Argentina fracassa, cai na primeira fase do Sul-Americano Sub-20 e o técnico Mascherano assume a culpa
"Não tenho muito a dizer: não há desculpas. Eu falhei e tenho que assumir a responsabilidade", afirmou Mascherano, que deve deixar o cargo de técnico

O Campeonato Sul-Americano Sub-20 registra uma imensa decepção logo na fase de grupos. E a Argentina, tão envolvida com o futebol após a conquista da Copa do Mundo, vê seus juniores fracassarem retumbantemente. Tudo bem que o Brasil, com uma geração muito talentosa, dificultava no mesmo grupo. Ainda assim, a Albiceleste tinha seus prodígios e passou longe da classificação ao hexagonal decisivo, com uma mísera vitória em quatro jogos. Na rodada desta sexta-feira, era compulsório que os argentinos derrotassem a anfitriã Colômbia no confronto direto. Perderam por 1 a 0 e deram adeus à competição. Javier Mascherano, técnico da sub-20, deve deixar o cargo.
A Argentina trazia jogadores já badalados em seu elenco, como os meio-campistas Máximo Perrone e Facundo Buonanotte, recentemente negociados ao futebol inglês. Todavia, era uma chave dura. E as coisas não saíram bem desde o início. Como o regulamento tradicional do Sul-Americano Sub-20 conta com dois grupos de cinco, em que três times se classificam, sempre há um folguista na rodada. Os argentinos descansaram logo de cara e perderam sua estreia na segunda rodada, contra o Paraguai. A situação piorou depois dos 3 a 1 contra o Brasil. Isso até que a resposta viesse no 1 a 0 sobre o Peru, que sustentava as esperanças para a rodada final.
A Argentina entrou em campo nesta sexta-feira sem mais poder alcançar Brasil e Paraguai, que se enfrentavam pela liderança. A única chance de classificação era derrotar a Colômbia, em Cali, num confronto direto pela terceira vaga. O empate sem gols prevaleceu até os 30 minutos do segundo tempo. E se o tento da Albiceleste não vinha, a hecatombe se consumou quando Juan David Fuentes determinou o 1 a 0 para os Cafeteros. Ficaram as críticas a um time argentino sem criatividade e com desajustes defensivos.
A eliminação no Sul-Americano Sub-20 tem suas consequências. Com isso, a Argentina não participará do Mundial que será realizado na Indonésia. Dona de seis títulos na competição internacional, a Albiceleste tem deixado a desejar na categoria: ausente nas edições de 2009 e 2013, a equipe caiu na fase de grupos em 2015 e 2017, enquanto não passou das oitavas em 2019. Agora, nova ausência já confirmada. Além disso, o time também ficará de fora dos Jogos Pan-Americanos de 2023, sediados em Santiago.
Na Argentina, as críticas se concentram sobre a bagunça da AFA na organização de suas categorias de base. As trocas de treinadores são constantes desde os últimos anos de Julio Grondona e não há um projeto claro desde que Chiqui Tapia assumiu a federação. A chegada de Mascherano parecia indicar um caminho mais integrado com a comissão técnica principal comandada por Lionel Scaloni – que, afinal, comandava a base antes de virar interino do time adulto. Os argentinos passam longe de uma linha de trabalho como a consagrada por José Pekerman, que conduziu o país a seguidas conquistas entre os anos 1990 e 2000.
Já depois da partida, Mascherano assumiu a bronca: “Não há muito o que dizer. O primeiro é lamentar pelos garotos, por não ter os ajudado. É uma geração de jogadores incríveis e está claro que quem falhou aqui fui eu, ao não transmitir confiança e tranquilidade para que jogassem como sabem, como me mostraram durante todo o processo. Nunca chegamos ao nível em que podíamos chegar. Esta equipe pode jogar muitíssimo melhor e, repito, claramente sou o responsável, por não ter os convencido de jogar no nível. Não tenho muito a dizer: não há desculpas. Eu falhei e tenho que assumir a responsabilidade”.
Questionado sobre sua continuidade, Mascherano indicou que deve deixar o cargo. É ver como será o impacto desse desastre à geração. A Argentina tricampeã do mundo confiou em veteranos que ganharam o Mundial Sub-20 no passado, como Lionel Messi e Ángel Di María. Todavia, o grosso do elenco de Lionel Scaloni é composto por jovens que não tiveram sucesso nas gerações sub-20 de fracas campanhas desde a última década. Se há qualidade, há tempo para dar a volta por cima.