
São duas as histórias que contam nos bastidores para o não acerto entre Riquelme e Cruzeiro no meio do ano passado.
1) A primeira delas vem do empresário Jorge Baidek, um dos representantes do argentino no Brasil
Riquelme, sempre com aquele ar indiferente a tudo e a todos, jogava bola em sua Buenos Aires com amigos naquela quinta-feira à noite. Ao fim do futebol, à 1h30 da madrugada, pegou o telefone e ligou para Baidek, indicando para onde gostaria de ir e reforçando o seu desejo de jogar no Brasil. Topou até mesmo abaixar a sua pedida salarial, convencido, segundo o agente, pela empolgação daquela pelada noturna. Tudo estava encaminhado, Riquelme viria, o empresário já tinha uma passagem comprada para buscá-lo em Buenos Aires, mas no último dia da janela de transferências para estrangeiros, o Boca bateu o pé, não aceitou liberá-lo de seu contrato, como prometera, e o negócio caiu por terra.
2) A segunda história tem como personagem principal Alexandre Mattos, diretor de futebol do Cruzeiro
Na semana semana que antecededia o fechamento da janela de transferências para estrangeiros, Mattos se preparava para ir até Buenos Aires selar o acordo com Riquelme e buscar o meia argentino. O dirigente chegou a se dirigir até o Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte. Do local, no entanto, resolveu fazer uma última consulta ao presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares. Perguntava se todo aquele esforço valeria mesmo à pena, se deveriam prosseguir com o negócio e com a viagem. Chegaram à conclusão ali mesmo, numa ligação, de que não e abortaram as conversas.
Uma fonte segura me garante que a verdadeira história da negociação que traria Riquelme para a Raposa é esta última. Então, vamos com ela.
O Cruzeiro teve a chance de contratar o craque argentino. Chegou a ir até aeroporto e desistiu. O Palmeiras, não. Preferiu embarcar. Viajou até Buenos Aires, apresentou sua oferta, praticamente selou acordo e, na avaliação de alguns, embarcou numa aventura que não deverá ter final feliz. O principal argumento é o de que o meia, após a final da Libertadores, passou seis meses longe do futebol, fora de forma física e levando uma rotina de aposentado. Pesa contra ele também a declaração, depois da derrota para o Corinthians no Pacaembu, de que já não não tinha mais condição de defender o Boca.
Se já não se encontrava bem para atuar pelo time de La Bombonera, não há por que acreditar obviamente que seria diferente com o Palmeiras, confere? Seria apenas uma tentativa de faturar uma grana a mais, com um contrato que lhe foi negado em sua antiga casa e talvez ainda mais poder.
Pode ser tudo isso. Tudo isso e algo mais. Ainda assim, sigo achando que Riquelme é uma boa para o Palmeiras. Se o Palmeiras, claro, tiver a exata noção de quem está trazendo. Um relato de meu amigo Ezequiel Fernandez Moores, colunista do jornal La Nación, dá uma ideia.
“Riquelme foi a grande história do Boca na Libertadores. O dono da equipe. Falcioni tentou tirá-lo quando assumiu e também alguns meses depois, mas perdeu e teve que se convencer de que, sem um Riquelme ainda mais velho, com muitas lesões porque não gosta de treinar, o Boca seria outro. Na ausência de Martin Palermo, o outro grande líder, o Boca voltou a ser campeão, Riquelme assegurou o posto de líder, mandando em toda a equipe dentro de campo e decidindo quando falar”.
Esse é o último Riquelme que correu pelos gramados. Sempre foi assim durante toda a carreira. Não mudou nada. E provalvemente não vai mudar agora. É o Riquelme que o Palmeiras deve receber. Vale o risco? Ainda sigo pensando que sim.