A história seria outra: Hoffenheim esteve perto de levar Thomas Müller e Hummels ainda em 2008
Principalmente quando chegou à Bundesliga, em 2009/10, o Hoffenheim possuía um claro projeto de investimento em jovens jogadores para se firmar. Ralf Rangnick assumiu os alviazuis na terceira divisão, em 2006, e iniciou a formação de uma espinha dorsal que ascenderia rumo à elite do futebol alemão. Entre as apostas do Hoffe a partir da segundona estavam boas promessas, como Vedad Ibisevic, Demba Ba, Luiz Gustavo e Carlos Eduardo – este, o mais bem cotado, após estourar com o Grêmio na Libertadores de 2007. E, segundo Rangnick, o clube também esteve a ponto de fechar com garotos que marcariam seu nome em pouco tempo: Thomas Müller e Mats Hummels, além de Holger Badstuber, todos do Bayern de Munique.
Rangnick fez a revelação nesta semana, durante conversa com a Sport1. Segundo o então treinador do Hoffenheim, seu clube chegou a um princípio de acordo pela transação dos jovens em 2008, antes de conquistar o inédito acesso à primeira divisão. No entanto, o Bayern mudou de ideia na última hora e desistiu dos negócios.
“Em 2008, concordamos os detalhes do negócio com Thomas Müller e Ludwig Kogl, seu conselheiro. Queríamos trazê-lo naquele momento. Poderíamos ter contratado Müller por €3 milhões. Uli Hoeness [então diretor geral do Bayern] repassou o valor a Jan Schindelmeiser, nosso responsável pelo departamento de futebol. No entanto, Hermann Gerland treinava o segundo time do Bayern e vetou. Müller ficou em Munique. Na época, também tínhamos conversas avançadas com Badstuber”, contou Rangnick.
Naquele momento, Thomas Müller já acumulava suas primeiras convocações às seleções de base, mas nunca tinha atuado pela equipe principal do Bayern. Autor de 18 gols na Bundesliga Sub-19 em 2007/08, o garoto ganhou moral justamente na temporada 2008/09, quando completou 19 anos. Na época, o Bayern II disputava a terceira divisão e ele contribuiu com 15 gols em 32 aparições. Também fez sua estreia na equipe principal e marcou seu primeiro gol em março de 2009, nos 7 a 1 sobre o Sporting pelas oitavas de final da Champions League.
Badstuber, por sua vez, fez 20 anos na segunda metade da temporada 2008/09. O zagueiro era visto como futuro titular do Bayern e costumava ser relacionado pelo técnico Jürgen Klinsmann a algumas partidas, embora jogasse constantemente apenas no Bayern II. Badstuber e Müller se firmaram no 11 inicial dos bávaros a partir de 2009/10, quando Louis van Gaal assumiu a equipe e passou a dar mais rodagem a vários jovens.
O caso de Hummels era um pouco diferente. O zagueiro era menos aproveitado pelo Bayern e o clube tinha o interesse em cedê-lo para que se desenvolvesse. Sem tanto espaço no Bayern II durante a primeira metade da temporada 2007/08, o jovem de 19 anos acabou disponível para empréstimo logo na janela de inverno, em janeiro de 2008. O Hoffenheim entrou na disputa, mas o Borussia Dortmund levou a melhor. Thomas Doll, antecessor de Jürgen Klopp no comando dos aurinegros, daria mais minutos em campo ao beque no Signal Iduna Park. Ele seria contratado em definitivo pelo BVB em 2008/09, por €4,2 milhões.
“Com Hummels, aconteceu algo similar a Müller e Badstuber no início de 2008. Também queríamos trazê-lo por empréstimo e existia já um acordo. Entretanto, Uli Hoeness interferiu. Ele não queria que Mats viesse emprestado ao Hoffenheim, mas sim que fosse ao Dortmund”, contou Rangnick. Vale lembrar que o pai do zagueiro, Hermann Hummels, era coordenador das categorias de base do Bayern e também pode ter influenciado nos rumos do filho.
Rangnick permaneceria no Hoffenheim até 2011, estabelecendo os alviazuis como um clube de meio de tabela na Bundesliga. O comandante teria uma rápida passagem pelo Schalke 04, antes de assumir o projeto esportivo do RB Leipzig em 2012, como diretor. Manteve seus princípios de investir em jovens e, quando precisou assumir o comando técnico, conseguiu o acesso à primeira divisão e, depois, a classificação à Champions League. Nesta temporada, o alemão passou a atuar como coordenador de desenvolvimento do futebol da Red Bull, liderando os diferentes times sustentados pela empresa.