Antenado na Copa do Mundo, o Union Berlim reforça o meio com Laïdouni, destaque da Tunísia
Laïdouni deixou o Mundial na fase de grupos, mas aproveitou bem a vitrine com a Tunísia e trocou o Ferencváros pelo Union Berlim

Os dirigentes do Union Berlim dão boas mostras de que assistiram à Copa do Mundo. Os reforços mais recentes dos Eisernen são jogadores sem tanto renome por clubes, mas que foram bem no Mundial. Josip Juranovic dispensa apresentações, ainda mais depois do que fez contra o Brasil, e estreou na lateral do novo time com a assistência para o gol da vitória sobre o Werder Bremen. Já nesta sexta-feira, os berlinenses anunciaram outra ótima aquisição: o meio-campista Aïssa Laïdouni. O jogador de 26 anos não teve vida tão longa com a Tunísia na Copa, mas ainda assim acumulou grandes atuações. Chega por um bom preço, trazido do Ferencváros por €4,1 milhões. Encorpa um elenco que sonha com Champions e, quem sabe, até com a Salva de Prata da Bundesliga.
Nascido na França, descendente de tunisianos e argelinos, Laïdouni demorou a realmente estourar no futebol. Surgiu nas equipes menores do Angers, mas só conseguiu ter projeção nas divisões de acesso do país com os pequeninos Chambly e Les Herbiers – times que, curiosamente, se enfrentaram na semifinal da Copa da França em 2018. Não foi isso que levou Laïdouni de volta ao Angers, mas ele conseguiu um contrato para disputar o Campeonato Romeno com o Voluntari. Permaneceu duas temporadas, até se mudar em 2020 para a Hungria, ao assinar com o Ferencváros.
As condições em Budapeste obviamente eram muito melhores a Laïdouni. O meio-campista de 23 anos finalmente atuaria por um clube que ambiciona títulos e que bate cartão nas competições continentais. Tal oportunidade auxiliou em sua evolução. Durante as últimas duas temporadas, o tunisiano esteve entre as principais figuras dos alviverdes, com dois títulos no Campeonato Húngaro e presenças na Champions League. Foi também quando ganhou as primeiras convocações à seleção da Tunísia, apesar de indicar anteriormente preferência pela Argélia.
Convocado a partir de 2021, Laïdouni se firmou na equipe titular da Tunísia rumo à Copa Africana de Nações em 2022. Também participou de toda a campanha que classificou as Águias de Cartago para a Copa do Mundo. E seria dono da faixa central durante os compromissos pelo Grupo D do Mundial, com muito dinamismo e capacidade de marcação. O empate na estreia contra a Dinamarca contou com uma excelente participação do volante, que deixou expressa sua capacidade num desarme sobre Christian Eriksen e ainda recebeu o prêmio de melhor em campo. Também esteve entre os destaques na histórica vitória sobre a França. Não à toa, terminou 2022 sendo eleito o Futebolista do Ano em seu país.
Com 26 anos recém-completados, Laïdouni tinha ambição de atuar em uma grande liga. Vai para a Alemanha, com a oportunidade de viver em Berlim e brigar pelas cabeças com o Union Berlim. O estilo de jogo dos Eisernen parece facilitar o encaixe do tunisiano, pela forma como a equipe de Urs Fischer se empenha bastante sem a bola e depende da intensidade. Além disso, é um atleta para acelerar com suas arrancadas pelo meio. Ainda atuará num país com grande comunidade de origem tunisiana, inclusive no futebol. Um dos principais jogadores do Colônia e companheiro de meio na seleção, Ellyes Skhiri provavelmente influenciou a decisão do colega.
Já o Union Berlim fica com um elenco mais robusto para lidar com a maratona entre o segundo turno da Bundesliga e os mata-matas da Liga Europa. O time voltou bem da pausa de inverno e indica ter condições de se sustentar dentro no G-4 do Campeonato Alemão, atualmente na vice-liderança. Também protagonizou uma ótima recuperação em sua campanha europeia. A rotação no meio inclui bons nomes como Janik Haberer, Rani Khedira, Genki Haraguchi e András Schäfer, além do lesionado Morten Thorsby. Laïdouni chega com condições de se tornar uma das principais opções de Urs Fischer.
É curioso notar como o Union Berlim sofreu bem menos desfalques durante a Copa do Mundo do que seu sucesso no primeiro turno da Bundesliga poderia indicar. O goleiro Frederik Rönnow, reserva da Dinamarca, foi o único convocado do clube ao torneio – e mesmo assim voltou cedo para se juntar novamente ao elenco em sua preparação à segunda metade da temporada. O número de mundialistas triplicou com Juranovic e Laïdouni, dois reforços que qualificam os Eisernen sem representar grandes gastos.