Clássico entre U de Chile e Católica é suspenso por causa de fogos atirados no gramado

O Campeonato Chileno deveria celebrar o clássico entre Universidad Católica e Universidad de Chile neste domingo, mas um episódio de violência nas arquibancadas sequer permitiu que o intervalo da partida chegasse. O embate realizado em Concepción foi interrompido aos 30 minutos da primeira etapa, depois que torcedores encapuzados de La U tentaram invadir o gramado do Estádio Ester Roa e atiraram fogos de artifício no campo, inclusive perto do quarto árbitro. Os incidentes foram condenados por diferentes autoridades do país e o Clássico Universitário deverá ser retomado sem público nos próximos dias.

O ambiente no Estádio Ester Roa já era bastante tenso no início do clássico. A confusão era provocada pela torcida da Universidad de Chile. A atitude era uma represália às limitações impostas pela polícia chilena antes do clássico, a artigos como bandeiras e instrumentos musicais. “Lamentavelmente, os inúteis de verde derrubaram a festa e nos proibiram de inserir nossos elementos de animação – e, junto com isso, toda a festa que tínhamos preparada há meses. Tudo isso foi devidamente discutido e tratado como correspondente, mas, de maneira arbitrária, os carabineros de Concepción decidiram impedir a entrada de nossa festa. Tornamos pública essa situação porque nos ferve o sangue que, pela inoperância da instituição mais questionada do país, a festa dos estádios morra”, escreveu a principal barra da U.

Os fogos de artifício e as bombas caseiras explodiram em diferentes momentos da partida. Inclusive, a torcida da Universidad de Chile quase atingiu seu próprio goleiro, Cristóbal Campo. Enquanto a bola rolava, La U era melhor. No entanto, quando o relógio passava dos 30 minutos, a situação se tornou mais grave. Outras bombas explodiram, inclusive uma próxima do quarto árbitro. Diego Flores precisou ser atendido pelo médico da Católica, atordoado pelo estrondo. Equipes de televisão que faziam a cobertura também foram afetadas pelos explosivos. Além disso, policiais ficaram feridos.

Ao mesmo tempo, alguns torcedores encapuzados tentaram invadir o campo. Foi o estopim para que o árbitro encerrasse o clássico e mandasse os times voltarem aos vestiários. Os próprios jogadores estavam preocupados com a situação e alguns se aproximaram das arquibancadas, para ver como estavam seus familiares. O goleiro Cristóbal Campo, por sua vez, foi conversar com a barra. No fim das contas, foi decidida a suspensão do jogo. O duelo será retomado, quando possível, a partir do minuto 31. A ideia inicial é realizá-lo sem público.

Depois da partida, diversas autoridades esportivas condenaram os atos. Entre eles, Yamal Rajab, gerente de ligas da federação local: “Nós nos reunimos num comitê de crise, com os árbitros e a polícia. Não existiam garantias de segurança. É uma lástima, porque essas pessoas não representam os clubes, mas apenas a si mesmos. Fazemos um tremendo esforço para realizar a partida. Terminamos com câmeras feridos, enquanto o árbitro está melhor, mas sem condições. É uma lástima ter que suspender a partida. Os fogos eram atirados contra as pessoas no campo. É uma situação que não se pode suportar. Não havia segurança para seguir”.

Já o presidente do Chile, Gabriel Boric, também se manifestou publicamente: “Não vamos deixar que um grupo pequeno de delinquentes tome os estádios ao custo da grande maioria que vai para ver um espetáculo em paz e alegria. Vamos identificar e fazer cair todo o peso da lei sobre os que provocam isso, e espero que não voltem a entrar num estádio”.

Vale lembrar que este nem é o primeiro Clássico Universitário suspenso por conta de rojões nos últimos meses. Em setembro, o duelo pela Copa Chile foi interrompido depois que fogos de artifício foram atirados pela torcida da Universidad Católica contra o goleiro da Universidad de Chile, Martín Parra. O arqueiro sofreu um trauma acústico e passou por acompanhamento médico.

O Clássico Universitário ainda tinha peso para a parte de cima da tabela do Campeonato Chileno. A Universidad de Chile é a vice-líder depois de 11 rodadas, com 21 pontos, e tentaria ultrapassar o Huachipato, com 22. Além disso, na quarta colocação, com 19 pontos, a Universidad Católica também poderia se aproximar.