O Hertha flertava com a segundona há anos e um gol sofrido aos 49 do 2° tempo decretou o rebaixamento
O Hertha Berlim ia conseguindo uma vitória essencial contra o Bochum, mas cedeu o empate no apagar das luzes e viu a queda ser confirmada com uma rodada de antecipação

Ao longo das últimas temporadas, o Hertha Berlim flertou com o rebaixamento na Bundesliga. A Velha Senhora terminou as cinco campanhas anteriores abaixo do décimo lugar e, em 2021/22, escapou do descenso apenas nos playoffs. Os erros, porém, continuaram se repetindo e a queda se confirmou neste sábado, em pleno Estádio Olímpico de Berlim. O Hertha parecia pronto a arrancar uma vitória heroica contra o Bochum, em três pontos que sustentavam a esperança. Contudo, o gol de empate por 1 a 1 dos visitantes saiu aos 49 do segundo tempo e determinou o rebaixamento dos berlinenses. A desolação era clara na capital. Após a frustração de um projeto megalomaníaco que não deu certo, o Hertha volta à segundona depois de 11 anos.
A derrocada do Hertha Berlim atende principalmente pelo nome de Lars Windhorst. O empresário chegou ao controle do clube em 2020 e prometia amplos investimentos, para alçar a Velha Senhora rumo à Champions League. De fato, o magnata do ramo da informática gastou bastante no mercado de transferências, mesmo num período de limitações como a pandemia. Contudo, nunca os berlinenses formaram um senso de equipe. E a bagunça nos bastidores atrapalhava bem mais. Windhorst causava tumultos que geravam instabilidades e não havia uma continuidade na direção.
Nas temporadas mais recentes, já estava claro que o projeto do Hertha Berlim não daria certo. Os jogadores mais renomados passaram a deixar o Estádio Olímpico e o risco de rebaixamento se tornou palpável. No último ano, apenas a chegada de Félix Magath evitou a queda para a segundona, nos duelos contra o Hamburgo pelos playoffs. Entretanto, Windhorst continuou causando mais problemas e descobriu-se um caso de espionagem armado pelo proprietário, que contratou uma empresa israelense por baixo dos panos para derrubar o antigo presidente. Seria o fim da linha para o projeto endinheirado e a confirmação da estagnação do clube.
A atual temporada teria o Hertha Berlim perdido. Windhorst saiu de cena e vendeu sua parcela no clube para a 777 Partners. A esta altura, porém, muito dava errado dentro de campo. A Velha Senhora passou a Bundesliga inteira nos arredores da zona de rebaixamento, mesmo com uma aposta interessante no técnico Sandro Schwartz. O comandante durou mais do que deveria no cargo, demitido quando a vaca ia para o brejo. O ídolo Pál Dardái voltou à casamata para tentar a salvação, o que já tinha conseguido em outras duas temporadas. Não deu certo desta vez.
O elenco do Hertha Berlim não é o pior da Bundesliga, como a posição na tabela indica. Há vários jogadores experientes, como Marvin Plattenhardt, Lucas Tousart, Kevin Prince-Boateng e Stevan Jovetic. Nomes como Oliver Christensen, Dodi Lukebakio e Marco Richter fizeram boas temporadas, apesar dos pesares. Contudo, as turbulências todas nos bastidores culminaram na queda. O time chegou às rodadas finais precisando de um milagre e quem conseguiu isso foi o Bochum, com o empate por 1 a 1 na capital, que alivia sua situação.
A partida deste sábado era totalmente aberta nos primeiros minutos e Phillip Hofmann quase abriu o placar ao Bochum aos cinco, numa cabeçada que passou lambendo a trave. O Hertha cresceu e chegou a comemorar aos 19, quando Dodi Lukebakio aproveitou um contra-ataque para balançar as redes. Porém, uma falta na origem da jogada cancelou a festa dos berlinenses. O Hertha sentiu o baque e o Bochum ficaria mais próximo do gol no restante do primeiro tempo. O goleiro Oliver Christensen chegou a fazer uma defesa sensacional aos 30 minutos, numa cabeçada de Takuma Asano. Os visitantes também teriam alguns tiros perigosos para fora. Quando os berlinenses voltaram a chegar, com Lukebakio, o goleiro Manuel Riemann bloqueou o caminho.
Somente no segundo tempo é que o Hertha voltou com a postura ofensiva que precisava para buscar a vitória. Riemann logo seria exigido por Marco Richter e os berlinenses apostavam nas bolas aéreas. O gol saiu aos 19 minutos, a partir de um escanteio batido no capricho por Richter. Lucas Tousart saltou soberano e fez o desvio cruzado. Quando o Bochum tentou uma resposta imediata, Christensen operou outro milagre em testada de Asano. O clima no Estádio Olímpico era positivo.
Já nos minutos finais, o jogo continuou aberto e poderia pender para qualquer lado. Keven Schlotterbeck bateu com desvio e carimbou a trave para o Bochum aos 42 minutos. Logo na sequência, Chidera Ejuke também parou no poste, no que seria o segundo do Hertha. E o tento que decretou o rebaixamento da Velha Senhora pintou no placar aos 49 minutos, sem muito tempo à reação. Depois da cobrança de escanteio, Schlotterbeck estava na área para mandar a cabeçada nas redes. O desespero se tornou visível antes mesmo do apito final. Havia até certa resignação nas arquibancadas, por uma queda desenhada há tempos. É recomeçar, com a esperança de que a 777 faça um trabalho minimamente competente.
O Hertha Berlim fecha a rodada na lanterna da Bundesliga, com 26 pontos. Fica a cinco pontos de atingir a zona dos playoffs contra o descenso. Desta vez, não há remédio contra a queda. Este é o terceiro rebaixamento da Velha Senhora neste século e, nos dois outros, o time voltou de imediato da segundona – o último acesso veio em 2012/13. É ver se a força por trás dos alviazuis prevalece, no que é um momento de ampla reconstrução.
O pulso do Schalke ainda pulsa
Outro resultado bastante importante na luta contra o rebaixamento aconteceu na Veltins Arena. O Schalke 04 recebeu o Eintracht Frankfurt e conseguiu arrancar o empate. Os Azuis Reais saíram em vantagem logo de cara, tomaram a virada e buscaram o 2 a 2 na reta final da partida. Com isso, a equipe de Gelsenkirchen permanece na zona dos playoffs pelo menos ao fim do sábado, mas pode ser ultrapassada pelo Stuttgart no domingo.
O Schalke 04 abriu o placar logo no primeiro minuto. Rodrigo Zalazar cobrou uma falta em direção à área e Simon Terodde fez a diferença, com o desvio para o fundo das redes. O empate do Frankfurt saiu aos 21 minutos, numa cortesia do goleiro Alexander Schwolow. Daichi Kamada testou o chute de longe e o arqueiro aceitou, por baixo de seu corpo. O japonês ainda perdeu uma chance imensa para a virada no primeiro tempo, mas Tuta apareceu para fazer isso, aos 14 da segunda etapa. O brasileiro estava na área para conferir o cruzamento de Almamy Touré. Durante o fim da partida, o Schalke elevou a pressão. Numa bola recuperada nos arredores da área, Tobias Mohr cruzou e Sebastian Polter guardou. O ponto é valioso aos Azuis Reais.
Por fim, o grande vencedor da rodada entre os times ameaçados pelo rebaixamento é o Hoffenheim. Os alviazuis derrotaram o Union Berlim por 4 a 2 em Sinsheim, em resultado que deixa a classificação dos berlinenses para a Champions League ainda incerta. Ihlas Bebou anotou o primeiro aos 22 minutos, enquanto Andrej Kramaric empatou de pênalti aos 36. Só depois disso que os Eisernen descontaram, com Danilho Doekhi. O segundo tempo teve mais pressão dos berlinenses, mas os gols demoraram a acontecer, apenas no apagar das luzes. Kramaric marcou o terceiro do Hoffe aos 44, Aïssa Laïdouni descontou nos acréscimos e Munas Dabbur ainda assinalou o quarto antes do apito final.
O Hoffenheim, sem mais riscos de cair, chegou aos 35 pontos. O Augsburg soma 34 e ainda entra em campo na rodada. O Bochum fica uma posição acima do Z-3, com 32 pontos. O Schalke 04 é o 16°, nos playoffs, com 31 pontos. Já o Stuttgart abre a zona da queda direta, com 29 pontos, três à frente do lanterna Hertha. Neste domingo, o Stuttgart visita o Mainz 05 e o Augsburg recebe o Borussia Dortmund.