Bundesliga
Tendência

O Schalke causou outra frustração no Dortmund, ao reagir duas vezes e buscar o empate no dérbi

O Borussia Dortmund dominou o primeiro tempo e perdeu a chance de construir um placar mais amplo, com o Schalke insistente até conseguir um valoroso empate contra os rivais e atrapalhar as pretensões de título

O dérbi entre Schalke 04 e Borussia Dortmund possui um histórico curioso. Alguns dos clássicos mais memoráveis, sobretudo nos últimos anos, se eternizaram porque um rival ferrou as pretensões do outro. Há duelos célebres em que os Azuis Reais estragaram as ambições de título do BVB, assim como os aurinegros também fizeram o mesmo com os vizinhos em outras ocasiões. Neste sábado, mais um jogo entra para essa lista. Ainda há muita Bundesliga pela frente, mas o Schalke aproveitou o embate na Veltins Arena para esfriar os planos do Dortmund em relação à Salva de Prata. O time de Edin Terzic vinha baqueado pela eliminação na Champions e precisava da vitória para não deixar o Bayern escapar na liderança. Foi um bom primeiro tempo do BVB, que dominou e poderia ter feito mais gols. E isso custou caro. Na segunda etapa, os Azuis Reais cresceram e por duas vezes buscaram a igualdade no placar. O empate por 2 a 2 é outra frustração ao Dortmund, enquanto o Schalke não deixa a zona de rebaixamento, mas amplia a série invicta que já dura sete partidas.

O Borussia Dortmund tinha mais problemas para o clássico. Depois de perder Julian Brandt, Karim Adeyemi e Gregor Köbel na Champions, desta vez Marco Reus era outro desfalque. A equipe titular contava com várias alterações, incluindo as entradas de Donyell Malen e Jamie Bynoe-Gittens. E quando a bola rolou, dava para notar duas propostas bem distintas. O Schalke se fechava mais na defesa e aguardava os contragolpes, enquanto o BVB ficava no campo de ataque, mas errava no terço final. Julian Ryerson daria o primeiro susto, numa batida ao lado da trave. Já aos 17, os aurinegros tiveram dois bons lances. Sébastien Haller seria travado, enquanto Mats Hummels acionou Raphaël Guerreiro na área e o lateral parou em Ralf Fährmann.

As escapadas do Schalke eram mais esporádicas. Os Azuis Reais aguardavam uma brecha do Dortmund. E quase isso aconteceu aos 24, num vacilo de Hummels. O zagueiro escorregou e deu o presente a Rodrigo Zalazar. O camisa 10 partiu livre, mas se precipitou na definição e mandou o chute para fora. Era um desperdício imenso. Até porque o BVB voltaria a aumentar a carga do outro lado. Moritz Jenz quase anotou um gol contra por cobertura, enquanto Fährmann realizou outra defesa decisiva, ao fechar a porta no mano a mano com Malen. O goleiro era essencial ao Schalke, com mais uma intervenção aos 36, ao tirar com os pés o chute de Marius Wolf.

O gol do Borussia Dortmund, contudo, parecia cada vez mais maduro. Saiu aos 38, com uma tentativa de longe. Nico Schlotterbeck recebeu na intermediária e viu espaço para avançar. De fora da área, o zagueiro bateu cruzado e a bola rasante finalmente superou Fährmann. E a blitz aurinegra continuou mesmo com o placar inaugurado. Fährmann seguia evitando um cenário pior e bloqueou um chute de Jude Bellingham pouco depois.  Já aos 44, quando Malen invadiu a área em velocidade, o chute cruzado desviou na marcação rumo à linha de fundo. Foi uma atuação muito mais contundente do BVB do que se viu contra o Chelsea.

Se o placar ficava aquém da superioridade do Dortmund no primeiro tempo, a equipe precisaria lidar com o custo disso no início da segunda etapa. O Schalke encaixou um contra-ataque e empatou aos seis minutos. Zalazar abriu com Michael Frey na esquerda e o passe rasteiro encontrou Marius Bülter com espaço na área, para empurrar às redes. Os Azuis Reais estavam animados e o BVB encontrava dificuldades para responder. Assim, o segundo gol dos aurinegros foi um grande alívio, aos 16 minutos. Emre Can foi ótimo na preparação do lance, com uma tacada de sinuca que encontrou Guerreiro com espaço na esquerda. O lateral invadiu a área e chutou firme, numa bola que entrou direto no ângulo oposto de Fährmann.

O Borussia Dortmund poderia ter consolidado a vitória cinco minutos depois, em mais uma bola metida por entre os marcadores. Bynoe-Gittens saiu de frente para o crime, mas tirou demais de Fährmann e mandou ao lado da meta. O garoto saiu logo depois, para que Mahmoud Dahoud fechasse mais o meio. E as trocas também chamaram o Schalke para o ataque, com o time se soltando após as entradas de Kenan Karaman, Simon Terodde, Tobias Mohr e Éder Balanta. Os Azuis Reais passaram a tentar mais as finalizações, enquanto Fährmann voltou a trabalhar do outro lado num chute de longe de Guerreiro.

O baque do Dortmund aconteceu aos 34 minutos. Num cruzamento de Bülter, com muito espaço pela esquerda, Kenan Karaman acertou uma cabeçada cruzada e tirou do alcance do goleiro Alexander Meyer – que poderia ter feito melhor. A partir de então, os dez minutos finais proporcionaram uma briga de foice no escuro. Anthony Modeste e Giovanni Reyna entraram no Dortmund, que quase retomou a vantagem aos 36. Foi mais um lance de Guerreiro, mas o chute passou ao lado da trave. Porém, neste momento, o Schalke até acreditava mais. Meyer faria duas defesas contra Mohr e Balanta, enquanto Hummels ainda afastou uma avanço perigoso. A última chance do BVB aconteceu aos 90, mas Schlotterbeck e depois Dahoud foram bloqueados. Ficaria a decepção pelo empate dos aurinegros, em contraste com a festa do Schalke.

O Borussia Dortmund perde também os 100% de aproveitamento pela Bundesliga em 2023. Com o empate, o BVB chega aos 50 pontos e fica dois pontos atrás do Bayern de Munique. A pressão aumenta sobre o time de Edin Terzic, depois de semanas empolgantes. Já o Schalke 04 deixa a lanterna e continua sua série invicta recente. Os Azuis Reais somam 20 pontos, um a mais que o Hoffenheim. O problema é que os demais concorrentes também pontuaram na rodada e o clube de Gelsenkirchen fica na penúltima posição.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
Botão Voltar ao topo