Lionel Messi evoluiu bastante nas cobranças de falta. O fundamento nem era de suas principais características. No entanto, na ausência de especialistas no Barcelona, o camisa 10 se aprimorou. Aos poucos, se tornou também letal nas bolas paradas. E o trabalho diário, unido ao talento, tem valido demais ao artilheiro, especialmente nas últimas semanas. Pela primeira vez na carreira, o argentino emendou gols de falta em três partidas consecutivas. Nesta quarta, não apenas assegurou a classificação às quartas de final da Copa do Rei, como também igualou Ronaldo Koeman como maior goleador do Barça no quesito.
Desde os primeiros anos, Messi teve alguns dos melhores mestres para se espelhar. Dividiu os treinamentos com dois dos maiores batedores de falta deste século: Ronaldinho Gaúcho e Juan Román Riquelme. Já na seleção argentina, pôde aprender um bocado com Diego Armando Maradona, quando este foi treinador – aliás, talvez a principal virtude da lenda na função era a maneira como transmitia suas experiências aos seus comandados. Na passagem abaixo, o ex-preparador físico da Albiceleste, Fernando Signorini, relembra uma dessas lições. O trecho foi retirado do livro ‘Futebol, um chamado à rebelião'. Obviamente que não é apenas a dica preciosa de Maradona que fez Messi crescer tanto no quesito. Mas vale demais pela anedota do encontro de dois gênios:
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“Em fevereiro de 2009, pouco tempo depois que Diego assumiu a seleção, fomos à França disputar um amistoso. Um dia antes do jogo, fizemos um treino no estádio, onde Diego trabalhou o tático final com os 11 titulares. Quando encerrou a atividade, Mascherano, Tevez e Messi pediram se poderiam permanecer, praticando cobranças de falta.
Em um momento, Lionel colocou a bola mirando o gol, um pouco à esquerda e, quando bateu, seu chute saiu longe. Fez um gesto de irritação e saiu para o vestiário. Eu fui atrás dele: ‘Me diz uma coisa: um jogador como você vai sair com essa porcaria? Pega uma bola e volta a tentar'.
Terminei de falar isso e veio Diego, que tinha escutado tudo, como sempre. Pegou Messi pelo ombro e disse: ‘Vem cá, papai, vamos fazer de volta'. Era como um professor e seu aluno. E seguiu: ‘Coloca a bola aqui e me escuta bem: não venha com o pé tão rápido à bola, senão ela não sabe o que você quer'.
Então, Diego acariciou a bola com a canhota e a cravou no ângulo, balançando as redes diante do olhar de admiração de Messi. Para os que falam do ciúme de Diego, que ciúme? Ele estava abrindo um mundo de conhecimento e não cobrou nada. Eu dei meia volta e não queria ver mais, já era suficiente. Ali estava o futebol argentino”.
Abaixo, um vídeo da última semana, em que Diego dá aula de cobranças de falta a um grupo de garotos:
