Rummenigge, sobre sua volta ao Bayern: “É importante agora trazer calma ao clube rapidamente”
Chefe-executivo do Bayern por duas décadas, Rummenigge voltará a atuar como uma espécie de conselheiro do clube

O Bayern de Munique não quis esperar para fazer uma mudança drástica em sua direção, mesmo com a conquista dramática do título da Bundesliga. Era necessária uma limpa no comando do clube, depois do caos que imperou nos últimos meses, e naturalmente os dois homens fortes do departamento de futebol perderam seus empregos – Oliver Kahn e Hasan Salihamidzic. Neste momento, as antigas lideranças dos bávaros voltam a transitar nos corredores. E uma notícia muito bem recebida no clube esteve no retorno de Karl-Heinz Rummenigge. O antigo chefe-executivo e eterno ídolo agora ocupará uma cadeira no conselho fiscal. Estará mais próximo do dia a dia, para evitar que a sucessão de erros ocorra de novo.
Lenda do clube na virada dos anos 1970 para os 1980, Rummenigge trabalhou por três décadas continuamente nos bastidores do Bayern. Primeiro assumiu como vice-presidente, em cadeira que ocupou de 1991 a 2002. Já a partir de 2002, se tornou chefe-executivo dos bávaros. O atual ciclo vitorioso do clube foi construído com participação ativa de Kalle. Era uma figura de muita influência, também por seus cargos em outras entidades esportivas nacionais e europeias, assim como tinha ótimo trato com os demais funcionários do clube – algo muito diferente da postura fria de Kahn, seu sucessor como CEO. Não à toa, a volta de Rummenigge ao conselho fiscal gerou festa na Baviera.
Uma das razões da volta de Rummenigge foi exatamente a saída de Salihamidzic. O veterano era um dos tantos que não tinham boa relação com o antigo diretor de futebol, sobretudo após a queda de braço que culminou no fim do trabalho de Hansi Flick no clube. Uma das condições para Rummenigge retornar, inclusive, seria a demissão de Salihamidzic. Coube a Uli Hoeness, antigo companheiro do atacante e atual presidente honorário, articular seu retorno aos bastidores. Não estará tanto na linha de frente como ao longo das últimas três décadas, mas exercerá sua influência internamente.
“Sinto a necessidade de estar ao lado do clube no qual passei 40 anos da minha vida como jogador, vice-presidente e chefe-executivo. É importante agora trazer calma ao clube rapidamente. O Bayern sempre teve sucesso como uma unidade”, apontou Rummenigge. “Em todos os clubes, o time é o mais importante e você precisa focar nisso. Tem que proteger o time, apoiar o time – também pode criticar de tempos em tempos, mas, por favor, não muito publicamente”.
“É impressionante como a mudança de treinador em março agitou o clube. Além disso, infelizmente fomos eliminados na Copa da Alemanha e na Champions League em seguida. Isso causou insatisfação. É importante que o clube novamente resgate valores que sempre foram importantes no Bayern. Sempre preferi falar com o outro, em vez de falar sobre o outro. O Bayern sempre foi uma grande família. Temos que trazer de volta valores como harmonia, lealdade e ambiente positivo”, complementou.
Sobre seu novo cargo, Rummenigge explicou: “Não vou intervir diretamente. Fui nomeado como membro do conselho fiscal. É uma grande diferença do que eu fazia. O conselho fiscal é o órgão mais alto, mas o operacional é o conselho diretor. Como membro do conselho fiscal, tentarei aconselhar o clube e também supervisionar adequadamente. As negociações serão tarefas do chefe-executivo e do futuro diretor de futebol”.
O veterano ressaltou a importância de valorizar quem está presente e observar bem o mercado: “Temos que criar uma hierarquia no time de novo. Você nem sempre tem que gastar centenas de milhões de euros no mercado de transferências. Você precisa ter um time funcional em campo. Certamente o Bayern vai buscar um centroavante. Não devemos esquecer que o clube tinha o melhor do mundo nessa posição. No entanto, nem sempre você precisa ir para a prateleira de cima nas contratações”.
Rummenigge respaldou Thomas Tuchel no comando do Bayern: “Durante meu período no comando, tive muita sorte por trabalhar com vários grandes técnicos – como Louis van Gaal, Jupp Heynckes, Hansi Flick, Pep Guardiola e Carlo Ancelotti. Estou convencido que Thomas Tuchel será um treinador de muito sucesso no Bayern. Está claro que ele não teve um início fácil. Mas o mais difícil para ele foi o barulho causado pela saída de Nagelsmann. Tem sido um tópico controverso e também gerou inquietação no time”.
Já sobre a chegada de um novo diretor de futebol, Kalle pediu calma na condução: “Temos atualmente um vácuo no cargo de diretor esportivo. Enquanto a vaga estiver aberta, vamos discutir as coisas internamente entre Uli, eu, Thomas Tuchel e Jan-Christian Dreesen [o novo chefe-executivo no lugar de Kahn]. Vamos nos envolver um pouco mais até que isso seja resolvido, mas não vou procurar diretamente o novo diretor. Não estou preocupado. De um modo geral, o elenco é bom”.