Bundesliga

Sensação dos EUA nas Eliminatórias, Ricardo Pepi assina com o Augsburg por valor recorde do clube

Às vésperas de completar 19 anos, Ricardo Pepi viverá sua primeira experiência no futebol europeu, depois de se destacar na seleção americana e na MLS

Ricardo Pepi precisou de pouquíssimo tempo para se tornar um xodó na seleção dos Estados Unidos. O atacante optou pelo US Team, apesar do convite feito pela seleção mexicana, e provou seu valor de imediato. A ascensão meteórica rendeu três gols e três assistências nas seis primeiras aparições do centroavante pelas Eliminatórias, isso tudo com apenas 18 anos. E o desenvolvimento do prodígio, revelado pelo FC Dallas, continuará na Bundesliga. Nesta segunda, o Augsburg anunciou a compra de Pepi por €16 milhões – o negócio mais caro feito pelo clube em sua história.

Pepi nasceu em El Paso, no Texas, em uma família de origem mexicana e passou a infância cruzando a fronteira para visitar familiares. Isso levou o centroavante a ser bem cotado nas duas seleções, à medida que começou a despontar nas categorias formativas do FC Dallas. A promessa chegou a passar por um período de treinamentos com o time sub-16 do México. Entretanto, o atacante optou pelo país de nascimento e defendeu a seleção sub-17 dos Estados Unidos, antes de confirmar que defenderia o US Team no nível principal.

Tal badalação se justificava pelo desempenho de Ricardo Pepi com o FC Dallas. O atacante brilhou com a filial do clube, antes de fazer sua estreia na Major League Soccer com apenas 16 anos, em 2019. De qualquer maneira, foi só um tempo depois que o prodígio se confirmou como um nome para se prestar bastante atenção. Pepi chegou a marcar gol nos playoffs da MLS em 2020, até figurar entre os principais artilheiros da liga em 2021. O centroavante anotou 13 gols em 31 partidas na competição, que, se não foram suficientes à classificação dos texanos novamente aos mata-matas, pelo menos renderam a ele o prêmio de melhor jovem do campeonato.

O bom futebol de Ricardo Pepi com o FC Dallas abriu portas maiores. O atacante seria um dos heróis no All-Star Game de 2021, ao converter o pênalti decisivo na vitória dos astros da MLS contra o time de destaques da Liga MX. A estreia na seleção principal aconteceu semanas depois, logo como titular e com atuação fantástica. Pepi marcou um gol e deu duas assistências numa dura virada contra Honduras que terminou em goleada por 4 a 1 nos minutos finais. Logo no jogo seguinte, fez ambos os tentos nos 2 a 0 sobre a Jamaica. Os números não seguiram tão altos, mas o adolescente manteve a titularidade e boas participações na campanha dos EUA nas Eliminatórias.

Desta maneira, parecia questão de tempo uma chance para Ricardo Pepi na Europa. E ela acontece na janela de inverno. Pepi manifestou o desejo de deixar o Dallas ao final da temporada da MLS e o Wolfsburg se colocava à frente na corrida pelo jogador. Entretanto, contando com investidores americanos, o Augsburg realizou uma oferta mais alta e venceu a disputa com os Lobos. Os €16 milhões chamam a atenção, até considerando o padrão de investimento dos bávaros. Entretanto, algumas boas partidas do garoto parecem justificar tamanha aposta feita por um clube que luta por sua permanência na elite. O Augsburg ocupa o 15° lugar da Bundesliga, um ponto acima da zona dos playoffs contra o rebaixamento.

O Augsburg costuma atuar com dois atacantes, o que deve garantir minutos em campo para Ricardo Pepi. Com as lesões de Alfred Finnbogason e Florian Niederlechner, o técnico Markus Weinzierl opta geralmente por uma dupla formada pelo tarimbado André Hahn e pelo ascendente Andi Zeqiri. Além disso, Sérgio Córdova é uma opção frequente saindo do banco. Ninguém que pareça necessariamente capaz de relegar Pepi à reserva, ainda mais com os valores desembolsados pela diretoria. Caso seguisse para o Wolfsburg, o adolescente corria mais riscos de ser eclipsado por Wout Weghorst.

Ricardo Pepi, além do mais, engrossa a lista de jovens americanos que se provam no futebol alemão. A Bundesliga é um histórico celeiro de jogadores da seleção dos Estados Unidos, até por causa dos muitos filhos de militares que nasceram em bases na Alemanha e ascendem nos clubes locais. A vasta lista inclui nomes históricos do US Team, como Thomas Dooley e Claudio Reyna, passando ainda por outros rodados como Fabian Johnson e Steven Cherundolo. O próprio técnico da seleção, Gregg Berhalter, defendeu Energie Cottbus e Munique 1860 nos tempos de atleta. Além disso, outras referências do time atual, como Christian Pulisic e Weston McKennie, também estouraram no Campeonato Alemão.

Com a chegada de Ricardo Pepi, a Bundesliga conta com nove jogadores americanos, sete deles convocados pela seleção ao menos uma vez durante 2021. Os rodados John Anthony Brooks e Timothy Chandler encabeçam a lista, que ainda assim chama mais atenção por jovens do calibre de Giovanni Reyna, Tyler Adams, Joe Scally e Chris Richards. Pepi parece encontrar um ambiente favorável à sua afirmação no futebol europeu. Resta saber se estará no clube ideal, diante dos riscos do Augsburg na tabela. Matthew Hoppe e Josh Sargent até chegaram ao US Team pelo trabalho na Bundesliga, mesmo com os rebaixamentos com Schalke 04 e Werder Bremen, mas ainda buscam se firmar por Mallorca e Norwich, respectivamente.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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