectativas resultou na quarta posição na tabela. Não era o que se esperava de um clube com o nível de investimento e a estabilidade administrativa do Más Grande. Independentemente da colocação, Antônio Carlos Zago foi mantido no cargo, após chegar em julho de 2021. Já a diretoria garantiu diversos reforços na virada do ano. Nomes como Chico, Bruno Sávio, Pato Rodríguez, Rubén Cordano e Luis Haquín davam mais qualidade aos paceños.

O Bolívar começou bem as preliminares da Libertadores, ao passar com tranquilidade pelo Deportivo Lara, mas sucumbiu na segunda fase, diante da Universidad Católica do Equador. Assim, restava apenas o Campeonato Boliviano para se concentrar. Os celestes então fizeram a melhor campanha da fase de classificação com certas sobras. O time venceu 12 das 16 partidas disputadas e liderou seu grupo com dez pontos de vantagem. Os mata-matas, contudo, iniciavam outra competição.

Durante as quartas de final, o Bolívar correu sérios riscos. O Oriente Petrolero venceu a ida em Santa Cruz de la Sierra por 1 a 0 e o troco também por 1 a 0 na volta saiu somente aos 48 do segundo tempo, com Javier Uzeda. O triunfo do Más Grande nos pênaltis seria garantido na oitava série de cobranças, por 7 a 6. Já na semifinal, o Bolívar virou a ida contra o Blooming por 3 a 2, com dois gols depois dos 43 do segundo tempo – Uzeda de novo foi o talismã aos 49. Um pouco mais de calmaria aconteceu na volta, com os 4 a 0 em La Paz. Por fim, na decisão em jogo único, ocorreu o dérbi contra o Strongest.

O Bolívar abriu a contagem no primeiro minuto, com a participação decisiva da dupla dinâmica brasileira. Bruno Sávio roubou a bola no campo de ataque e cruzou para Chico desferir a cabeçada fatal. Já aos 32, os celestes ganharam um pênalti. Chico cobrou e anotou mais um, depois de ter falhado na marca da cal diante do Oriente Petrolero. O Strongest havia feito pouco até então, sem ameaçar o domínio dos rivais. Aos 25 do segundo tempo, então, o triunfo seria concluído. Chico retribuiu a gentileza e cruzou para Bruno Sávio mandar às redes. A impressão era de que o placar ficou barato, considerando uma bola na trave e as boas defesas do goleiro aurinegro Guillermo Viscarra.

Chico foi o artilheiro do Bolívar na campanha, com oito gols, enquanto Bruno Sávio anotou quatro. Patito Rodríguez também merece menção, com três tentos e oito assistências. Já na defesa, uma das lideranças foi o rodado zagueiro César Martins, o primeiro a desembarcar com Antônio Carlos Zago e que usou a braçadeira de capitão em parte da campanha. Não se pode negar a influência brasileira, até pelo bom futebol proporcionado pelo treinador. O Más Grande fechou o campeonato com 53 gols marcados em 21 partidas, enquanto sofreu apenas 12. São números avassaladores.

Com a conquista, o Bolívar se confirma na Libertadores de 2023, diretamente na fase de grupos. Os celestes merecem uma nova chance, pelo futebol apresentado no momento. Se a maioria dos representantes do país deixou impressão ruim neste início de temporada continental, os celestes indicam que podem fazer melhor com a continuidade do atual trabalho. Além disso, há o intuito de voltar a dominar a liga local. Não seria surpreendente se o Clausura também viesse, pela forma como o Más Grande se impôs na maior parte do Apertura.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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