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A garotada deu show e Bielsa estreou à frente do Uruguai com goleada sobre a Nicarágua

Marcelo Bielsa ofereceu espaço a diversos novatos, que deram conta do recado e garantiram uma ótima atuação no Centenário

O Uruguai entrou em campo nesta quarta-feira sob excelente atmosfera. Existia uma genuína expectativa para a estreia de Marcelo Bielsa à frente da Celeste. Também auxiliava a boa onda gerada pelo título no Mundial Sub-20, com os garotos festejados no gramado do Estádio Centenário antes que a bola rolasse. E não que os charruas tivessem um grande desafio, com o amistoso contra a Nicarágua. Assim, ficou mais fácil para os uruguaios exibirem um bom futebol e aplicarem a goleada por 4 a 1. Ainda é cedo para fazer afirmações mais contundentes, mas a maneira como o time partiu para cima dos adversários rompe aquilo que se espera de identidade dos celestes e o que se viu nos últimos anos. Muitos garotos aproveitaram a oportunidade, numa escalação experimental de Bielsa em sua primeira Data Fifa.

Bielsa disse que usaria a primeira convocação para conhecer alguns jogadores, e não para trabalhar com aqueles que já conhece das grandes ligas. Assim, o 11 inicial do Uruguai contou com uma equipe bastante jovem – eram oito atletas de até 23 anos e cinco estreantes. O nome mais tarimbado era Matías Viña, titular como zagueiro e dono da braçadeira de capitão. Outro mais rodado era Guillermo Varela, na lateral direita. Já do meio para frente, apareceram muitos novatos. Facundo Pellistri vinha com moral do ciclo anterior e não surpreendia tanto. Um que aproveitou a ocasião foi Rodrigo Zalazar, do Schalke 04, meia que entrou como volante. A equipe ainda teve vários futebolistas em atividade na América Latina – como o ponta Brian Rodríguez (América do México), o meia Maximiliano Araújo (Toluca) e o atacante Matías Arezo (Peñarol).

A pressão do Uruguai se desenrolou desde os primeiros minutos, com uma postura bastante agressiva da equipe. E o primeiro tento saiu aos oito minutos. Zalazar deu um baita lançamento e Pellistri ajeitou para Arezo definir nas redes. A Celeste não finalizava tanto, mas criava bastante com a posse de bola e os dribles – em especial Brian Rodríguez na ponta esquerda. Arezo poderia ter ampliado aos 28, mas desperdiçou um pênalti, com grande defesa do goleiro Miguel Rodríguez. Porém, aos 37, o segundo gol veio num contragolpe. Pellistri deu uma arrancada sensacional e acionou Zalazar na conclusão. Somente no final o goleiro Franco Israel teria algum trabalho na meta celeste.

O Uruguai manteve a superioridade no segundo tempo e não demorou a marcar o terceiro gol, aos 11 minutos. Fazendo sua estreia na seleção principal, Zalazar de novo teve grande influência, ao enfileirar os oponentes na entrada da área e tocar de calcanhar. Emiliano Martínez ajeitou e Brian Rodríguez bateu no canto para guardar. Maxi Araújo chegou a mandar uma bola na trave para os anfitriões, enquanto o goleiro Miguel Rodríguez passou a acumular grandes defesas para evitar um placar pior à Nicarágua.

Os uruguaios martelaram e desperdiçaram várias chances, até que o quarto gol viesse aos 37. Num rebote, Zalazar mandou uma sapatada de fora da área e se confirmou como nome da noite. O gol de honra da Nicarágua veio apenas nos acréscimos, a partir de uma cobrança de falta, em lance no qual Luis Coronel mandou na trave e aproveitou rebote para anotar. Ao longo da segunda etapa, entraram três jogadores que atuam no Brasil: Thiago Borbas, Bruno Méndez e Felipe Carballo.

O Uruguai tem novo compromisso na próxima terça-feira. A Celeste enfrenta Cuba, em amistoso dentro do Centenário. A tendência é que Marcelo Bielsa promova ainda mais jovens na equipe. Sete jogadores campeões mundiais sub-20 tinham sido convocados de antemão e o treinador deve aproveitar para observá-los. Outros mais rodados da convocação também devem participar – como Joaquín Piquerez, Mauricio Lemos, José Luis Rodríguez e Agustín Canobbio, todos no elenco desta Data Fifa e poupados contra a Nicarágua.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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