Bundesliga

O Bayern 2×2 Leverkusen entregou tudo o que se espera de um jogaço de futebol

Bayern e Leverkusen empataram na Bundesliga em um jogaço com ofensividade, alternância de placar e chances de gol a todo momento

Esperava-se uma grande partida na Allianz Arena nesta sexta-feira. O Bayern de Munique é o favorito para mais um título da Bundesliga, mas o Bayer Leverkusen se coloca como uma bem-vinda ameaça, pela excelente largada no campeonato. E mesmo quem esperava um duelo animado viu as expectativas serem superadas: foi um senhor jogo de futebol, com muita emoção durante os 90 minutos. A partida ofereceu alternâncias, ímpeto ofensivo, chances de gol do início até o último minuto. No fim das contas, porém, ninguém saiu como vitorioso. O empate por 2 a 2 não desamarra os concorrentes na liderança da tabela, mas sublinha os méritos dos dois times.

O primeiro tempo já entregou bastante. O Bayern começou com tudo e abriu o placar com Harry Kane. O Leverkusen acordou com uma pintura de Alejandro Grimaldo e amassou os adversários por bons minutos, com ótimos lances do imparável Victor Boniface – o melhor em campo. Porém, antes do intervalo, os bávaros só não retomaram a vantagem porque Lukas Hradecky estava com o corpo fechado. O segundo tempo ainda demorou um pouco a engrenar, mas teve milagre de Hradecky de um lado e bola na trave de Florian Wirtz do outro. Foi um final quente, para que Leon Goretzka virasse ao Bayern e o Leverkusen ainda achasse o empate com Exequiel Palacios, num pênalti nos acréscimos. Quase deu para o terceiro dos anfitriões, mas o tento de Dayot Upamecano foi anulado no apagar das luzes. Jogaço.

As escalações

O Bayern de Munique voltou da Data Fifa com mudanças pontuais em sua escalação. Konrad Laimer estava improvisado na lateral direita, com a defesa composta por Dayot Upamecano, Kim Min-jae e Alphonso Davies, além de Sven Ulreich no gol. O meio-campo reunia Joshua Kimmich e Leon Goretzka. Leroy Sané e Serge Gnabry ocupavam as pontas, com Thomas Müller como um meia central no 4-2-3-1 de Thomas Tuchel. Harry Kane se mantinha no ataque, depois de reforçar a efetividade com a Inglaterra.

Já o Bayer Leverkusen trazia vários jogadores em alta com suas seleções, a começar por Lukas Hradecky no gol, ótimo pela Finlândia. O trio de zaga tinha Odilon Kossounou, Jonathan Tah e Edmond Tapsoba. No 3-4-3 de Xabi Alonso, Jeremie Frimpong e Alejandro Grimaldo ocupavam as alas, com Granit Xhaka e Robert Andrich na faixa central. Mais soltos no ataque, Jonas Hofmann e Florian Wirtz se aproximavam de Victor Boniface, sensação dos Aspirinas nesse começo pelo clube.

Primeiro tempo alucinante

Os primeiros minutos do Bayern foram dominantes. A equipe conseguia aproveitar bem as jogadas pelos lados do campo e forçava a defesa do Leverkusen. O gol nem demorou, aos sete minutos, a partir de um escanteio. Na cobrança, Tapsoba furou a cabeçada no primeiro pau e Harry Kane escapou da marcação para concluir na pequena área. Os bávaros mantiveram uma pressão alta nos minutos seguintes, o que gerava incômodo aos visitantes. Parecia uma partida sob controle, diante das dificuldades dos Aspirinas em conseguir conectar seus ataques Nem os contragolpes davam certo.

Somente depois dos 20 minutos é que o Bayer Leverkusen conseguiu um pouco mais de escape, com melhor entendimento de seus atacantes e muitas trocas de posições. Boniface começava a despontar, com uma batida travada por Kim aos 22. A reação dos Aspirinas se tornou realmente concreta aos 24 minutos, com o empate. E foi um golaço de Grimaldo. O ala cobrou uma falta frontal e mandou em direção ao ângulo. Ulreich não alcançou, sem evitar a pintura. O gol deu uma energia tremenda ao Leverkusen, que passou a acreditar na virada. O Bayern sentia o baque. Boniface passou a martelar e a se infiltrar na área, mas perdeu duas boas chances e teve um gol anulado por impedimento. A virada parecia provável.

O Bayern só conseguiu sair das cordas nos dez minutos finais do primeiro tempo. O time ficou 24 minutos sem finalizar, até que uma testada de Thomas Müller forçasse uma boa defesa de Hradecky aos 35. A partir de então, o goleiro também se tornou personagem. Seriam ótimas defesas do finlandês na reta final da primeira etapa, com escapadas do Leverkusen, mas mais contundência dos anfitriões. Hradecky seguia atarefado. Desviou com a ponta dos dedos um chute de longe de Sané. Depois, parou também uma cabeçada de Goretzka e um chute de Gnabry com pouco ângulo. Gnabry ainda quase pegou o arqueiro no contrapé antes do intervalo, num lance em que ele estava vendido. A força dos bávaros voltava a se expressar.

Um final de três gols – dois valeram

O Leverkusen fez uma troca no seu meio-campo após o intervalo, com Exequiel Palacios no lugar de Andrich. O Bayern voltou na cadência do ritmo, sem tanta intensidade, mas adiantando suas linhas. O Leverkusen, todavia, era mais perigoso. Boniface tentou surpreender Ulreich e chutou do meio do campo aos sete minutos, numa bola que passou perto do travessão. Logo depois, numa roubada de bola, Ulreich fez uma defesaça contra Frimpong, em lance parado por impedimento. A resposta do Bayern pintou com Kane, aos 12. O centroavante estava de frente para o crime e Hradecky fez uma defesa monumental. Esticou toda a perna e, com o calcanhar, conseguiu desviar o chute rasteiro para escanteio. Parecia um gol certo, ainda mais sendo Kane pela frente.

As primeiras trocas do Bayern aconteceram aos 16 minutos, com Jamal Musiala e Noussair Mazraoui nas vagas de Müller e Kimmich, o que deslocava Laimer para o meio. A partida caiu um pouco de ritmo, com as defesas mais encaixadas e menos ímpeto. Os bávaros também ganharam mais presença ofensiva com Matthys Tel, saindo Gnabry aos 25. Era um momento de equilíbrio, à espreita da carga final. Entretanto, nenhum dos times arriscava tanto. Somente nos 15 minutos finais é que a emoção voltou a pintar.

Wirtz quase virou o placar aos 33. Numa combinação com Boniface, o atacante fintou a marcação e estava em ótimas condições. Seu chute caprichoso bateu no pé da trave. Logo depois, seria a vez de Musiala pedir um pênalti, que a arbitragem não marcou. O duelo voltava a esquentar. E a resposta dos Aspirinas teria mais um ótimo lance de Boniface, que ficou de frente com Ulreich e carimbou o goleiro. Havia mais trocação entre as equipes. Ainda assim, as melhores bolas seguiam passando por Boniface. Infernizava a zaga e deu uma batida por cima aos 40. Do outro lado, Tuchel tomava a contestável decisão de tirar Kane. Saiu também Laimer, entrando Eric-Maxim Choupo Moting e Matthijs de Ligt.

O detalhe é que ninguém sentiu a ausência de Kane, porque o segundo gol do Bayern saiu no lance seguinte, aos 41. E com o dedo do treinador. De Ligt abriu a bola na esquerda com Tel, que pedalou diante da marcação e deu um passe rasteiro. Sozinho no meio da área, feito um centroavante, Goretzka fuzilou. Xabi Alonso ainda tentou colocar Adam Hlozek na vaga de Tapsoba, ganhando mais presença de ataque. O Bayern fechava os espaços e o Leverkusen tentava um suspiro. A chance de empate veio num lance fortuito, num pênalti bobo de Alphonso Davies ao trançar o pé com Hofmann na área. Palacios assumiu a cobrança e Ulreich até resvalou na bola, mas não evitou o segundo gol dos Aspirinas aos 49.

Entretanto, quem pensava que a partida estava acabada se enganou completamente. O Bayern ganhou mais uma oportunidade, num escanteio. A bola ficou viva na área e sobrou para Upamecano marcar. Parecia um gol salvador dos bávaros, mas o bandeirinha foi rápido para flagrar o impedimento. Diante de tamanho jogaço, o empate era o mais justo com ambas as equipes. Não dava para ninguém reclamar, mesmo que a vitória tenha ficado próxima de ambos. Vaias só para a arbitragem, com a insatisfação da torcida na Allianz Arena – apesar das decisões corretas.

Leverkusen é o líder

Bayer Leverkusen e Bayern de Munique abrem a rodada da Bundesliga com dez pontos. Ninguém mais pode alcançar a dupla neste final de semana, com outros seis times somando seis pontos. A liderança é dos Aspirinas pelo saldo de gols superior. O Bayern volta a campo na quarta-feira, quando recebe o Manchester United na estreia da Champions League. O Leverkusen jogará a Liga Europa e pegará o Häcken na BayArena.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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