Até a terceirona alemã teve rodada final insana, com o acesso do Osnabrück garantido com dois gols nos acréscimos e apenas no saldo

Os deuses do futebol alemão, definitivamente, tomaram um porre daqueles no final de semana. A insanidade tomou conta dos estádios do país em todas as divisões profissionais. A conquista do Bayern de Munique na primeira divisão veio com a derrocada inacreditável do Borussia Dortmund, enquanto o Heidenheim levou o acesso (e o título) na segunda divisão com uma virada miraculosa nos acréscimos do segundo tempo – para a incredulidade dos torcedores do Hamburgo que faziam a festa pela promoção que não se consumou. Antes desses dois desfechos, contudo, a terceira divisão do Campeonato Alemão já tinha garantido maluquice suficiente no sábado – misturando elementos das duas divisões acima. O Osnabrück só subiu porque marcou gols aos 49 e aos 51 do segundo tempo para buscar a virada por 2 a 1 sobre o Borussia Dortmund II – sim, a filial aurinegra. Com o resultado, o Osnabrück tirou o acesso do Wehen Wiesbaden por um gol a mais no saldo. Mais curioso ainda é que um bávaro comanda os violetas: Tobias Schweinsteiger, irmão mais velho de Bastian.

A rodada final da terceirona alemã tinha o Elversberg já com o acesso garantido desde a penúltima partida – o que marcará a estreia do clube do Sarre na segunda divisão alemã durante a próxima temporada. Na vice-liderança, o Freiburg II não poderia subir por causa das regras da liga, que impedem que as filiais dos clubes da elite disputem a segundona. Assim, o acesso direto tinha a disputa entre quatro equipes ainda vivas: Osnabrück, Wehen Wiesbaden, Saarbrücken e Dynamo Dresden. O terceiro colocado carimbaria a promoção, enquanto o quarto disputaria os playoffs contra o antepenúltimo da segundona. Osnabrück e Wehen somavam 67 pontos, separados por um gol no saldo, contra 66 pontos de Saarbrücken e Dresden.

De início no sábado, o Saarbrücken assumiu a terceira colocação ao garantir sua vitória por 2 a 1 sobre o Viktoria Colônia na metade do primeiro tempo. Antes do intervalo, porém, o Wehen passou à frente ao definir o 1 a 0 sobre o Hallescher aos 44 do primeiro tempo. Durante quase todo o segundo tempo das partidas, o Wehen ia conseguindo o acesso direto e o Saarbrücken pintava nos playoffs. O Osnabrück, que dependia apenas de si, estava terminando na sexta colocação – último entre os times ainda vivos. Estava atrás até do Dynamo Dresden, que buscou a virada por 2 a 1 contra o Oldenburg nos minutos finais.

O Osnabrück, afinal, decepcionava sua torcida dentro de casa. Sem pretensões na tabela, o Borussia Dortmund II já tinha sido mais perigoso durante todo o primeiro tempo no Estádio Bremer Brücke e abriu o placar no início da segunda etapa, com Justin Njinmah. Os violetas precisavam de uma reação que não vinha, apesar do esforço. Tiveram que esperar até os acréscimos do segundo tempo, como virtuais eliminados, para que os céus se abrissem. O gol de empate pintou no marcador já aos 49, numa linda batida do artilheiro Ba-Muaka Simakala de fora da área. O placar de 1 a 1, de qualquer forma, ainda era insuficiente. O tento que valeu o acesso aconteceu dois minutos depois. A defesa do BVB falhou no corte e Jannes Wulff insistiu, com um arremate certeiro no canto do goleiro. O milagre acontecia. Os violetas saltavam três posições na tabela e carimbavam a promoção.

Obviamente, uma ensandecida comemoração aconteceu em Bremer Brücke, com a invasão da torcida violeta em campo. O Osnabrück terminou a terceirona com 70 pontos e um gol a mais que o Wehen no saldo de gols. A decepção em Wiesbaden, no fim das contas, seria até maior do que a vivida pelos torcedores do Hamburgo no dia seguinte. Com a vitória sobre o Hallescher em casa, uma multidão ainda maior de fãs do Wehen invadiu o gramado para celebrar, até que a notícia desastrosa chegasse de Osnabrück. Faltou só um golzinho para o time subir, já que tinha maior número de tentos marcados que o Osnabrück.

O Osnabrück retorna à segunda divisão após duas temporadas na terceirona. Os violetas se acostumaram a ser um ioiô entre os dois níveis ao longo deste século. O nome que mais chama atenção é o do técnico Tobias Schweinsteiger. O ex-meia passou distante do sucesso do irmão mais novo em sua carreira como jogador. Rodou por clubes das divisões de acesso, entre eles o Unterhaching e o Jahn Regensburg, no máximo defendendo o Bayern II no final da trajetória. Depois de pendurar as chuteiras em 2015, Tobias se tornou assistente na base dos bávaros, antes de ser auxiliar nos times principais de Hamburgo e Nuremberg. O Osnabrück é exatamente seu primeiro trabalho como técnico principal, iniciado nesta temporada. O clube fazia uma campanha de meio de tabela até o fim do primeiro turno e, no início de abril, estava oito pontos abaixo da zona de acesso direto. Desde então, conseguiu seis vitórias e um empate nas últimas sete rodadas, fundamentais à guinada.

O Wehen Wiesbaden, por outro lado, derreteu na reta final. Com somente duas vitórias nas últimas seis rodadas, a equipe desperdiçou a ampla vantagem de voltar à segundona três anos depois de sua queda mais recente. Ainda terá uma nova chance nos playoffs, mas vai encarar uma pedreira contra o Arminia Bielefeld, antepenúltimo colocado da segundona. O Elversberg confirmou o título além do acesso, enquanto o Saarbrücken pelo menos garantiu uma vaga na próxima Copa da Alemanha, com a quinta posição. Meppen, Oldenburg, Zwickau e Bayreuth foram os quatro rebaixados à quarta divisão.