Watzke, CEO do Dortmund: “Estamos em uma situação confortável, não precisamos vender jogadores”
Com alguns de seus atletas no radar de grandes clubes, em especial Erling Haaland, dirigente reforça posição de força do BVB no mercado
Com uma política de contratar jovens promissores e desenvolvê-los ao oferecer tempo de jogo em uma liga competitiva, é natural que o Borussia Dortmund acabe sendo, de certa forma, um clube-trampolim para grandes talentos. Ainda assim, garante Hans-Joachim Watzke, CEO dos aurinegros, isso não significa que o clube esteja em uma posição de fraqueza nas negociações. Pelo contrário, a boa saúde financeira permite ao BVB ser firme nas negociações.
Depois de um verão europeu passado repleto de rumores sobre uma possível saída de Jadon Sancho para o Manchester United, o Dortmund se encontra agora às portas de outra grande novela. Erling Haaland, atacante dos aurinegros, tem feito excelente temporada, está no radar dos maiores clubes do mundo, e seu empresário, Mino Raiola, já começou um tour pela Europa para conversar com equipes interessadas em seu futebol.
Em uma indicação da dificuldade das negociações a seguir, Watzke afirmou que o Borussia Dortmund vai bem, obrigado, financeiramente e que poderá impor as condições de uma possível transferência, com jornais falando em um valor superior às £ 100 milhões.
“Quando a Covid-19 chegou, não tínhamos nenhuma dívida, nem um euro. Por isso, estamos em uma situação confortável. Não precisamos vender jogadores, e isso é importante. Os clubes ricos do mundo precisam saber que, quando querem um jogador do Borussia Dortmund, existem duas possibilidades. A primeira é que eu digo que eles não têm nenhuma chance. Outras vezes, eu digo: ‘Este é o preço’. Então, eles devem saber que aquele é o preço, não outro preço. Somos muito claros, muito honestos”, explicou Watzke à BBC.
Indicando acreditar que Haaland continuará jogando no Signal Iduna Park na próxima temporada, o CEO do Dortmund lembrou a novela de Sancho como exemplo da força do clube no mercado. O Manchester United namorou o inglês por longos meses, acreditou conseguir contratá-lo por menos do que os cerca de € 100 milhões pedidos pelos aurinegros, mas saiu das negociações de mãos vazias.
“Eu fico cansado disso (dos rumores). No verão passado, todos na Inglaterra, na Europa, todos jornalistas diziam ao público: ‘Jadon Sancho jogará pelo Manchester United’. Mas ele ainda está jogando no Borussia Dortmund. Agora, todos escrevem: ‘Erling Haaland jogará na próxima temporada pelo Real Madrid ou pelo Barcelona, ou por este ou aquele clube’. A única maneira de saber é olhar em 1º de setembro onde ele está jogando. Acho que sei onde ele estará jogando, mas isso é tudo que tenho a dizer.”
Ainda que fale da firmeza do Dortmund no mercado e reforce sua confiança no modelo de negócio encontrado pelo clube, Watzke admitiu que ele é limitante, sobretudo em termos de montar uma equipe competitiva a longo prazo.
“(A estratégia) Está funcionando de maneira fantástica, mas é difícil desenvolver uma equipe com ela, porque depois de dois ou três anos, se estes jogadores jovens jogarem muito, muito bem, como o Erling Haaland ou o Jadon Sancho, os maiores clubes da Europa vão querer comprá-los. Mas esta é a única maneira para o Borussia Dortmund”, contou.
“O Dortmund não é um clube em que você tem que ter grandes visões, porque você não tem um grande dinheiro. Se eu tivesse dinheiro como outros clubes, que podem gastar um bilhão de euros em cinco ou dez anos, aí, sim, você pode ter uma visão. O que quero ter pelos próximos anos é o status de ser um dos dez ou 12 melhores clubes na Europa e, é claro, vencer alguns títulos na Alemanha”, completou o CEO.
Esta estratégia é naturalmente inconstante, mas tem permitido ao BVB campanhas relativamente boas. Na atual temporada, a equipe se encontra nas quartas de final da Champions League, de frente ao favorito Manchester City. Com os talentos de Sancho, Haaland e tantos outros jovens, e vendo a magra vantagem de 2 a 1 dos ingleses na partida de ida em Manchester, Watzke vê como vivas as chances dos aurinegros avançarem às semifinais.
“Antes do primeiro jogo em Manchester, minha opinião era de que tínhamos uma chance de 10%. Agora, temos uma porcentagem muito melhor. Não sei quanto, mas as chances estão parecendo muito boas, porque sabemos que eles falharam nas três últimas vezes em que estiveram entre as oito últimas equipes. Se marcarmos o primeiro gol, talvez isso venha à mente deles”, torceu o dirigente.